Na última quinta-feira, a derrota por 4 a 2, de virada, para o Atlético-PR, no Maracanã, não foi bem digerida por Mano Menezes. A paciência habitual do treinador chegou ao fim, assim como sua passagem pelo Flamengo. Por isso, o presidente do Rubro-Negro, Eduardo Bandeira de Mello, concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira para comentar a saída do técnico. E surpreendeu a todos ao afirmar que soube da demissão pelo rádio. Para o comentarista do SporTV Wagner Vilaron, a maneira como a situação foi conduzida deixa claro que a decisão do treinador vai além de uma simples desistência.
- Com todo o respeito... O presidente do Flamengo, não é de qualquer clube, ficar sabendo da demissão pelo rádio? Eu acredito nele! Pelo que conversei com algumas pessoas hoje ligadas ao Flamengo, o parecer é esse: surpresa absoluta! Quando você pega uma situação dessa que o presidente fica sabendo pelo rádio, você vê que o processo está muito fora do comum, diferente e muito esquisito. Muitas pessoas falaram sobre o caso do Autuori no Vasco. Mas durante muito tempo, ele foi dando recados. E não saiu do nada. Já imagiva-se pelo que ele declarava. Nesse caso do Mano, não aconteceu isso. Nenhum técnico faz isso. Pode ficar marcado no mercado. Pega mal para o treinador. Muitas vezes, até para não ficar taxado no mercado, o técnico fica no clube. Com essa atitude, o Mano foi na contramão de tudo o que a gente percebe historicamente no comportamento dos treinadores - disse o jornalista no "Arena SporTV".

A decisão surpreendente aconteceu 24 horas depois do próprio Mano Menezes dizer, em entrevista no Ninho do Urubu, que as coisas no Flamengo estavam acontecendo exatamente da maneira como ele esperava, com dificuldades e que era necessário ter paciência. O treinador, no entanto, não teve e deixou o clube ao conquistar 50% de aproveitamento em 22 partidas - com nove vitórias (incluindo um amistoso contra o São Paulo), seis empates e sete derrotas.
Wagner Vilaron reprovou a atitude do técnico, uma vez que já sabia da atual condição da equipa quando assumiu o cargo, o que leva crer que algo de "muito sério" aconteceu nesse curto período para que o treinador pedisse demissão.
- A gente não tem que ficar questionando discurso do Mano. Ele tem todo o direito. Mas eu acho frágil o argumento no seguinte aspecto: não deve ser a primeira vez na carreira do Mano, ou de qualquer treinador, que ele não teve a sintonia com o grupo. Mas não é motivo para pegar o boné e dizer: "Desisto!". Até porque o momento do Flamengo é de reestruturação. Desde o início do ano, o Flamengo deixou claro que o objetivo era tentar se segurar na Série A e, quem sabe, beslicar uma vaga em alguma competição, mas que a preocupação era montar o time para o ano que vem. Com a situação financeira um pouco mais saudável. Há quatro meses, o Mano assumiu o comando técnico da equipe sabendo que até o fim do ano o campeonato do Flamengo seria assim. Ou seja, não há novidade nenhuma nisso.

Mano Menezes passa a ser sombra para Tite, técnico do Corinthians, que há cinco partidas não vence no Brasileirão. No Parque São Jorge, Mano Menezes conquistou, além do Brasileiro da Série B, os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil de 2009. O sucesso no Timão levou Mano ao comando da seleção brasileira, de onde foi demitido no fim de 2012. Após seis meses de descanso, Mano assumiu o Flamengo em junho, mas não suportou a mais uma derrota. Sob seu comando, inclusive, o Fla não conseguiu sequer duas vitórias consecutivas.
- Eu não sei se é isso, mas acredito nisso (possível ida de Mano para o Corinthians). As pessoas têm motivos e razão para suspeitar disso. Não digo nem para o Corinthians necessariamente porque já ouvi falar também de outros nomes, como o do Abel Braga, que está livre no mercado. A situação do Tite está, sim, sendo estudada. O contexto permite que as pessoas imaginem, sim, esse tipo de situação. O Mano pegou absolutamente todo mundo de surpresa - afrimou Vilaron.

- Eu não descarto. Eu acho que o que ocorre com o Mano foi algo psicológico. A saída da Seleção abalou muito ele, até mais do que se supõe. A volta foi prematura. Ele voltou muito rápido. Seis meses não são nada. Ele deveria ter ido para a Europa para se reciclar, estudar melhor o futebol por lá... Devia aproveitar para fazer um ano sabático e sumir. O Guardiola que é o Guardiola fez isso. Ele estava ganhando tudo e saiu por cima no Barcelona. Esse negócio de Seleção mexe. Na minha opinião, a única possibilidade é essa: que ele tenha recebido algum sinal do Corinthians - completou Alberto Helena Jr.