Fanatismo e time "eterno": Brasil-Pel supera luto para virar Xavanchester

25/2/2015 09:27

Fanatismo e time "eterno": Brasil-Pel supera luto para virar Xavanchester

Com técnico e maioria do elenco desde meados de 2012, clube da zona sul do RS retoma protagonismo regional e mobiliza fãs ao despontar novamente para o país

Fanatismo e time eterno: Brasil-Pel supera luto para virar Xavanchester
Técnico Rogério Zimmermann tem status de popstar (Foto: Carlos Insaurriaga/Brasil de Pelotas)

Um clube com torcida atuante, em busca de plano de sócios ambicioso, de olho em melhorias na estrutura e que mantém a base do elenco e o treinador por quase três anos consecutivos. Quem lê pode pensar que a pauta em questão aponta para o Cruzeiro, atual bicampeão brasileiro. Mas o clube que goza de predicados dignos da elite nacional é o Brasil de Pelotas, que tem o teste máximo de sua boa fase nesta quarta-feira, a partir das 22h, quando recebe o Flamengo, pela fase inicial da Copa do Brasil.

O Rubro-Negro carioca que se prepare. O Brasil de Pelotas está longe de ser um mero clube pequeno aventureiro, disposto a fisgar um jogo da volta para tirar fotos e "selfies" no Maracanã. O planejamento do time pelotense é de clube grande, a ponto de ser chamado recentemente de "Xavanchester United" pelos seus apaixonados seguidores - que se autointitulam a torcida mais fanática do interior gaúcho.

O apelido se deve à continuidade do elenco e, sobretudo, do treinador. Rogério Zimmermann foi contratado em meados de 2012 para sua segunda passagem no clube. E não mais deixou o estádio Bento Freitas. A ideia de um projeto a longo prazo passa pelo técnico, que foi determinante para a permanência das principais peças. Muitos receberam propostas superiores nos últimos anos, de outros clubes do Interior. Mas ficaram para fazer história, como, quem sabe, nesta quarta.

BASE DE TRÊS ANOS E TRINTÕES EM ALTA

Caso de Leandro Leite, volante, capitão e líder xavante. Ele conta que tudo começou ainda em 2013, numa espécie de pacto. Não à toa, Leite e mais três atletas já passaram dos 100 jogos com a camisa rubro-negra. Mais quatro jogadores estão perto da marca e devem completá-la nesta temporada. Para este ano, saíram, no máximo, cinco peças (e todas suplentes), com apenas três reforços pontuais para o grupo.

- Tomamos uma decisão, conversamos bastante em 2012. O que nos fez ficar foram as finais da Copa Hélio Dourado. Ali, se criou uma sintonia incrível entre time, técnico e torcida. Sabíamos que, se a gente fechasse junto, iríamos subir o Brasil em 2013. O Rogério foi fantástico. Quis manter jogadores que estavam sob desconfiança - lembra Leite.


Leandro Leite é o símbolo da garra xavante em campo (Foto: Alexandre Lopes/Divulgação Inter)

Antes de 2013, o Brasil de Pelotas estava fora da elite gaúcha desde 2009, ano do acidente com ônibus da delegação, que matou três integrantes do clube, entre eles o ídolo histórico Claudio Milar. Em frangalhos, o time não conseguiu reagir naquele Gauchão e caiu. Zimmermann foi importante nesse aspecto. Conseguiu dar ânimo novo num clube que remoía em demasia a tragédia.

- Ainda se falava muito do acidente. A torcida perdeu a confiança. Quando o Rogério chegou, montou o grupo dele e trabalhou a cabeça dos atletas quanto aos problemas fora de campo - valoriza Leandro Leite.

- Sempre foi interesse do Brasil entrar nesse hall, nesse bolo, como Chapecoense, Joinville, Criciúma… Mas, primeiro, tínhamos que ser fortes no nosso estado, ser respeitados em casa. Enfrentamos Grêmio e Inter no Beira-Rio de igual para igual. Isso nos fortaleceu - aposta Zimmermann, que venceu o Tricolor na Arena neste Gauchão.

O acesso à elite gaúcha foi motivo de festa que parou a cidade de Pelotas, localizada na zona sul do Rio Grande do Sul, em 2013. O retorno do Brasil ao Gauchão era tratado com grande expectativa no estado. Afinal, é um clube de tradição, o primeiro campeão estadual, em 1919. Ninguém esperava, no entanto, um time tão entrosado e maduro. Os números provam que o caminho é a experiência. O elenco atual tem 11 atletas com 30 anos ou mais, de um total de 25. A média de idade do plantel é de 29 anos, a mais alta do Gauchão.

Resultado: ida à semifinal, título simbólico do campeão do Interior e vaga na Série D. O desafio nacional também foi superado com louvor. Vice-campeonato com derrota nos pênaltis e volta à Série C. E mais festa pelas ruas de Pelotas. A queda do Xavante no cenário nacional também tivera contornos dramáticos no passado. A vaga na C fora perdida no tribunal em 2011, por conta da escalação irregular de um jogador.

RUMO AOS 10 MIL SÓCIOS


A volta à Série C impactou positivamente o planejamento do clube. Aumentaram os patrocinadores. Agora, já são sete parceiros, o que ajuda a manter os salários em dia - tarefa dura no Interior - e melhorar a estrutura do estádio Bento Freitas. A casa xavante passa por sucessivas reformas, como a instalação dos novos refletores e o aumento da capacidade ao reativar parte da arquibancada que estava interditada. Assim, é possível receber até 15 mil fãs. Que também ajudam com doação de cimento e ganham até espaço de agradecimento no site oficial.

O Flamengo, portanto, não terá problemas com a iluminação no jogo desta quarta-feira. A Copa do Brasil, aliás, é outro aporte financeiro importante. A primeira fase proporciona ao Xavante R$ 200 mil, o suficiente para pagar quase toda a folha salarial, estimada em R$ 250 mil.

- Em 2015, o Brasil tem o melhor calendário de seus 103 anos de história. Em muito tempo, luto por essa história do calendário. Sem ele, não conseguimos ter um quadro social crescente, nem chegar ao nosso patrocinador. Então, esse paradigma começa a mudar - afirma ao GloboEsporte.com o vice-presidente de futebol, Cláudio Montanelli.

Outra fonte de receita fundamental é o associado. Tanto que a direção não deixou o apelido "Xavanchester" ficar só no imaginário e colocou em prática um plano de marketing digno de grande clube. O objetivo é claro: com o slogan "A torcida que tem um time", o Brasil de Pelotas espera chegar aos 10 mil sócios.

- O Brasil é um Flamengo pequeninho. E movido a paixão - compara Montanelli.

O torcedor apaixonado do Xavante, no entanto, mostra que nem seria necessária tal campanha. Desde 2009, ano do trágico acidente, o clube pulou de 1,8 mil para 7 mil associados.
Mostra de que, nos recantos do Bento Freitas, não vinga a velha história de que, no Interior, os clubes locais são apenas o segundo amor dos fãs, atrás da dupla Gre-Nal.


Bento Freitas ganha nova iluminação para receber o Flamengo nesta quarta (Foto: Divulgação)

CLUBE COM MUITA HISTÓRIA
Torcedores não vão só a campo. Também acompanham treinamentos e se orgulham da história do Brasil de Pelotas. E episódios marcantes não faltam. Além de ser o primeiro campeão gaúcho, o Xavante já venceu o mesmo Uruguai que bateria, quatro meses depois, a Seleção no Maracanazo. Foi no dia 19 de março de 1950, em Montevidéu. Um 2 a 1 (gols de Mortosa e Darcy) sobre os futuros campeões do mundo.

Há outro capítulo ainda melhor, mas, ao contrário do triunfo real, tem contornos pitorescos: antes de saudoso Claudio Milar, houve outro jogador de peso no Bento Freitas. O nome poderia recomendar acanhamento, mas Joaquinzinho era tão valioso que o Brasil não o trocaria nem por… Pelé.


Time que venceu o Uruguai e o presidente que "negou" Pelé, ambos no museu (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)

O ano era 1957. Pelé tinha só 17 anos e excursionava com o Santos. Que se encantou com Joaquinzinho, habilidoso meia-atacante. Para liberá-lo, o presidente do Brasil, Clóvis Russomano, pediu CR$ 400 mil e mais “aquele negrinho rápido”. O Peixe, por óbvio, recusou. Ficou a lenda de que o Xavante negara Pelé. Outro camisa 10, todavia, foi vítima real do Brasil. Em 1985, o Flamengo visitou o Bento Freitas e se deu mal. Nem Zico foi capaz de aplacar a empolgação dos pelotenses, que construíram um histórico 2 a 0.

A história se repetirá nesta quarta-feira? O resultado é impossível prever. No entanto, planejamento da direção, paixão da torcida, base forte e, por que não, um pouco de grife, o "Xavanchester United" já tem. É um bom começo para antes de a bola rolar.

1896 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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