Nando, pai do Rodrigo Pinho, de camisa roxa, assiste ao filho em ação (Foto: Cauê Rademaker)
"Aqui só se torce pro Madureira". O recado é dado logo na entrada da arquibancada social do estádio Conselheiro Galvão, em frase estampada com as cores do Tricolor Suburbano. Nem precisaria. Os torcedores que abarrotaram o setor no empate por 1 a 1 diante do Bonsucesso, em plena tarde da última quarta-feira, empurraram do começo ao fim a equipe sensação do Carioca 2015. A vitória não veio, o que frustrou os jogadores, mas a conquista da Taça Rio foi o suficiente para satisfazer boa parte dos 565 pagantes. Os gritos de "bicampeão" e "festa no subúrbio" ecoaram no tradicional estádio do centenário clube fluminense. Desde o ano passado, o troféu é dado para o time de menor expressão que faz mais pontos nos duelos entre os pequenos.
Os atletas, a princípio cabisbaixo com a igualdade em casa, rapidamente entraram na onda da torcida. Improvisaram um troféu, deram volta olímpica e cantaram algumas músicas vindas das arquibancadas. Em uma delas, os jogadores provocavam Marcelo Cirino, atacante do Flamengo, e gritavam que Rodrigo Pinho era melhor.
- Fico feliz pelo título da Taça Rio, pela festa dos torcedores, criaram até música para mim, mas esses pontos que deixamos hoje vão fazer falta - lamentou Rodrigo Pinho, autor do gol do empate aos 42 minutos do segundo tempo.
O atacante é o grande nome do Madureira no Carioca. Fez seu nono gol no estadual, isolando na artilharia. Marcelo Cirino, principal rival, tem oito. O pai do centroavante, Nando, que atuou por Bangu e Flamengo nos anos 1980, assistiu ao jogo de forma discreta em um dos cantos das sociais.
De lá, viu o filho perder três ótimas chances antes de balançar a rede. Em duas parou nas mãos de Preto, nas outra acertou a trave. Só venceu o goleiro do Bonsucesso quando subiu livre e cabeceou com estilo.
- Foi difícil, eles colocaram os 11 jogadores atrás. É legal ser artilheiro, mas o mais legal vai ser avançar de fase - disse Pinho.
Momentos em Conselheiro Galvão de Madureira 1 x 1 Bonsucesso (Foto: Cauê Rademaker)
A torcida em nenhum momento pegou no pé dos jogadores. Ali, na social, encontram-se sócios do Madureira, parentes de jogadores, torcedores do Tricolor Suburbano e também dos quatro times grandes, que vestem a camisa do vizinho de bairro.
Com a camisa 9, Rodrigo Pinho espera o cruzamento na área do Bonsucesso (Foto: Cauê Rademaker)
- Na quinta vou ao Maracanã torcer pelo Fluminense, mas não perco um jogo aqui em Conselheiro Galvão. Moro do lado e torço muito pelo Madureira. Se disputar na última rodada a vaga contra o Flu, torço pelo time aqui do bairro - assegurou um torcedor que foi fantasiado de Bin Laden ao jogo e se identificou apenas desta forma.
O Madureira foi para 27 pontos. Sua principal ameaça por uma vaga nas semifinais é o Fluminense que, se vencer a Cabofriense nesta quinta-feira, chega a 25. As duas equipes ainda se enfrentam na última rodada.
- Nosso primeiro projeto era vencer a Taça Rio. Conseguimos. Agora é classificar. Se passar entre os quatro, pode brigar de igual para igual - projetou o presidente Elias Duba.
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