Que seja o exemplo do Mengo o farol de uma nova era (Foto: Bruno de Lima/ LANCE!Press)



Já se falou muito sobre a decisão do clube da Gávea que modificou seus estatutos para impor sanções a dirigentes que cometam gestão temerária ou causem prejuízos ao clube. Assim, a agremiação vai para a vanguarda ao se antecipar ao que demanda a MP do futebol, o Profut, em termos de contrapartidas dos devedores que aderirem ao refinanciamento de suas dívidas com o governo. Esta iniciativa inédita deve ser louvada, ainda mais na semana de posse de Del Nero na presidência da CBF, fazendo o discurso nada surpreendente de chamamento para os clubes resistirem e se perfilarem pela não adesão ao programa do governo. Como foi exclamado aqui após a publicação da MP, esta tem falhas que precisam ser corrigidas. Alguns dos pontos seriam apontados pelo próprio presidente Bandeira. Mas isso não impediu o dirigente, cada vez mais usando sua liderança interna e externamente, de se lançar no futuro e não ficar preso ao arcaico. Que seja o exemplo do Mengo o farol de uma nova era de recuperação de nosso fut. Se formos depender do que vai sair da gestão Del Nero, sabemos o placar no final: 1 a 7!

Goiás e uma curiosa decisão da Justiça Desportiva

Curiosa a decisão da Justiça Desportiva do estado de Goiás, o TJD-GO, que puniu o atacante Bruno, do Goiás, com um gancho de 12 jogos por ter dominado a bola com a mão antes de anotar o gol que empatou a partida por 1 a 1 contra o Aparecidense em 25/03. Me recordo do gol da seleção francesa que se classificou para a Copa de 2010, após o atacante Henry conduzir deliberadamente a bola com a mão antes de cruzar para Gallas empatar a partida contra a Irlanda na prorrogação. Também, o gol com a ajuda da “mano de dios” (a mão de Deus), anotado por Maradona contra a Inglaterra na Copa de 1986, no México. Ambos os gols foram críticos em seus momentos e não geraram suspensão alguma aos infratores. Os que se opõem ao uso de tecnologia para tirar dúvidas em lances polêmicos durante os jogos argumentam que o erro de juízes, ou o erro humano, alimenta a paixão do futebol e faz parte da receita para este esporte ser o mais popular do mundo. Então, o que fizeram Henry, Maradona e Bruno foi ajudar a manter as polêmicas bem acesas. Para quem pensa assim, a pena para Bruno deveria ser convertida em prêmio!

Ligas

A revolta de Fla e Flu contra a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) aponta rumos para outros clubes em outros estados da federação. A posição firme de Bandeira (Fla) e Peter Siemsen (Flu) tem ainda mais simbolismo por estes clubes terem estado em litígio até há pouco tempo. Quando os clubes se derem conta de que as federações são um órgão de inutilidade absoluta para desenvolver o futebol profissional, pode ser o início de algo bom no nosso fut. O papel de fomento do esporte, que definitivamente não é o que fazem as federações e nem é o intuito da CBF, pode ser exercido sem a ganância e a obtusidade da maioria dos dirigentes. Estes senhores estão aí somente para se manterem no poder. E também como garantia de um sistema eleitoral viciado, tanto nas suas próprias eleições, com os votos de “ligas fantasmas” que alienam os grandes clubes do poder (vide o Rio), quanto nas eleições da CBF que são garantidas em função de terem maioria de 27 votos em relação aos 20 votos dos clubes de Série A. Estas anomalias não podem ser modificadas ou o sistema podre vai ruir. É este o sinal que a dupla Fla-Flu está dando. Que não seja somente mais uma das tantas tentativas que já aconteceram e passaram!

Luis Fabiano

O presidente Aidar não se contém. É quase 100% de erro em suas declarações. Aliás, a única posição de Aidar que me lembro correta desde que assumiu no lugar de seu agora desafeto Juvenal Juvêncio foi ao votar contra o regulamento do Campeonato Paulista, algo que seus pares não tiveram coragem de fazer. Ao dizer que o custo-benefício de Luis Fabiano é zero ele não está de todo errado, mas joga contra seu próprio interesse, desvalorizando seu patrimônio. Mas a língua é frouxa demais!


Aidar (foto) está desvalorizando seu patrimônio ao criticar Luis Fabiano (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)

Legado 2016

Nesta semana, outra notícia muito triste confirma o descaso dos nossos políticos com os compromissos de legado assumidos na candidatura do Rio. As lagoas da Barra da Tijuca não vão estar dragadas e limpas, como prometido, para os Jogos. Esta notícia vem na semana em que a Lagoa Rodrigo de Freitas sofre com grande mortandade de peixes por falta de troca de água com o oceano, fenômeno sabido há anos e anos e que tem solução conhecida e muito menos cara do que o que tinha na conta do gerente da Petrobras. E segue a constatação de que na Baía de Guanabara não se vai cumprir as metas de despoluição, o que gerou o pito do presidente do COI há algumas semanas. Legado ambiental, tô nem aí!