Jayme de Almeida destaca e agradece o carinho recebido pela torcida do Flamengo (Foto: Fred Gomes)

Jayme de Almeida deixou o Maracanã com o sentimento de que foi o grande vitorioso da noite. Apesar do empate por 1 a 1 com o Náutico, foi, mais uma vez, exaltado pela torcida rubro-negra. Ao citá-la, emocionou-se durante a entrevista coletiva. Também falou firme quando indagado por que não foi escolhido para substituir Vanderlei Luxemburgo no cargo de treinador. Elogiou Cristóvão Borges, a quem pretende ajudar. Mas, observado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello e os dirigentes Fred Luz e Rodrigo Caetano, não confirmou a permanência na Gávea. E foi além: disse ter voltado ao clube mais pela vontade de Luxa.

- A gente (ele e Cristóvão) não tem uma amizade. A gente se conhecia, tinha um respeito bacana um pelo outro. Quando técnico, convivemos de forma muito bacana, já conversei isso com ele. Isso de ter profissionais se respeitando é legal. Espero que a gente o receba bem, que ele possa fazer um bom trabalho. Ser técnico ou ser auxiliar não me diminui nem me deixa mais ou menos do que ninguém, faço meu trabalho. É um cara que, se eu puder ajudar de alguma forma, vou ajudar com o maior prazer. Mas aqui a gente não sabe o dia de amanhã. Se eu tiver amanhã, vai ser um prazer enorme. Se precisar da minha ajuda, pode contar comigo - garantiu.

Jayme voltou a discursar exibindo um semblante muito convicto, recheado de orgulho pelas realizações que fez no clube em diversas funções, quando perguntado se não se sentia frustrado por não ter sido efetivado no cargo. O questionamento, aliás, irritou Rodrigo Caetano.

- Não fico frustrado, sei do que sou capaz e já provei isso aqui. Nas oportunidades que me deram, eu provei que sou capaz. Se eles não me querem como técnico agora, tenho que respeitar. Não fico chateado, assim até porque o Flamengo me aceitou, mas voltei muito pelo Vanderlei. Respeito muito esse clube, hoje precisaram de mim. Eu, estando aqui no Flamengo, já fui auxiliar, preparador físico, técnico, gerente de futebol... E sempre procurei fazer meu trabalho da melhor forma, por isso torcida me respeita tanto. Tenho muito orgulho do que conquistei aqui...

O treinador ainda fez muitos elogios aos seus jogadores, a quem tratou como "meninos" e se disse satisfeito com o apresentado por eles, opinando de que cumpriram sua expectativa.

Confira os outros tópicos da entrevista:

Lado positivo da exibição do time

- Com tudo que aconteceu nessa semana, com a pressão que logicamente existe, eles se propuseram a fazer um jogo com toda essa pressão e jogaram bem. Não foram mal, o Náutico fechado, e a gente não se desorganizou em nenhum momento. Controlamos bem o jogo e num contra-ataque eles empataram. Nosso time foi melhor, mas futebol não tem merecimento. Tivemos as chances todas, perdemos as oportunidades e não ganhamos. Pela pressão, fica o lado positivo, porque os meninos lutaram o tempo todo.

Pressão positiva

- A gente tem experiência no clube e no futebol e tem que passar um ambiente saudável. Pressão não pode faltar, a pressão é boa se souber levá-la. Tem que começar a fazer o resultado, e a pressão passa a ser agradável quando começa a ganhar. Não pode ter desespero, não foi uma maravilha, mas não foi ruim. Os meninos procuraram, lutaram. Hoje reagiram bem com a pressão toda, domingo tem Fla-Flu, um jogo gostoso pra caramba, com pressão pra caramba, mas que eu adorava jogar. Hoje estou velho, não jogo mais (risos). Mas é prazeroso, gostoso, é uma marca do Rio de Janeiro.

"Respeito ao grupo" e mais elogios a Cristóvão

- Reforços do Flamengo não chegaram, não adianta falar, porque não vão jogar agora. Tem que respeitar esse grupo, fez um trabalho muito bom no ano passado. Cristóvão é uma pessoa que tem tranquilidade. Sem demagogia, tenho respeito e admiração muito grande por ele. Pode ajudar nesse sentido. Nesse momento da pressão, é preciso tranquilidade. Sem querer botar faca no peito de jogador, mas a cobrança tem que ser legal num momento desses. É preciso ganhar, mas não pode passar além (no momento de pressionar). Como não deu para treinar, eu gostei, mas não é desculpa, não. Pela ideia que eu passei, eles corresponderam.

Por que não utilizar Samir e Luiz Antonio, em quem tanto apostou em 2013?

- O Samir todo mundo sabe que eu tenho carinho. O problema é que ele não joga desde janeiro, o Armero, que chegou agora, também estava muito tempo sem jogar. Eu estaria arriscando de ficar com dois jogadores sem ritmo pelo mesmo lado. O Samir tem condições de lutar. O Luiz é um jogador que a gente ficar preocupado em não expor ou maltratar. É um jogador que passou por momento complicado no ano passado. O que ele jogou comigo no ano passado e retrasado, todo mundo viu que é um jogador de futuro bonito. Mas tem que ter certa paciência. Fico preocupado em preservá-lo.
Relação de amor com a torcida

- Desde que eu saí daqui, o carinho que recebo na rua, onde eu vou, é muito bacana. Fui jogador criado aqui dentro, conquistei algumas coisas no clube. Isso falo sem falsa humildade. Você sair esse tempo todo, fiquei 11 meses fora. Aí teve o dia da festa do meu pai (homenagem aos tricampeões carioca em 1944), fiquei muito emocionado (pausa, respira, e a voz embarga). Só posso agradecer. Isso para mim é muito bacana, não esperava isso tudo. Agradeço e fico muito lisonjeado, e a responsabilidade é muito maior. Agradeço, sempre que posso procuro agradecer esse pessoal todo. Sempre com palavras, de carinho e amor.