Maracanã receberá jogos do torneio de futebol olímpico (Foto:Divulgação)

A 400 dias para os Jogos Olímpicos do Rio, os proprietários de cadeiras cativas do Maracanã ainda vivem a incerteza sobre como serão tratados no evento do próximo ano. Ainda que a solução na Copa das Confederações e na Copa do Mundo tenha sido tirar os donos dos lugares sem realocá-los no estádio, não há qualquer sinalização direta do Comitê Organizador Rio-2016 sobre o tema.

– Ainda não houve contato algum – conta ao LANCE! o aposentado Manoel Gonçalves, de 65 anos, proprietário de cativas.

Segundo decreto assinado em 2013 pelo então governador do Rio, Sérgio Cabral, a política de indenizações adotada a partir da Copa das Confederações pode ser usada na Rio-2016. Só que o valor referente à Copa-2014 – R$ 4.480 – ainda não bateu na conta dos proprietários, o que tem gerado preocupação.

– Tem um grupo na internet através do qual os donos se comunicam. Ninguém recebeu indenização. Estão dizendo que o governo não tem dinheiro para pagar porque a crise está grande – acrescenta Manoel.

A visão dos proprietários é que uma das soluções, caso o governo estadual não queira pagar, é repetir o que ocorreu no Pan-2007.
– Eles podem alegar que precisam do espaço para a imprensa, como foi na Copa, mas poderiam dar outro lugar para os proprietários – diz Manoel Gonçalves.

O secretário de Esporte do Rio, Marco Antônio Cabral, avisou que a definição vai depender da necessidade do Comitê Olímpico. Mas a brecha para as indenizações está dada.

O Maracanã receberá quatro jogos na Rio-2016: duas semifinais e duas finais (masculina e feminina), entre os dias 16 e 20 de agosto. Os ingressos vão de R$ 100 a R$ 900.

Dono sugere inversão do fluxo de pagamento

Se o pagamento das indenizações aos proprietários, prometido pela Suderj para ser feito ainda este ano, não saiu, a sugestão de Manoel Fernandes é inverter a lógica da compensação financeira para que os donos não sejam prejudicados.

– A minha ideia é a seguinte: se estão indenizando os proprietários, tem que pagar de acordo com o valor de mercado. Além disso, já que vai ter que pagar alguém, por que não pagar ao Comitê pela utilização dos lugares? Ou pagasse à Fifa! As cadeiras ficariam com os proprietários e, como a Fifa/Comitê ficaria sem usar os assentos, eles que receberiam as indenizações – indicou Manoel.

Essa sugestão poderá ser levada ao Comitê Organizador da Rio-2016, já que a ideia é ouvir os proprietários antes de tomar qualquer definição. Como foi publicado na coluna “De Prima” de ontem, há uma cautela em relação ao tema para evitar rachas e buscar uma solução agradável aos donos das cadeiras.

Em relação a ações na Justiça por indenizações maiores ou o direito de assistir aos jogos nos assentos adquiridos na construção do Maracanã, em 1950, há um enfraquecimento da corrente que aposta nos processos judiciais.

– Eu tenho processo referente à Copa das Confederações. Mas acho, e outros também, que é gastar dinheiro à toa – comentou Manoel Fernandes, revelando a temperatura do grupo na internet.