Na final da Champions, o racha da gestão do Fla: 'O grupo é o responsável, não uma pessoa', diz Wallim

3/8/2015 12:36

Na final da Champions, o racha da gestão do Fla: 'O grupo é o responsável, não uma pessoa', diz Wallim

Wallim Vasconcelos, ex-vice de futebol agora é principal opositor de Bandeira

Na final da Champions, o racha da gestão do Fla: O grupo é o responsável, não uma pessoa, diz Wallim
PEDRO HENRIQUE TORRE/ESPN.COM.BR

Em plena final da Champions League, no dia 6 de junho, em Berlim, na Alemanha, a Chapa Azul que venceu a eleição do Flamengo começou a se desfazer. Na Europa para assistir à decisão vencida pelo Barcelona diante da Juventus estavam figuras importantes do cenário rubro-negro: Wallim Vasconcellos, então vice de patrimônio, Rodrigo Tostes (finanças), Gustavo Oliveira (comunicação), Rodolfo Landim (planejamento) e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, àquela época já rompido com o presidente Eduardo Bandeira de Mello.

Integrantes originais da Chapa Azul, os cinco afinaram o discurso e decidiram que os rumos do Flamengo para o próximo triênio deveriam ser outros. Na madrugada de quinta-feira, o cenário se confirmou. De aliados a opositores, a Chapa Azul se dividiu em dois grupos. De um lado, o presidente Bandeira de Mello. Do outro, Wallim Vasconcellos, agora declaradamente candidato na eleição rubro-negra. Em conversa com o ESPN.com.br, Wallim explicou o motivo da cisão interna, a decisão por candidatura própria, confirmou os aliados que ainda integram a diretoria atual e sonha com um processo eleitoral sem desespero. E mostrou que a eleição já começou na Gávea.

"Vamos levantar o nível do debate. A disputa vai ser mais dura do que em 2012, mas sem baixo nível. Espere que consigamos mudar. Se o Flamengo voltar a personificar tudo num salvador da pátria, o projeto vai fracassar e podemos retroceder", disse Wallim.

Confira abaixo a entrevista.

Qual o motivo da ruptura da Chapa Azul?


Tem dois aspectos importantes. O primeiro que é mais importante e simples de explicar é a alternância de poder. O que a gente imaginava é que três anos eram suficientes. O fundamental não é a pessoa, mas o grupo e a filosofia. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é a percepção que alguns de nós estávamos tendo. O conceito que nós defendemos naquela época estava sendo desvirtuado. O conceito de que um grupo iria gerir o Flamengo. O que acontece é que uma pessoa está gerindo o Flamengo, na figura do Eduardo. Cada vez mais concentrando as decisões. Foi uma percepção minha, do Bap, do Tostes, do Landim e do Gustavo. Se o Flamengo voltar a ter um salvador da pátria como em outras oportunidades, o projeto vai fracassar. O grupo foi responsável, não foi uma pessoa. Cada um teve o seu papel. A gente vê isso com muito receio, principalmente pelo que a economia do país está passando.

Qual a relação da economia brasileira com a gestão do clube, na sua visão?

Pelas perspectivas de dificuldades que o país vai passar ainda pelo menos nos dois próximos anos. Isso significa dificuldade com patrocinadores, futebol, esportes olímpicos. Estrutura do clube, do CT. Você precisa ter um grupo forte dentro e fora do clube, gente que tenha relacionamento com altos escalões de empresas, altos escalões do governo. Gente que tenha capacidade de falar com essas pessoas para ultrapassar esses dois anos afetando o mínimo possível a capacidade de gerência do clube. Então não é qualquer grupo quer vai ter capacidade. Sem isso podemos ter uma reviravolta, um retrocesso. Vamos perder tudo e voltar para 2012. Para captar R$ 30 milhões e finalizar o CT, você vai precisar de projeto. E quem está avalizando financeiramente? Não é qualquer um que bate na porta de um investidor e pede R$ 30 milhões para terminar o CT.

Para deixar claro, o grupo que participa da diretoria atual e o apoia tem nomes como Rodolfo Landim, Rodrigo Tostes e Gustavo Oliveira, certo?

Isso. Tem mais alguns que não querem se manifestar. Se você pega o quadrinho que a gente fez no lançamento de 2012 você vai ter o (Cláudio, vice de administração) Pracownik a favor do Eduardo, e o (Flávio, ex-vice de relações externas) Godinho que não está lá desde 2013. Todos os outros, muito mais gente de peso da economia brasileira, já manifestou que vai apoiar o nosso grupo. A gente não mudou o pensamento, eles que mudaram o pensamento deles.

Mas não é conflitante que aliados seus permaneçam na gestão do presidente Bandeira de Mello?

Eu, efetivamente, vou ter que sair. Já falei com o Eduardo que, na próxima reunião da diretoria, vou oficializar. Landim, Tostes e Gustavo entendem que por eles não serem cabeça de chapa e tudo mais, podem permanecer. Basicamente nosso grupo que colocou o Eduardo lá e não o Eduardo que os colocou lá. Eles estão trabalhando pelo Flamengo, não pelo Eduardo. Landim e Tostes estão no conselho de futebol. Essa intenção nossa vem desde Berlim, onde a gente estava assistindo à final da Champions. Falamos de Guerrero, Sheik, Ederson. Eles vão fazer o melhor possível. Até porque se a gente ganhar a eleição eles vão estar no barco. Ninguém ia querer destruir algo para ter de fazer de novo. Nós não estamos rompendo. Queremos cumprir o que foi vendido, entre aspas, para os sócios em 2012. A nossa chapa continua com o mesmo discurso de 2012 e continua gerindo o Flamengo não com uma pessoa, mas com um grupo de pessoa qualificadas e bem intencionadas.

Quando você saiu da vice-presidência de futebol em 2013, a alegação foi falta de tempo para conciliar com o lado profissional. E até comentou que estaria "frito" se fosse presidente. O que mudou para se lançar candidato agora?

Desde dezembro para cá me desliguei da companhia na qual eu era sócio. Hoje em dia faço trabalhos pontuais. Estou com muito mais tempo livre por enquanto. Já que tenho tempo livre, vou mergulhar nesse projeto. Perguntei aos cinco se algum deles gostaria de ser presidente. Vou voltar ao grupo inicial da Chapa Azul, grupo fundador e vamos retomar o conceito de gestão que a gente falou para os sócios naquela época.


FLAIMAGEM
Pelaipe, Bandeira e Wallim em treino do Flamengo


Durante sua passagem na vice-presidência de futebol houve muitas críticas sobre a gestão do departamento. Acredita que cometeu erros naquela época?

Acho que houve muito erro. Você imagina um cara que sempre esteve na arquibancada e ter de chegar na vice-presidência de futebol em janeiro de 2013? Coisa de maluco. Na minha vida eu nunca fugi de desafio. Encarei a eleição de 2012 porque era o único que podia ir. Encarei a vice-presidência de futebol porque precisava. Errei? Errei bastante. Futebol é um dos casos em que você mais erra. Você só sabe se dá certo depois do negócio. No final das contas, por um meio ou outro ganhamos uma copa do Brasil, uma Taça Guanabara e um Carioca. Tive ajuda grande do (Paulo, ex-diretor de futebol) Pelaipe, cara experiente. Foi ajuda valiosa. Se não fosse ele nem teria conseguido tocar aquilo. Não tenho o menor problema em reconhecer erro. Reconhecer e consertar. Durante toda essa gestão tivemos acertos e erros. Acertos temos que ver se ainda podemos melhorar e os erros ainda tentando corrigir. Isso é a vida.

O que deveria mudar no futebol?

Acredito que vamos ter de mudar o modelo de gestão no futebol. Não só no Flamengo, mas no Brasil. Não existe planejamento. Essa mentalidade tem de mudar, de trocar muito treinador. A frase do Vanderlei (Luxemburgo), de que não entendemos e futebol, me marcou. Mas nem nós, nem ele. Essa mentalidade atrasada que praticamos levou à situação de hoje. Vamos procurar pessoas, gente que transita pelo futebol no mundo, principalmente na Europa, para discutir que tipo de gestão queremos no Flamengo. Devemos chamar para a discussão pessoas que passaram pelo Flamengo como, por exemplo, os ex-presidentes George Helal e Marcio Braga. Qual a estrutura do futebol que preciso? Um vice de futebol, um manager? A gente precisa discutir isso exaustivamente. Um dos baluartes é terminar o CT em três anos, passo fundamental para o desenvolvimento do futebol do Flamengo. Temos de pegar parâmetros lá de fora. Se quiser dar um salto no futebol, vai ser diferente do que está hoje.

Mas qual seria a participação dos ex-presidentes, poderia explicar melhor?

O que eu falei é que assuntos como o futebol, não no dia a dia, mas a parte de estratégia, o modelo. Por que não debater com as pessoas com experiência na matéria? Falei o futebol como exemplo, mas serve para o CT, estádio, sede social, etc. Mudanças relevantes estruturais e não cotidianas. Outro exemplo: interagir mais com o Conselho de Grandes Beneméritos nas questões maiores do clube.


PEDRO HENRIQUE TORRE/ESPN.COM.BR
Wallim e Bandeira com Carlos Eduardo, em 2013


A saída do Bap e o confronto dele com o presidente Bandeira de Mello foi o ponto inicial para a cisão. Qual seria a função do Bap nessa gestão à qual você se propõe? Teria um cargo oficial, como antes?

Essa pergunta tem de ser feita ao Bap. Na nossa chapa ele vai fazer o que ele quiser. Já disse que poderia ser presidente se quisesse. É um dos maiores rubro-negros que conheço, uma pessoa apaixonada. E essa paixão passa uma imagem de arrogante, mas não tem nada disso. É uma pessoa correta, de princípios, que ama o Flamengo e agora defende suas posições mais do que outros. O Flamengo nessa parte de marketing se ressente muita da falta dele. Se o Flamengo tivesse um Bap as perspectivas de patrocínios e recursos estariam um pouco mais claras e viáveis. Ele vai fazer o que quiser. Tem o meu respeito, do Landim, do Tostes, do Gustavo.

As chapas devem ser inscritas até setembro. Já há uma ideia de qual apoio buscaria no restante do clube?

Já estamos começando a construir as nossas propostas para o Flamengo. Gostaria de colocar um compromisso: só vou ficar três anos se ganhar. Depois podem me cobrar. Seria um orgulho estar no quadro com quem iniciou e com os ex-presidentes que fizeram a história do Flamengo.

Vale qualquer tipo de apoio então?

Apoio não se descarta. Se puder ter apoio de 100% dos sócios, ótimo. Uma coisa é ter apoio se der. Todos os apoios hoje são em cima do programa. Se você vai aproveitar ou não as pessoas no futuro é outra coisa. Primeiro ganha para depois você saber quem você pode utilizar. Apoio em troca de cargo, jamais. Isso não vai acontecer. De trabalhar no clube, não posso prometer. Depende de como vamos montar depois. Apoio por apoio qualquer pessoa que seja sócio pode dar.

1282 visitas - Fonte: ESPN


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