A queda de braço que coloca contra o Flamengo os outros 19 integrantes da Série A do Brasileirão gerou um clima de incerteza entre os articuladores da criação de uma Liga de clubes brasileiros. Ninguém sabe avaliar o tamanho do estrago que pode ser feito no projeto. O atrito acontece porque o Rubro-Negro se programa para realizar jogos com público no Maracanã, amparado em liminar dada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e em autorização da prefeitura do Rio.
As demais agremiações defendem que a presença de torcedores só seja liberada se as autoridades sanitárias de todas as cidades dos times do Campeonato Brasileiro autorizarem jogos com torcida. Unidas, essas equipes decidiram, em reunião organizada pela CBF, nesta quarta (8), tentar derrubar a liminar do Flamengo, que não quis participar do encontro.
Entre os envolvidos na tentativa de criação de uma Liga de clubes, há quem entenda que a postura do Rubro-Negro atrapalha o projeto de fundação da Liga. Isso porque a união fica ameaçada. Uma premissa da Liga é que o interesse coletivo prevaleça em relação ao individual.
Por sua vez, a direção rubro-negra acredita que a pandemia de covid-19, com estágios diferentes nas cidades, impede a volta do público ao mesmo tempo. A diretoria flamenguista também diz que não teve ajuda de outras agremiações quando foi desfalcada pela seleção brasileira. O argumento é que isso também quebrou o equilíbrio da disputa. Para o Flamengo, a decisão sobre a presença de público não é da CBF.
Neste momento, não há uma avaliação exata dos reflexos que essa briga pode ter na Liga. O fato de Rodolfo Landim, presidente flamenguista, ser um dos líderes do movimento pela nova entidade de clubes, demonstra como um assunto pode respingar no outro. Existe também a análise de que a nova crise uniu 19 times e mostrou que a Liga é o melhor caminho para barrar interesses individuais.
O entrevero aconteceu quando já havia um abalo na construção do projeto. A última reunião para deliberações referentes à Liga, em julho, foi interrompida por uma discussão entre os presidentes de Athletico, Mario Celso Petraglia, e Bahia, Guilherme Bellintani. Os envolvidos no processo seguem conversando, mas uma nova reunião com todos os presidentes ainda não foi marcada.
Se tivesse que dar um nome pra essa liga, seria: L.A.F ., liga Anti-Flamenguusta