Além de um movimento de times que ameaçam boicotar o São Paulo nas categorias de base, a transferência do goleiro Lucão, que trocou a Ponte Preta pela equipe do Morumbi, pode acabar em briga nos tribunais. A equipe de Campinas estuda uma forma de processar o time tricolor pela negociação.

Lucão, 15, foi convocado neste ano para a seleção brasileira sub-17. O goleiro era considerado uma das principais apostas das categorias de base da Ponte Preta.

No entanto, como completará 16 anos apenas em dezembro, Lucão não podia assinar com a equipe de Campinas um contrato profissional. Por isso, ele foi para o São Paulo sem que o ex-time recebesse sequer uma indenização.

"É uma brecha, algo que o Ministério Público não reconhece. Nós tínhamos apalavrado com a família do Lucão um contrato a partir de dezembro, quando ele completaria 16 anos. Tínhamos até combinado de antecipar o salário. Estava tudo pronto", explicou Francisco Marques, diretor das categorias de base da Ponte Preta.

A transferência de Lucão deflagrou um movimento de dirigentes de categorias de base. Os clubes brasileiros ameaçam boicotar o São Paulo, e o time do Morumbi chegou a participar de uma reunião na última segunda-feira, na sede da FPF (Federação Paulista de Futebol) para discutir o assunto.

A diretoria do São Paulo pediu um prazo até sexta-feira para levar o caso ao departamento jurídico e definir qual será a conduta do time. A Ponte Preta também busca caminhos jurídicos para acionar o time da capital.

"Não deixa de ser um caso raro um time brigar por um garoto dessa idade. Nosso jurídico vai ter de adotar uma linha nova. Estamos levantando informações antes de decidir uma linha", completou Marques.

Lucão nunca assinou sequer um contrato de formação com a Ponte Preta. A equipe não tinha chancela da FPF para esse tipo de vínculo, e conseguiu o aval dez dias antes da saída do goleiro.

Antes de o goleiro se transferir para o São Paulo, a Ponte Preta recebeu três propostas oficiais por Lucão. Corinthians, Cruzeiro e Flamengo tentaram contratar o garoto.

"Nós tivemos uma reunião na última segunda-feira, no Rio de Janeiro, e eles até brincaram comigo sobre isso. Disseram que eu não quis liberar o Lucão para eles e que o São Paulo o levou sem que eu liberasse", finalizou o diretor da base ponte-pretana.