Colecionado de histórias pelos clubes que passou, Joel Santana é um dos técnicos mais carismáticos do futebol brasileiro. Com cinco passagens pelo Flamengo, em 2012, na última, foi o responsável por lançar Mattheus Oliveira aos profissionais e colocar o meia em uma situação para lá de inusitada no Brasileirão.
Em entrevista ao ESPN.com.br, o filho de Bebeto, tetracampeão com a seleção brasileira em 1994, falou sobre a gratidão que tem com papai Joel e Zinho, atualmente comentarista dos canais esportivos da Disney e ex-dirigente do Rubro-Negro.
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“Papai Joel é um cara espetacular na minha vida. Gratidão muito grande. Ele e o Zinho eu tenho muita gratidão. Joel era o técnico, Zinho era o diretor. Toda oportunidade que tenho, digo que sou grato, me deram a primeira oportunidade. Se cheguei onde cheguei, sempre digo que sou grato a eles. Não vai existir outro igual ao Papai Joel. Esse se for falar de história, tem que ter três dias para contar”, começou por afirmar.
"Quem sai? Comecei a eliminar"
Em 2012, Mattheus fez seu primeiro jogo contra o Santos, no Estádio Nilton Santos. Se destacando nos treinamentos, foi posto à prova contra o Grêmio, no antigo e temido Olímpico.
No entanto, além de meia, Mattheus teve que dar uma de vidente. Isso porque, ao ser chamado por Joel Santana para entrar, foi informado pelo treinador que entraria no lugar de Petkovic. Mas como seria no lugar do sérvio? O ídolo do Flamengo havia se aposentado há mais de um ano.
Foi aí que Mattheus entrou em pânico. O meia, atualmente no Mafra, clube da segunda divisão portuguesa, teve que adivinhar no lugar de quem entraria no meio: Airton, Ibson, Renato Abreu ou Botinelli. E a brilhante ideia de ir por eliminação veio na cabeça da revelação do Flamengo. No fim das contas, deu tudo certo.
“Essa é a titular dele. 10 e faixa. Quando subi ao profissional, contra o Olaria, fiz o jogo e voltei para a base. No jogo contra o Santos, no Engenhão, me colocou faltando um minuto. Ele falou: ‘Foi só para estrear, tirar nervosismo e dor de barriga’. Eu nem toquei na bola. A verdade estreia foi contra o Grêmio, no Olímpico. A gente estava perdendo. Joel me chama. Na época, meio estava com Airton, Ibson, Renato e Botinelli. Ele falou: ‘Você vai entrar no meio, quero agressividade ao ataque, você tem bom passe’. Eu concentrado, 17 anos, não queria tomar dura depois. Perguntei: ‘Quem vai sair?’. Ele não falou, saiu cuspindo. Ele olhou para o campo e falou: ‘Vai sair o Pet’. Eu disse: ‘Quem?’. Ele falou de novo: ‘Vai sair o Petkovic’", contou Mattheus, antes de completar.
"Já tinha perguntado uma vez, não poderia perguntar de novo, vai falar que eu estou dormindo. Fui do banco até o 4º árbitro olhando para o campo tentando adivinhar quem era. Pet já tinha se aposentado há muito tempo. Pensei: ‘Se eu errar quem vai ser, eu não vou jogar nunca mais’. Comecei a eliminar. Meio-campo sei que vou entrar. Airton não é, Renato Abreu também não. Não vai confundir Pet com Airton e Renato. Aí ficou: Ibson e Botinelli. Falei: ‘Deve ser o Botinelli, é gringo, deve ter se confundido’. Entrei com medo de não ser ele."
"Mas no final falei com o Ronaldo Torres: ‘Ronaldo, o homem pediu para eu entrar no lugar do Pet, que já tinha se aposentado’. Aí o Ronaldo falou: ‘Você conhece o Joel, ele confunde o nome de todo mundo’. O Joel era um mito”, finalizou.
A partida, válida pela 6ª rodada do Campeonato Brasileiro, colocou o Flamengo, até então invicto na competição, frente a frente com Vanderlei Luxemburgo, ex-técnico do Rubro-Negro na época. O Tricolor venceu por 2 a 0, gols de Marcelo Moreno, que depois viria a vestir a camisa do clube, e Werley.
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