Arrascaeta não jogou bem em Flamengo x Goiás, assim como Bruno Henrique — Foto: André Durão
Um placar magro que não fez jus à ousadia de Paulo Sousa deixou frustrações e vaias após o jogo contra o Goiás. Mas a vitória por 1 a 0 também teve coisas boas, principalmente as participações do "maestro" Gabigol, do incansável Pedro e dos laterais Matheuzinho e Ayrton Lucas.
Formação ousada para furar retranca de Jair Ventura traz volume
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Paulo Sousa mais uma vez surpreendeu e entrou em campo com escalação ousada. Arão era o único volante, e Pedro e Gabigol voltavam a iniciar uma partida juntos após dois meses - a última havia sido contra o Vasco, em 20 de março.
Ciente das retrancas que Jair Ventura monta como poucos, o português mandou o Flamengo para cima e conseguiu um primeiro tempo bastante produtivo, sobretudo com Gabigol como o principal responsável pela criação das jogadas da equipe. O camisa 9, com intensa movimentação, saía da área o tempo todo e transitava por todos os lados do setor ofensivo.
Gabi, aliás, chegou a aparecer na intermediária defensiva para iniciar jogadas. Num desses recuos, este já no campo ofensivo, encontrou passe de trivela para Matheuzinho, que cruzou na medida para Pedro pegar de primeira. Excelente trama ofensiva e um belo gol.
Se Bruno Henrique e Arrascaeta, que erraram decisões simples no primeiro tempo, estivessem mais afinados, o Flamengo poderia ter construído vantagem melhor. Pablo, que cumpria bem seu papel de defender, deu azar em duas jogadas ofensivas e atrapalhou seus companheiros.
Na primeira delas, cruzamento de Gabigol encontraria a cabeça de Pedro, mas o camisa 30, em posição de impedimento, raspou e tirou da bola o centroavante, que estava em condição legal.
Nada, porém, que escondesse o bom primeiro tempo do Flamengo. Controlou o jogo com mais posse de bola (59%) e sobrou nas finalizações: 7 a 1. Everton Ribeiro também merece a menção pela boa participação defensiva, inclusive cobrindo algumas subidas de Arão.
Após a entrevista coletiva, em conversa já com os microfones desligados com alguns repórteres, Paulo Sousa classificou a atuação de Gabigol como "extraordinária" pelo comprometimento em sair da área para buscar o jogo, dar passes e criar espaços.
Disse ainda que a participação do camisa 9 pode ter ajudado "o colega dele da seleção brasileira" a encontrar mais um jogador para a Copa do Catar.
Segundo tempo em outra sintonia: ataque não cria, mas defesa aparece bem
O Flamengo voltou do intervalo com menos volúpia. Finalização relevante talvez somente um chute de Bruno Henrique logo no início. BH e Arrasca, aliás, continuaram bem abaixo do que podem mostrar, e as combinações ofensivas não aconteceram.
Como o Goiás seguia recuado apesar da mudança de esquema, o time só foi passar por apuros no fim, mas com o fato de o quarteto não ter funcionado na mesma sintonia, Gabigol acabou pouco acionado no segundo tempo, e Everton Ribeiro acabou cansando por ter participado intensamente da recomposição defensiva.
Andreas, que substituiu o 7, não entrou bem e já começou sua participação errando passe simples, o que jogou ainda mais contra si uma torcida que não costuma ter boa vontade com o seu futebol.
Na sequência, Paulo sacou Bruno Henrique e Gabigol, e o 4-3-3 do primeiro tempo virou 4-5-1. O segundo tempo nada criativo do Flamengo, porém, serviu para trazer atenção às boas atuações defensivas de Matheuzinho, Ayrton Lucas e Rodrigo Caio.
Matheuzinho, que já participara do gol com belo cruzamento, foi o líder de desarmes do jogo, com seis no total. Ayrton foi praticamente perfeito na marcação a Apodi. Quase porque no final cometeu erro bobo que por pouco não redundou em gol do próprio Apodi.
Em seu segundo jogo completo no ano, Rodrigo Caio mais uma vez foi preciso no combate e não errou nenhum dos 70 passes tentados. Mais uma boa atuação e no mesmo nível que seu companheiro Pablo também esteve.
O Flamengo esteve longe de construir um placar compatível com a formação no 4-3-3 e os jogadores de maior poderio ofensivo em campo, mas deixou o campo pela segunda vez consecutiva sem ser vazado.
Paulo se disse "satisfeitíssimo" com o resultado, sentimento que certamente não é compartilhado por uma torcida que vaiou o time após o jogo, pediu Jorge Jesus e xingou Marcos Braz e Rodolfo Landim. Mas a atuação passou longe de merecer protestos efusivos. Vencer no Campeonato Brasileiro era urgente, e o Flamengo o fez. Sem amassar o adversário, sem triangulações envolventes, mas venceu.
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