"Em quatro ou cinco anos, o Corinthians vai ser um dos três clubes mais poderosos do mundo", disse Andrés Sanchez, em 2013. A profecia não se cumpriu, e atualmente o clube tenta correr atrás de rivais mais estruturados dentro do próprio futebol brasileiro. O duelo das 21h30 (de Brasília) de hoje (2), pelas quartas de final da Copa Libertadores, pode ser fundamental para tentar cortar caminho na disputa a longo prazo com o Flamengo.



A empolgação da época se justificava no título mundial conquistado no ano anterior e na construção da Neo Química Arena —que ainda demoraria para ganhar este nome. "As coisas que o Corinthians conseguiu prepararam o terreno para um crescimento contínuo", disse na ocasião, para a revista Forbes. Muita coisa no clube realmente cresceu nos anos seguintes, incluindo o número de troféus importantes, mas longe de transformar o Alvinegro em uma das principais potências globais.


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Para não falar em Real Madrid ou Liverpool, mesmo no Brasil, o Corinthians está perdendo terreno para o Flamengo, o adversário de hoje na Neo Química Arena. O Rubro-negro foi campeão ou vice das últimas quatro edições do Brasileirão, esteve em duas das três finais mais recentes da Libertadores e também em três das últimas cinco semifinais da Copa do Brasil. Quem tem rivalizado com o time carioca em termos de desempenho neste período são Atlético-MG e Palmeiras, não o Corinthians.
Não por coincidência, nas finanças já há um abismo. Em 2021, Corinthians e Flamengo tiveram em comum terem batido recordes em suas receitas, mas em patamares muito diferentes: o Alvinegro arrecadou R$ 500 milhões, e o Fla teve o dobro disso, R$ 1 bilhão.

As contas, aliás, são outro ponto em que o Flamengo frustra uma profecia de Andrés Sanchez. O ex-presidente corintiano disse várias vezes, durante seu último mandato, que "a conta vai chegar" após anos de investimento pesado do Rubro-Negro no futebol.

Ao menos por enquanto, as contas que chegam ao Fla são positivas: o clube virou o ano com R$ 127 milhões em caixa, segundo o balanço oficial. No Corinthians, pelo contrário, a gestão de Andrés Sanchez fez a dívida dobrar e bater R$ 1 bilhão, também de acordo com o balanço do clube. O UOL Esporte pediu entrevista a Andrés para esta matéria, mas o ex-mandatário preferiu não falar.

À parte o passado e as finanças, Corinthians e Flamengo entram em campo nesta noite para abrir as quartas de final da Libertadores e se reencontram para o jogo de volta, na terça-feira que vem (9), para definir o classificado. Quem passar enfrenta um adversário argentino nas semifinais: Talleres ou Vélez Sarsfield.

Em campo, Corinthians tem prova de fogo
É uma situação quase inédita para o Corinthians na temporada: um confronto decisivo de mata-mata com o elenco praticamente inteiro à disposição de Vítor Pereira e promessa de bom futebol. O primeiro jogo nestas condições foi na semana passada e acabou em derrota decepcionante por 2 a 0 para o Atlético-GO, na Copa do Brasil, portanto a missão do Alvinegro contra o Flamengo é também demonstrar a força que tem.

Até mesmo VP admite publicamente que, nas oitavas de final, o Corinthians se limitou a ser "resultadista", ou seja, jogou com o propósito único de passar de fase, sem se importar com os meios. O elenco estava todo remendado por lesões, e a continuidade na disputa por três títulos foi muito celebrada na ocasião. Agora, nas quartas, a expectativa é de menos retranca e um pouco mais de futebol ofensivo por parte do Alvinegro, ainda que o momento do Flamengo seja melhor.



Corinthians e Flamengo é um jogo diferente, um dos maiores clássicos, jogo difícil, duas equipes muito qualificadas. Em jogo grande assim é errar o mínimo possível, porque um erro pode ocasionar uma eliminação. Temos que ter personalidade, jogar, ter ambição. O Flamengo é uma grande equipe, mas nós somos o Corinthians e temos nossa força. Serão dois grandes jogos."

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