Há um ano gerente de futebol do Flamengo, Fabinho detalha função e revela bastidores

12/8/2022 09:42

Há um ano gerente de futebol do Flamengo, Fabinho detalha função e revela bastidores

Há um ano gerente de futebol do Flamengo, Fabinho detalha função e revela bastidores
Fabinho Soldado antes de Flamengo x Corinthians ao lado de Marcos Braz — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

"Um soldado a serviço do Flamengo". Assim Fábio de Jesus, gerente de futebol do clube há um ano e mais conhecido como Fabinho Soldado, define-se.



Mas qual é o serviço de Fabinho? O que faz o ex-volante no Flamengo? Em entrevista ao ge que durou mais de meia-hora, o profissional de 46 anos detalhou sua atuação dentro do organograma do futebol rubro-negro para responder à pergunta que é feita constantemente por torcedores em tom de crítica nas redes sociais.


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- É bacana você tirar essa dúvida, o Juan falou há um tempo atrás, e ele foi muito específico e claro sobre a parte técnica. Sobre minha função, não é a função do Fabinho no Flamengo. A função de gerente de futebol existe em outros clubes, claro que cada um com suas particularidades, mas há algumas funções básicas do gerente de futebol.

- Eu tenho aqui no CT, tirando os atletas, 70 funcionários aqui dentro entre comissão técnica e o apoio para que esse prédio funcione. Tenho o dia a dia disso para que o treino aconteça, o campo esteja em boas condições e os horários sejam cumpridos. Então tenho todo esse gerenciamento. Essa parte um pouco mais administrativa é onde eu entro. Juan é na parte técnica, e eu bem mais na função administrativa.

- Claro que também tenho um trabalho importantíssimo linkado à parte técnica. O Juan bem mais efetivo no campo, mas assisto a todos os treinos e participo de todas as viagens. Dou apoio ao Bruno, ao presidente e ao Marcos em todas as contratações. Esse suporte, com todas as áreas se falando, é para que no final possamos entregar o melhor produto ao treinador. Essa é a função de um gerente de futebol numa equipe grande como o Flamengo.

Sobre as críticas por pouco se manifestar nos momentos difíceis, Fabinho frisa que realiza um trabalho "silencioso" dentro do clube.

- Tenho que saber suportar as críticas. Meu trabalho não é muito visível. Isso não me traz nenhum desconforto. Pelo contrário, é um trabalho silencioso porque aqui no Flamengo já temos uma estrutura muito bem montada. Não sou eu quem vou dar entrevista, já há pessoas determinadas para isso. O meu trabalho é simplesmente fazer com que essas 70 pessoas do CT e mais os atletas de futebol e as comissões encontrem um clube funcionando em todas as áreas. E, até pela experiência como ex-atleta, saber suportar a crítica.


- Algumas críticas são importantes, que fazem parte. Quando se está num momento difícil, a gente precisa ter a maturidade de entender. A minha função hoje no Flamengo é trabalhar silenciosamente. Silenciosamente não quer dizer que eu não falo porque eu não quero. Não é minha função falar, minha função é fazer que os departamentos funcionem. O torcedor vai entender um pouco mais isso de que é preciso ter pessoas que façam o dia a dia se comunicar. Eu sou soldado do Flamengo, quero permanecer o maior tempo aqui colaborando para o sucesso do clube. Até aqui acho que tem sido bacana. A própria ascensão em relação às funções têm mostrado isso.
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Fabinho está no Flamengo desde outubro de 2017, quando foi contratado por Eduardo Bandeira de Mello para atuar como funcionário do Departamento de Scout (DS), à época chamado de Centro de Inteligência de Mercado (CIM). Em 2018, assumiu a gerência do setor, função que exerceu até a chegada de Renato Gaúcho, em julho de 2021, mês de sua promoção.

Durante a conversa no Ninho do Urubu, antes de responder à pergunta acima, o gerente de futebol pediu licença e fez questão de falar bastante sobre toda a sua transição no clube até chegar aos questionamentos sobre o cargo que ocupa desde o segundo semestre do ano passado.


- Joguei aqui em 2003, volto em 2017 para atuar no setor de scout. Comecei a contribuir com esse trabalho de observação e indicação de atletas durante cerca de um ano até que surgiu a oportunidade. O gerente do scout era o Marcos Biasotto, e ele foi para um novo projeto. Surgiu a vaga, e o clube reconheceu aquele trabalho que eu fazia como scout. E eles perceberam que, até pela experiência como jogador e funcionário do clube, que eu tinha condição de exercer a função que era do Biasotto. Transitei da observação técnica para a gerência do departamento.

- Foi quando a gente mudou um pouco a chave do processo, até em relação às contratações. A equipe (de scout) alcançou, juntamente com todo o trabalho do clube, conquistas e um bom ano. E daí para frente as coisas foram acontecendo. Em cada ano fomos melhorando os processos de análise, contratando novos analistas e formando também. É importante frisar que vários do departamento foram formados aqui no clube e também têm o DNA do Flamengo. Foi um tempo muito produtivo que me deu muito conhecimento por conhecer atletas.

Fabinho destaca que um intercâmbio na Europa feito ao lado de Juan, gerente técnico e ex-zagueiro do Flamengo, foi fundamental para modernizar o setor.

- Nesse período também tive a oportunidade fazer uma viagem muito interessante à Europa. Passamos por Itália e França, observamos métodos de trabalho de vários clubes, como da Inter de Milão, e do Lyon, da França. Eu e Juan fizemos uma viagem extraordinária para buscar conhecimento e novas ferramentas. Trouxemos vários processos novos para cá. Claro que tivemos que dar um tropicalizada nos processos, porque é Brasil, é outra situação de futebol e de trabalho. O setor continua evoluindo.

Outro tópicos:
Mais funções do gerente de futebol

- É usar bem a estrutura que temos. Temos a supervisão, tenho o Tannure (Márcio, médico e gerente de saúde e alto rendimento). São jogadores que chegam, eu tenho que fazer toda uma estrutura para chegar junto com a logística e com o Tannure, que trata dos exames. Em cada área eu preciso participar, até porque nós temos reuniões quase uma hora e meia antes dos treinamentos para eu entender como está sendo o dia. Conversamos com todas as áreas para entregar o melhor cenário possível. Eu tenho hora de chegada, agora a saída (risos).


Exemplo da atuação do gerente na chegada de um reforço

- Quando eu falo, não é para me defender não. Quando eu falo o que é a função do Fabinho no Flamengo é a função do gerente de futebol. O gerente de futebol tem que dominar isso daqui. Aqui e em qualquer outro lugar que for trabalhar. Por exemplo: o Bruno e o Marcos estão lá na negociação, acertando um jogador, e eu mais para frente já tendo a informação da contratação, eu preciso fazer toda a logística para a chegada desse jogador.

Eu vou acionar o supervisor (Gabriel Skinner), vou acionar o Tannure porque tem as questões médicas, vou acionar a segurança e vou acionar o Vinicius (Castro, assessor de imprensa). Eu preciso fazer com que tudo funcione. Então não é detalhezinho. Delegamos e conferimos o que chega a nós para que as coisas se resolvam da melhor maneira.

Como identifica eventuais demandas do grupo? É observação sua ou os pedidos chegam a você?

- As situações chegam a mim de diversas formas. Elas podem chegar pelo Bruno, pelo Marcos ou pelos atletas. Com essa demanda, eu vou distribuir. Na logística, por exemplo, temos o Gabriel (Skinner, supervisor) e o Marcinho (Márcio Santos, também supervisor), que vão fazer uma logística direcionada e diferenciada.


Suporte ao scout segue

- Continuo dando apoio ao departamento de scout. Hoje temos lá o Renan (Bloise), que é o coordenador de scout. Por eu ter a questão da gerência (de futebol), hoje o Renan está como coordenador. No dia a dia, ele está mais ativo. Eu entro nas situações finais do processo. O Renan faz o dia a dia, mantém os processos, e eu chego na parte final.

Diferença do Flamengo de 2003 para o de 2017

- Foi bom ter tido aquela experiência de 2003 para você compreender de fato o que mudou. Muitos jogadores que chegam hoje ao clube têm dificuldade para entender como era. A gente vivenciou isso, com treinamentos somente na Gávea e acomodações muito acanhadas se tratando de Flamengo. Acho que que foi essa história de dificuldade que conhecemos. A questão dos salários também era complicada, não era totalmente em dia.

Aí você vem para 2017 e encontra o Flamengo com funcionários felizes na parte financeira, recebendo em dia. Parte de estrutura, campo, acomodações e refeições de alto nível. Aí você realmente entende que o clube acordou. No momento em que cheguei eu já imaginava que os anos que tínhamos pela frente seriam melhores.
Convite para se tornar gerente de futebol a partir da chegada de Renato Gaúcho

- Joguei, e não é só o fato de ter jogado que qualifica. Pude trabalhar como scout e veio o convite para ser gerente, e as pessoas foram vendo que eu tinha capacidade de exercer. Da mesma forma foi a gerência (do futebol). Eu já vinha gerenciando o departamento de scout, liderava algumas pessoas, e certamente o presidente Landim, o Marcos e o Bruno viram em mim esse profissional com capacidade para exercer a função. Conversei com Landim, Marcos e Bruno e me senti capaz de exercer porque já vinha com conhecimento de tecnologia, de processos e de ferramentas novas. Me senti motivado e entusiasmado para aceitar esse convite.

Qual o maior desafio no cargo de gerente de futebol?

- Não tem como ser diferente: é entregar as metas do Flamengo, que são altíssimas, no final do ano. A gente já entra no Flamengo com o desafio de ser campeão. Todas as funções do clube são importantes, e a minha é uma delas também. Preciso fazer com que a engrenagem funcione para entregar o maior objetivo. O maior objetivo do Fabinho é o maior objetivo do Flamengo: é ser campeão.
Maior prazer com a função e compreensão da família

- O prazer é o que move a gente. Todos os títulos que conquistei. Sabe que tem esforço, dedicação e abdicação. Quem trabalha com futebol está linkado a viagens e dia a dia o tempo inteiro. Você está em casa e está trabalhando. Quando a família entende, e você ama o que faz, conhece as funções e tem entusiasmo, vou te dizer que nem é trabalho. Minha esposa entende perfeitamente, é muito natural. Ela sabe que eu amo o que faço.

- Quando você está em casa, você atende o Bruno e o Marcos, que estão o tempo inteiro ligando e perguntando as coisas. É prazeroso você ter todo esse trabalho, se dedicar muito, mas aí você vê as coisas acontecendo. É conseguir suportar momentos difíceis. A gente já entra no ano sabendo que vai passar por dificuldades, alguma hora alguma coisa vai acontecer.


- Você continua fazendo, claro que às vezes modificando alguma rota e consertando coisas. É aquele jogador que foi contestado, e às vezes com motivo, e você sabe que ele tem para dar e acredita. É um dos maiores prazeres ver esse trabalho dar certo no final.

Comunicação com treinadores

- A conversa com a comissão técnica é diária. Quando o treinador chega no Flamengo para dar o treinamento, eu vou ser uma das primeiras pessoas que ele verá no CT. Vou até ele para conversar e saber o que vai acontecer. Por conhecer o clube, a gente passa as nossas experiências, o que vê e que entende que seria melhor a fazer. Claro que o treinador vai fazer escolhas sobretudo na parte técnica.

- O Juan está muito presente no campo. Quando passa por uma parte mais burocrática do processo, a gente participar um pouco mais porque tem coisas que já vêm com o clube. O treinador que chega aqui não pode não querer viajar de voo fretado, por exemplo. Existem situações dentro do clube que já fazem parte da rotina estrutural do clube.

Quando o gerente de futebol entra numa situação como a do Paulo Sousa num momento em que as coisas já não estavam andando mais? Você tem influência na decisão de uma demissão, por exemplo?

- Vou ser bem franco: o Marcos e o Bruno usam muito bem a estrutura do Flamengo. Tudo que envolva o Flamengo, eles consultam a gente para fazerem a avaliação deles também. Existem conversas para saber como está o treinamento, como está a relação entre comissão técnica e atletas. Isso tudo é conversado, nós temos nossa opinião e temos que dá-la sempre pensando no Flamengo.

- A gente precisa fazer algumas colocações para que o presidente, o Marcos e o Bruno entendam o dia a dia porque eles vão tomar decisões importantes. O meu apoio aos três é desde a chegada do atleta, entregando todo o funcionamento dos departamentos e também uma visão nossa da questão técnica que estamos observando.

Gestão em mente desde que parou de jogar, em 2009

- Fiz estágios em vários clubes sempre na área de gestão. Fiz curso da CBF de gestão, fiz a primeira turma de executivos, fiz curso de neolinguística. Procurei o que tinha aqui no Brasil. Fiz parte da Abex (Associação Brasileira dos Executivos de Futebol) bem no início.

Qual sua maior realização nesse período trabalhando no Flamengo?

- Algo que foi muito marcante foi a chegada do Pablo Marí. Foi muito legal participar desse processo porque era a contratação de um europeu que veio da Segunda Divisão (na época da contratação, Fabinho pediu à comunicação do clube um vídeo de arquivo para mostrar a estrutura do Ninho a Marí).

- Além de todos os títulos que tenho trabalhando dentro do Flamengo, participei de todos os últimos em funções diferentes, essa construção do Marí com toda a ajuda do presidente, do Marcos e do Bruno foi muito bacana.

- Diante de toda a desconfiança, nós tínhamos muita certeza, bancamos isso em relação ao setor. Presidente, Marcos e Bruno acreditaram nisso juntamente com o treinador, que apoiou essa escolha. Até hoje está rendendo frutos.

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Como chegaram ao Pablo Marí?

- No departamento de scout, os caras conhecem tudo. Nada mais é que a nossa função. Obrigação nossa é dissecar tudo, claro que dentro de um filtro final. Precisávamos de um zagueiro canhoto, com algumas especificações e determinada altura. Aí partimos para dentro do que tínhamos dentro do nosso banco de dados.

- Você chega em vários nomes, aí vai apertando, enxugando e olhando até que chegou o nome do Pablo. Um europeu de Segunda Divisão vir para o Brasil é porque você tem que estar muito certo. Ele veio através de um trabalho diário de muitas observações.

Como surgiu o apelido Soldado, já que ninguém lhe chama de Fábio de Jesus?

- Na verdade, começou quando eu era chamado de Soldado no Bonsucesso. De tanto ser chamado, acabei replicando e isso acabou ficando. Era uma galera do Bonsucesso onde todo mundo é soldado. Levei isso para mim.



- Acho que tem tudo a ver comigo, a minha história de vida e superação como ex-atleta. De estar a cada dia buscando as oportunidades. Eu sou soldado do Flamengo, quero permanecer o maior tempo aqui colaborando para o sucesso do clube. Até aqui acho que tem sido bacana. A própria ascensão em relação às funções têm mostrado isso.

503 visitas - Fonte: globoesporte


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