Uma ministra, um parlamentar que é ex-presidente de clube e um cartola que atua como lobista. Empenhado, o trio foi o responsável pelo lobby que na última terça-feira fez o Senado arquivar o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as federações estaduais.

"Houve trabalho do Governo [Federal] contra. A Ideli Salvatti, mais um senador e um dos vice-presidentes da CBF estavam aqui [em Brasília] fazendo convocação para retirarem assinaturas. Foi por isso que ficou inviabilizado", disse ao ESPN.com.br o senador Mário Couto (PSDB-PA), autor da iniciativa.

Ideli Salvatti (PT-SC) é a ministra de Relações Insitucionais do governo Dilma Rousseff. O senador citado por Couto é Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro, e o cartola é Weber Magalhães.

Este último é técnico legislativo do Senado, também vice-presidente da CBF para a região Centro-Oeste e um dos principais agentes da entidade nos trabalhos de bastidores.

É tão bem cotado no órgão que rege o futebol brasileiro que chegou a ser especulado como o sucessor do ex-presidente Ricardo Teixeira, com o qual foi chefe da delegalçao da seleção brasileira que ganhou a Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coreia do Sul.

Há algum tempo, Mário Couto tentou criar uma CPI para investigar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), coletou três ou quatro assinaturas a mais que as 27 necessárias, mas, em cima da hora, viu alguns de seus pares voltarem atrás.

'Escolado', fez diferente desta vez. Conseguiu ainda mais assinaturas de sobra, seis, mas acabou vencido pelo lobby encabeçado pelo trio.

Convencidos por Salvatti, Perrela e Magalhães, nove senadores retiraram suas rubricas do requerimento na última terça, baixando de 33 para 24 o total - eram necessárias 27, o que representa um terço do total de parlamentares da casa, 81.

"Isso tudo é por conta dela, da [presidenta] Dilma. Ela proibiu os senadores e deputados de fiscalizarem as obras da Copa. E nós queríamos fazer esta CPI para investigar tudo, a CBF, as federações, que eu sei que tem muita coisa errada, e a relação entre elas", acrescentou o senador Mário Couto.

As 27 federações formam a maior parte do colégio eleitoral da CBF, que terá eleição para a escolha de seu novo presidente em abril de 2014. Também votam um representante de cada um dos 20 clubes que estarão na primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Veja, abaixo, os senadores que voltaram atrás e retiraram suas assinaturas:

1 - Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
2 - Cícero Lucena (PSDB-PB)
3 - Clésio Andrade (PMDB-MG)
4 - Ivo Cassol (PP-RO)
5 - João Alberto Souza (PMDB-MA)
6 - Lobão Filho (PMDB-MA)
7 - Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
8 - Paulo Davim (PV-RN)
9 - Wilder Morais (DEM-GO)