Moacir exibe troféu em entrevista ao Globo Esporte — Foto: Cahê Mota / ge
Um pedacinho da história que une Flamengo e Seleção Brasileira com boas doses de simpatia fez de Guayaquil o seu lar.
Moacir é um dos seis campeões do mundo de 1958 vivos. Convocado por Vicente Feola quando defendia as cores rubro-negras, mora no Equador desde 1964 e vai acompanhar com o cativante sorriso aberto e o pandeiro ao lado o time do coração tentar fazer história na Libertadores ao lado de casa.
LEIA TAMBÉM: Últimas notícias do Flamengo: 5 notícias do Rubro-Negro que bombaram hoje (27/10)
Morador do modesto bairro de Pancho Jacome há mais de cinco décadas, Moacir aos 86 anos é daqueles que desfruta com alegria das coisas simples da vida. Com a bolsa auxílio aos campeões do mundo paga pela CBF como principal fonte de renda, fez da sala de casa um pequeno museu onde viaja no tempo como nos mais de 30 minutos de bate-papo com o GE:
- O Equador é um país lindo, que me encantou. Problemas existem em todas partes do mundo. Sempre foi bem tratado mesmo. Tenho visto todos os jogos do Flamengo e do Brasileiro. Se o Flamengo jogar como jogou no primeiro tempo contra o Corinthians, vai ganhar. Mas se jogar como foi no segundo tempo (risos)... Brincadeira. Foi muito ruim. O Athletico tem um bom time, está entrosado. É preciso se cuidar.
A simpatia escancarada nos dentes ganha ritmo quando Moacir pede licença para ir ao quarto. De surpresa, retorna cantando com um pandeiro em punho até declamar feliz o hino do Flamengo.
Foi na Gávea que o menino encontrou abrigo na década de 50 após ser abandonado por pai, mãe e seis irmãos quando criança. Acolhido por orfanato em São Paulo, onde nasceu, foi no Rio de Janeiro que se encontrou ao ser aprovado em teste no Flamengo depois sequer ter a chance de treinar no Corinthians e no São Paulo.
- O Flamengo aqui também é muito querido, veio aqui várias vezes e fez bons jogos. Os torcedores do Flamengo vão estar felizes no estádio, que é bonito. E chegaram muitos. Acho que os equatorianos vão torcer pelo Flamengo. E o número 1, que sou eu. "Una" vez Flamengo, Flamengo até morrer".
Convocado pelo mesmo Vicente Feola que o dispensou quando garoto no São Paulo, representou o Flamengo na Copa do Mundo da Suécia ao lado de Joel, Zagallo e Dida. Os relatos da convocação com o quarteto de mãos dadas no anúncio dos cortes é feito com uma lucidez impressionante.
- Eram oito armadores, e o menor e mais jovem era eu, com um perninha magrinha. A vantagem foi que fui com Joel, Dida e Zagallo. Éramos quatro do Flamengo. Quando chegou o dia final da lista dos 22 que iam para a Suécia, estávamos nós quatro juntos olhando um para o outro. Quando saiu a lista, imagina a alegria que foi nós quatro juntos. Já estávamos acostumados. Facilitou muito.
Moacir defendeu o Flamengo em 225 jogos e marcou 56 gols entre 1956 e 1961. Depois, peregrinou pela América do Sul com sucesso ao defender River Plate, Peñarol até chegar ao Equador através do Everest. No Barcelona de Guayaquil foi onde fez história, se apaixonou e fixou moradia em 1964.
São 58 anos no Equador, com uma passagem de seis pelo futebol peruano. Tempo de sobra para Moacir ser um embaixador do Flamengo no país e na cidade da final da Libertadores.
O clube programa fazer contato com o ex-jogador antes da final. A única vez que esteve em Guayaquil e o convidou para uma visita foi em 2012, com Ronaldinho Gaúcho. Nada que tire de Moacir o sorriso do rosto.
Sábado, às 17h (de Brasília), ele estará sentado ao lado de seu pandeiro na frente da televisão para torcer pelo Flamengo diante do Athletico-PR.+ Leia mais notícias do Flamengo
Comentários do Facebook -