O Flamengo foi derrotado por 2 a 0 para o São Paulo na noite desta quarta-feira, em Itu, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. A grande revolta dos jogadores rubro-negros, porém, não se deu por conta do resultado negativo, mas sim pela atitude do juiz Alício Pena Júnior de proibir uma manifestação dos atletas em apoio ao movimento do Bom Senso Futebol Clube.

Os jogadores das duas equipes pretendiam ficar de braços cruzados no momento que o árbitro apitasse o início do jogo. No entanto, por ordem da CBF, Alício proibiu tal gesto e ameaçou punir os envolvidos. O volante rubro-negro Elias não escondeu a insatisfação.

"Acho que a ditadura acabou, não é? O que foi colocado para a gente foi uma ditadura. A gente é muito mais forte que isso, acho que com a ajuda do torcedor, todo torcedor, independentemente do time que torce, a gente tem que ir contra esses ditadores que tentaram proibir hoje a manifestação", esbravejou, em entrevista à rádio ESPN.

"Ameaçaram dar cartão amarelo para os 22 jogadores que estavam em campo. Isso não existe isso na regra de jogo", completou Elias, desta vez em declaração para a rádio CBN.

Com a ameaça do trio de arbitragem, os jogadores mudaram a maneira de protestar. Durante o primeiro minuto, os goleiros das duas equipes trocaram passes longos e improdutivos, lançando a bola de um lado a outro do campo, enquanto jogadores de linha ficaram parados com as mãos para trás. Alício Pena Júnior correu nas duas direções, mas não interrompeu a partida.

Entre os jogos que tiveram início mais cedo [19h30 e 21h], o único que não seguiu a liturgia do protesto foi Botafogo x Portuguesa. Sem que se saiba a real intenção dos jogadores, alguns dos 22 titulares ficaram de braços cruzados antes de a partida começar, mas a verdade é que o estádio estava respeitando um minuto de silêncio. Quando a bola rolou, porém, eles agiram normalmente.

Coincidentemente, segundo o blog do jornalista Juca Kfouri, o árbitro Emerson de Almeida Ferreira também ameaçou punir os jogadores de Botafogo e Portuguesa.

Fundado por um grupo pequeno de jogadores para discutir pontos que eles reprovavam no calendário proposto pela CBF para a temporada 2014, o Bom Senso F.C. foi lançado como um manifesto com 75 signatários. Em menos de um mês, o movimento passou de mil adesões.

Além disso, o coletivo estabeleceu plano de atuação em cinco pilares (calendário, férias, pré-temporada, fair play financeiro e participação de atletas em conselhos técnicos de entidades) e conseguiu duas reuniões com a CBF. Nesses encontros, porém, o grupo achou que não foi recebido adequadamente.