Matéria do "Olé", de Ncolás Montalá, traz os desfalques do Racing e um único retorno para o jogo com o Fla — Foto: Fred Gomes

Se o Flamengo faz um 2023 muito decepcionante até o momento e tenta renascer pelas mãos do argentino Jorge Sampaoli, o Racing também está longe de viver dias tranquilos. Conquistou apenas um dos últimos 15 pontos disputados na liga local, voltou a jogar mal e ainda tem um Paolo Guerrero, ex-Fla, sem papas na língua quando o assunto é o banco de reservas. Não bastasse isso, ganhou três desfalques para o duelo com os rubro-negros.

Em conversa com o ge, o jornalista Nicolás Montalá (do Olé e do site Racing de Alma) destrinchou a crise vivida pela Academia, atualmente apenas a 14ª colocada no Campeonato Argentina e dona da quarta defesa mais vazada da competição. Apesar do momento delicado, o time de Avellaneda lidera o grupo do Flamengo na Libertadores, com seis pontos.

Desfalques
No último sábado, na derrota por 3 a 1 para o Boca Juniors, o técnico Fernando Gago perdeu duas peças importantes. O meia Jonatan Gómez, que passou por São Paulo, CSA e Sport, sofreu um estiramento na panturrilha esquerda. Sua saída, aliás, pode fazer Gago trocar o 4-3-3 pelo 3-4-3. Jony Gómez foi titular em 11 das 16 partidas

O duelo na Bombonera deixou outra baixa de ordem médica. Já na reta final do segundo tempo, o lateral-esquerdo Gonzalo Piovi sofreu uma entorse no joelho esquerdo, que culminou na ruptura do ligamento colateral medial. É desfalque para um mês e meio. Sorte de Gago é que Gabriel Rojas, também jogador do setor e um dos poucos reforços que responderam positivamente em 2023, está de volta.

Para completar a lista de desfalques, o meia-atacante Maxi Moralez, expulso contra o Aucas na segunda rodada do Grupo A da Libertadores, também não joga. O trio se junta a Lolo Miranda, Carbonero, Vecchio e Cardona, que já vinham ausentes há mais tempo.

Defesa desguarnecida e time sem reposição
Os problemas de Fernando Gago evidenciam um problema de reposição do Racing em relação a perdas no último mercado de transferências. Na opinião do jornalista Nicolas Montalá, o time chega "golpeado" para enfrentar o Flamengo por ter perdido volume de jogo, ausência de peças e uma queda acentuada no sistema defensivo.

Se no ano passado, quando foi vice-campeã, a Academia sofreu apenas 24 gols em 27 partidas, em 2023 já são 19 em 14 jogos, números que fazem do time de Fernando Gago o quarto mais vazado da liga local.

- O time perdeu o volume de jogo do ano passado e dá muitos espaços na defesa. O Racing chega golpeado, são cinco jogos sem ganhar na liga, com quatro derrotas e um empate. No sábado, perdeu para o Boca, e os torcedores ficaram muito na bronca porque o Racing voltou a jogar mal. Perdeu o funcionamento do ano passado por muitos fatores. Não pôde substituir bem jogadores que saíram, como Carlos Alcaraz e Enzo Copetti. O mercado de transferência de inverno não foi bom, houve muitos desfalques por lesão, o que fatou o time por falta de uma boa reposição - conta Montalá.

Guerrero reclama publicamente da reserva após clássico
Conhecido da torcida rubro-negra por seu temperamento, Paolo Guerrero, hoje aos 39 anos, mostrou-se incomodado com seu aproveitamento nos últimos dois grandes jogos pelo Campeonato Argentino. No último sábado, com a família presente à Bombonera, assistiu do banco à derrota por 3 a 1 para o Boca Juniors.

Treze dias antes, quando entrou somente aos 24 minutos do segundo tempo do clássico de Avellaneda, contra o Independiente (1 a 1), foi aos microfones reclamar da opção de Fernando Gago.

- Todos querem jogar os clássicos, não querem jogar 10 ou 15 minutos. Estou tranquilo, seguirei trabalhando que isso vai melhorar. Não tenho mais o que dizer. Da minha parte me mantenho tranquilo e continuo trabalhando - disse Guerrero, com cara de poucos amigos.

Nicolás Montalá explicou por que Guerrero foi titular em apenas 35% dos jogos disputados pelo Racing:

- Guerrero alterna com Maxi Romero. Nas vezes em que entrou mostrou sua importância com bom jogo de costas para o gol. Meteu três gols, mas não foi titular em muitas ocasiões (apenas cinco de 14 jogos). Se irritou quando jogou pouco no clássico. Está lento na movimentação pela idade, mas é muito respeitado pelos rivais. Gago prefere Maxi Romero porque é mais rápido e pressiona com mais intensidade os defensores rivais.

Gago prestigiado
Embora some apenas cinco vitórias, ocupe a 14ª colocação e tenha a quarta pior defesa da liga local, Fernando Gago está prestigiado no Racing. A diretoria do clube de Avellaneda reuniu-se com o ex-volante da seleção argentina para respaldá-lo.

Apesar da aparente tranquilidade de momento, uma possível não classificação para as oitavas de final da Libertadores, que só será definida no fim de junho, pode mudar os rumos de Gago à frente da Academia.

Diante de um rival estremecido, o Flamengo de Sampaoli tenta se estabelecer em busca de uma sequência de bons resultados. A bola rola para Racing x Flamengo às 19h (de Brasília) de quinta-feira, no Estádio Presidente Perón, o popular El Cilindro.