Um levantamento do espião estatístico do GE publicado hoje traz números impressionantes sobre a ciranda dos treinadores no futebol brasileiro.
Nos últimos 10 anos, Paraná e Vitória, líderes do ranking, tiveram 24 comandantes diferentes. Vinte e quatro. Uma média de 2,4 por ano, ou um técnico a cada cinco meses. Insano.
Não é novidade para ninguém que a continuidade de trabalho no Brasil seja a exceção a uma regra bizarra. Falamos da Era Abel Ferreira no Palmeiras como se representasse uma longevidade monumental, ciclos e ciclos da construção de um estilo, uma mentalidade, uma teoria etc. São dois anos e meio. Guardiola está há sete no City — e venceu agora sua primeira Champions por lá. Arsène Wenger passou 22 à frente do Arsenal. Vinte e dois, aliás, é também o número de treinadores que lideraram o Goiás na última década.
É claro que vivemos uma realidade completamente diferente da europeia. A paciência aqui tem, mas acabou. Não causa qualquer assombro começar a questionar a permanência de um profissional depois de um ou dois meses no cargo. Mesmo os que vêm de fora e mal conhecem os atletas, o calendário, a cena local.
Esse questionamento não parte só da torcida, cujo ofício é, pasmem, torcer e cobrar resultados. Parte da imprensa. De diretorias. De todos os lados. O absurdo está normalizado faz tempo.
Chama a atenção, inclusive, a presença de clubes bem-sucedidos no topo da lista. Clubes que, apesar do caos e da inconstância, alcançaram ótimos resultados.
O Athletico-PR, nesse período, conquistou duas Copas Sul-Americanas, uma Copa do Brasil, vários estaduais e quatro mata-matas de Libertadores, incluindo uma final. Tudo isso com 20 pessoas diferentes no comando.
O Flamengo, que vive a era mais vitoriosa de sua história, passou pela mão de 19 treinadores. Com a saída de Coudet, o Atlético-MG chegará a 16 (tendo voltado a vencer um Campeonato Brasileiro depois de 50 anos e levado, entre outras, duas Copas do Brasil).
Desde 2014, o Galo não começa e termina uma temporada com o mesmo técnico. Entre 2016 e 2019, viveu o que fico tentada a chamar de anarquia, com três nomes por temporada: Diego Aguirre, Marcelo Oliveira e Diogo Giacomini; Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo de Olivera; Oliveira no começo, Thiago Larghi e Levir Culpi; Culpi no início, Rodrigo Santana e Vagner Mancini.
Quem mais impressiona é o Grêmio, com apenas seis treinadores em dez anos, graças, em parte, a uma das passagens de Renato Portaluppi, que durou de setembro de 2016 a abril de 2021.
Mesmo sem trocar de comando desde o fim de 2020, com a chegada de Abel Ferreira, o Palmeiras teve 12 coaches ao longo da década.
No fundo, o ranking mostra duas coisas: é possível operar no caos e treinador de futebol é mesmo a melhor-pior profissão do país. Zero estabilidade, mas enormes oportunidades de emprego e o sonho da multa rescisória própria constantemente realizado.
Veja abaixo a lista completa.
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Técnicos diferentes nos últimos 10 anos
Paraná - 24
Vitória - 24
Goiás - 22
Ceará - 21
Athletico-PR - 20
Atlético-GO - 19
Chapecoense - 19
Coritiba - 19
Flamengo - 19
Santa Cruz - 19
Figueirense - 18
Náutico - 18
Sport - 18
Vasco - 18
Bragantino - 17
Ponte Preta - 17
Atlético-MG - 16 (já considerando a saída de Coudet)
Bahia - 16
Avaí- 15
Botafogo - 15
Cruzeiro - 15
Santos - 15
Corinthians - 14
Internacional - 14
Fluminense - 13
São Paulo - 13
América-MG - 12
Palmeiras - 12
Fortaleza - 11
Grêmio - 6
640 visitas - Fonte: UOL
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