Tão grande quanto a festa da torcida para receber o Flamengo em Madureira foi a revolta de quem desperdiçou algumas horas do dia para comprar ingresso, não conseguiu e ficou do lado de fora do estádio. Ao contrário do que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) havia divulgado na véspera, houve venda de bilhetes ontem no estádio. Na verdade, eles estavam sendo comercializados dentro do Mercadão, mas por motivo de segurança foi tomada a decisão de vender nas bilheterias.

Porém, cambistas fizeram a festa, chegando a cobrar até R$ 90 pelos ingressos. Sócios-eméritos e sócios-proprietários do clube suburbano reclamaram da barração. O público pagante de 2.160 pessoas era praticamente mil a menos do que a carga à venda (3.100).

– Eu sou um dos donos disso aqui. Se venderem a sede do Madureira, vou ganhar uma parte. Não posso ser barrado por um segurança do Flamengo. Isso aqui não é a casa deles. Saí mais cedo do trabalho para vir ao jogo e tenho o direito de entrar – disse o advogado Francisco José Marques, de 52 anos, sócio-proprietário do Madureira.

Na bilheteria destinada à torcida do Flamengo, uma faixa esticada dizia: “O futebol é do povo e o povo está aqui fora”. Quinze minutos após a partida ter começado ainda tinha gente entrando.

– Nunca vi artista ser barrado de um espetáculo do qual ele já fez parte – reclamou Paúra, ex-jogador de Madureira e Botafogo.

– Já vim a jogos contra grandes, mas nunca vi nada igual a isso aqui – avisou Arnaldo Rodrigues de Miranda Filho, de 71 anos, sócio-emérito do Tricolor suburbano.

Brigas não foram registradas.