Entre os milhares de torcedores do Fluminense que buscaram nas últimas semanas ingressos para a decisão contra o Boca Juniors, da Argentina, no próximo sábado, havia uma rubro-negra: Bruna Villeroy, estudante de publicidade de 21 anos, queria presentear a avó tricolor, Dona Nizete, de 81. As entradas da final se esgotaram rápido na venda exclusiva para sócios do Flu, mas ela mobilizou a mãe, o tio, o namorado e uma amiga para tentar uma gratuidade da carga que é exigida por Lei no Rio de Janeiro, destinada a pessoas com deficiência, crianças menores de 12 anos e idosos maiores de 60.

As solicitações para gratuidades abriram na sexta-feira. Quem conseguiu entrar primeiro na fila e enviar os documentos da Dona Nizete foi a amiga, Lara, e depois Bruna recebeu um e-mail de confirmação da Conmebol. Já prevendo a emoção da avó, ela usou o celular para gravar a surpresa e postou o vídeo, que rapidamente viralizou nas redes sociais (veja no vídeo acima) . Em entrevista ao ge , a rubro-negra explicou a ideia e se mostrou dividida para a final:

- O meu lado torcedora do Flamengo obviamente vai torcer para o Boca, mas quero muito que minha avó viva essa experiência e seja muito feliz. Estou muito feliz por proporcionar esse momento para ela. Minha avó é a única tricolor da família. Ela AMA o Fluminense e queria muito ir. Eu sabia que a reação dela ia ser incrível e quis gravar para deixar de recordação, não imaginava essa comoção de tanta gente.

Dona Nizete irá acompanhada de alguns vizinhos tricolores que conseguiram comprar ingressos. Esta não vai ser a estreia dela no Maracanã. Ela já foi outras vezes, a última no ano passado, na despedida do Fred (seu grande ídolo e com quem já falou por videochamada), na vitória por 2 a 1 sobre o Ceará. Entre outras idas, a avó tricolor já foi até "escondida" ver o Fluminense no estádio.

- Teve um dia que não tinha ninguém em casa, só ela, e quando a gente chegou ela não estava. Falei: "Ué, cadê minha avó?" Aqui no condomínio tem piscina, play, fomos lá e não estava. Ligamos para a portaria e falaram que ela tinha saída com a blusa do Fluminense. Aí começamos a ligar para um monte de gente, a rodar tudo, e ninguém acha.

- Passou um tempão, a gente já desesperado, indo em hospital, um caos no Rio de Janeiro, os vizinhos todos mobilizados procurando, chega ela pela porta, com uma bandeira pendurada e sem voz. "Meu Deus, onde você estava? Está tudo bem?" E ela: "Sim, eu fui ao jogo". Foi na época que não precisava retirar gratuidade, você chegava ao Maracanã, mostrava o documento e entrava. Ela foi sozinha, deixou todo mundo doido atrás dela (risos).

Bruna contou que a avó fica eufórica em ir aos jogos, mas explicou que por causa da idade e de muitas vezes não ter companhia as idas ao estádio têm sido cada vez menos frequentes. Porém, com a coincidência da final ser esse ano no Maracanã, a neta alegou que a Dona Nizete merecia estar nessa partida, que talvez seja a mais importante da história do Fluminense:

- Ela fica doida, fica muito feliz de ir ao Maracanã. Hoje em dia ela não vai com tanta frequência por causa da idade e porque nem sempre tem companhia. A gente, flamenguista, não tem como ir no jogo do Fluminense. Então infelizmente não é sempre que ela pode ir, mas nessa oportunidade não tinha como deixar faltar. Minha avó é a pessoa que precisava estar nesse dia. Não tinha ninguém no mundo que merecia mais estar ali do que minha avó. São 81 anos esperando por isso (título da Libertadores). E no Maracanã, é a oportunidade que ela precisava.

Boca Juniors e Fluminense se enfrentam na final da Conmebol Libertadores no próximo sábado, às 17h (de Brasília), no Maracanã. Como a decisão é em jogo único, quem vencer é campeão. Em caso de empate, haverá prorrogação. E se persistir a igualdade, o título será definido nos pênaltis.

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