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Nesta quarta-feira (8), o Palmeiras vista o Flamengo , às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro .

No Rio de Janeiro, o Verdão vai voltar a enfrentar o técnico Tite , que teve uma passagem curta, mas maluca e intensa, pelo Palestra Itália em 2006.

O gaúcho foi contratado em maio daquele ano, assumindo um Verdão em crise após oito jogos sem vitória e dentro da zona do rebaixamento do Brasileirão.

À época, aliás, ele já era escoltado por alguns de seus homens de confiança, como o preparador físico Fábio Mahseredjian e o auxiliar Cléber Xavier , que seguem em sua comissão até hoje.

Sua estreia aconteceu quatro dias depois de sua apresentação, e foi com vitória: 2 a 1 em cima do Santa Cruz , no antigo Parque Antarctica.

Na sequência, porém, a equipe palestrina emendou uma série de quatro derrotas seguidas, mostrando que Tite teria que trabalhar muito para acabar com a crise.

O treinador teve oportunidade de arrumar a casa durante a pausa do calendário para a disputa da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, com o gaúcho fazendo uma "intertemporada" no Hotel Spa Sport, em Itu-SP.

Após o fim do Mundial, os treinos de Tite deram resultado: quatro vitórias seguidas em cima de Vasco , Corinthians , Goiás e Paraná , melhorando muito a posição palmeirense na tabela.

O Alviverde seguiu bem até meados de setembro, quando a coisa degringolou.

Em 17 de setembro, o Palmeiras perdeu para o Cruzeiro , e, quatro dias depois, caiu mais uma vez, desta vez para o Santa Cruz, justamente quando Tite completou um turno à frente do Palestra.

Depois do revés em Pernambuco, o técnico reclamou muito da arbitragem do mineiro Alício Pena Junior . Só que, ao invés de encontrar aprovação entre os diretores da equipe, o comandante enfrentou justamente a reação contrária.

Em entrevista ainda no estádio do Arruda, o lendário diretor de futebol Salvador Hugo Palaia , conhecido por certa vez ter feito uma "autoentrevista" cômica, disparou contra Tite.

"O Palmeiras jogou um futebol medíocre. Isso é o que precisamos avaliar. O Tite tem que calar a boca e parar de reclamar dos juízes. Mesmo que eles [ árbitros ] tenham errado, temos que jogar bola", disparou Palaia.

As palavras não caíram nada bem com o treinador, que inclusive se recusou a entrar no ônibus para voltar com a delegação a São Paulo.

Ainda no Recife, ele comunicou à alta cúpula alviverde que deixaria o cargo e confirmou sua demissão ao retornar de avião à capital paulista, em um rápido anúncio no aeroporto de Guarulhos.

"Disse hoje à tarde aos dirigentes do Palmeiras que estava fora. Quero agradecer ao Palmeiras esta oportunidade que foi dada. Não devo nada a ninguém e vou sair pela porta da frente", limitou-se a dizer.

Com isso, encerrava-se a "era Tite" no Palestra Itália. Foram 20 jogos, com 8 vitórias, 5 empates e 7 derrotas, num aproveitamento de 48,33% .

No restante do Brasileirão, o clube paulista cambaleou bastante, mas escapou do rebaixamento ao terminar em 16º , a 1ª posição acima da zona da degola.

'Nem conseguimos nos despedir dele'

Um dos atletas do Palmeiras que teve contato mais intenso com Tite foi o ex-goleiro Bruno , que defendeu o Verdão desde a adolescência até quase o fim de sua carreira.

O arqueiro foi promovido ao elenco profissional em 2004, mas começou a viajar com frequência para as partidas do time principal em 2006, justamente durante a passagem do gaúcho pelo Palestra Itália.

"Nessa época em estava com 22 anos e foi quando comecei a ir com frequência para os jogos do profissional, porque o Marcos teve uma lesão muito séria no jogo contra o Corinthians e o Sérgio estava com o dedo operado. Então, foi com o Tite que eu comecei a estar sempre presente no banco", recordou o ex-atleta, que hoje mora nos Estados Unidos e trabalha como treinador, em entrevista à ESPN .

"Guardo um carinho muito grande por ele. Sou um felizardo de ter trabalhado com os melhores treinadores do Brasil: Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Muricy, Tite... O Tite é um cara espetacular, sempre cumprimentou do mesmo jeito desde o faxineiro do vestiário até o presidente do clube. Tratava todos de forma igual", exaltou.

"Inclusive mantive muito contato com ele e com os membros da comissão técnica, que estão com ele até hoje. Da última vez que ele esteve nos Estados Unidos a gente se encontrou em Miami. Fui ao treino deles e conversamos bastante, guardo um carinho muito grande por todos", salientou.

Por ter sido o reserva direto do gol em boa parte da "era Tite", Bruno acabou criando uma relação especial com o técnico, já que era praticamente seu "auxiliar" no banco.

"Nessa época, o auxiliar dele, que era o Cléber Xavier, não podia ficar no banco. Ele ficava com um radinho nas tribunas e se comunicava com a gente. Quem tinha a responsabilidade de passar as informações do Cléber para o Tite era eu, que era o goleiro reserva", contou.

"Eu era um moleque novo, tinha começado há pouco a ir para os jogos, mas ficava com essa responsabilidade de 'comandar' o radinho e passar as informações para ele durante os jogos. Lembro também que ele tinha uma lousinha que ficava comigo o tempo todo. Então, quando ele via alguma coisa no campo, gritava para mim: 'Bruno, anota aí: contra-ataque pelo lado direito aos 26 minutos', que eram os pontos que ele ia falar com o grupo no intervalo e tinham chamado a atenção durante o 1º tempo", relatou.

"Eu era o responsável por tudo isso! Ficou muito guardado na minha memória. Aí, no intervalo, enquanto ele falava, eu também subia para o campo antes de todo mundo para ver se o adversário tinha feito alguma alteração. Além disso, eu gostava muito dos treinos dele, eram ótimos. Mas foram esses momentos da pranchete e da comunicação pelo rádio que me marcaram muito", acrescentou.

Curiosamente, Bruno acabou não viajando para o jogo final de Tite, já que Sérgio estava recuperado e Diego Cavalieri atuou como reserva direto.

Ele lembra que o pedido de demissão pegou a todos de surpresa, já que o elenco não conseguiu nem se despedir do técnico..

"Na demissão dele, eu não fui para o jogo, que foi no Arruda. Então, não tive grande participação na história, até hoje não sei direito o que aconteceu. Só vi depois pela mídia, mesmo. Foi uma confusão só. Nem chegamos a nos despedir dele!", exclamou.

Na visão do ex-goleiro, o treinador teria alcançado sucesso no Palestra Itália se tivesse permanecido no cargo, principalmente porque o elenco de 2007 passou por mudanças e ganhou bons reforços.

"Acredito que ele deveria ter ficado mais tempo no Palmeiras. Em 2006, a gente tinha um time legal, mas que tropeçava muito. Quando ele chegou, tivemos uma recuperação boa, principalmente depois da Copa, ganhamos vários jogos em sequência. Depois, deu uma balançada, mas era coisa natural", apontou.

"Ele tinha tudo para fazer sucesso no Palmeiras, pois já era um grande treinador desde essa época. Com mais tempo, era certeza de sucesso, porque nosso elenco tinha qualidade. Em 2007, inclusive, quando veio o Caio Júnior, o elenco ganhou ainda mais qualidade. Acredito que o Tite poderia ter feito sucesso no Palmeiras, sim. deveria ter ficado pelo menos até a temporada seguinte", finalizou.

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