Os gramados dos campos de várzea no bairro Concordia, em Belo Horizonte, geraram frutos e viram uma de suas maiores joias chegar a grandes clubes do Brasil e à seleção brasileira. Bruno Henrique, nascido na Vila Tiradentes, seguiu caminho grandioso. Seu irmão Wander, conhecido como Juninho Neymar, também atuou profissionalmente, mas encontrou o sucesso nos gramados da várzea. - Eu jogo bola desde os nove anos e meu irmão começou comigo. Jogávamos muito no Inconfidência. Em 2012, fui campeão pelo Inconfidência, e essa foi a última vez que a gente jogou junto (Juninho e Bruno Henrique). Juninho Neymar é um ano mais velho do que Bruno Henrique e ganhou esse apelido há mais de dez anos, após platinar o cabelo em homenagem ao craque brasileiro, que à época surgia com sucesso no Santos. A exemplo do irmão, começou a jogar futebol por influência do pai. A família morava literalmente ao lado de um campo.
"Meu pai também gostava de jogar, e a gente morava ao lado do campo... Não tem como ficar sem jogar bola, né?" Juninho começou sua carreira nas categorias de base do Guarani-MG, em 2007, quando ainda era chamado de Vander. Foi emprestado para o Saad-SP e depois retornou à várzea, onde se destacou e foi visto pelo Cruzeiro, em 2012. Ele assinou vínculo com o clube, mas não participou de jogos oficiais.
"Nessa época eu já tinha meus filhos e tudo. Aí eu decidi parar para trabalhar. Continuei jogando no amador, que dava praticamente quase o mesmo valor que eu recebia (no profissional)."
Justamente em função dessa situação, ele teve a oportunidade de jogar ao lado de Bruno Henrique também como profissional. Cedido pelo Cruzeiro, ele atuou junto do irmão no Uberlândia, em 2013, mas as carreiras tomaram rumos diferentes. Dois anos depois, Bruno estava na Série A, defendendo o Goiás, enquanto Juninho se aproximava do final da carreira. Passou pelo Aseev, de Goiás, e se aposentou do futebol profissional vestindo a camisa do Guarani-MG, em 2017, em função de lesões na vértebra. Parou para cuidar dos filhos e conciliar o trabalho com o futebol amador, que também fazia parte da renda.
"Ganho numa faixa de R$ 4 mil por mês. Quando comecei na várzea, eu praticamente vivia só de futebol. Amador de Belo Horizonte paga muito bem."
Futebol amador e comparações com Bruno Juninho é vitorioso na várzea, onde conquistou 14 títulos. No último ano, foi campeão do principal campeonato de Belo Horizonte, pelo Radiante. Ainda venceu duas copas com equipes do interior do estado. Atacante de sucesso e disputado no amador, Juninho não esconde qual a renda que tem no futebol. "Ganho numa faixa de R$ 4 mil por mês. Quando comecei na várzea, eu praticamente vivia só de futebol. Amador de Belo Horizonte paga muito bem." A preparação para os jogos é intensa e conta com treinos diários, além de preparação mental.
"A comparação (com o irmão) é diária. Muitos a favor, muitos contra. Muitos acham que eu poderia estar onde ele chegou. Muitos acham que, por ser irmão dele, tinha que ser melhor que ele. Mas tenho a cabeça bem consolidada sobre isso. O que as pessoas falam, não me abala mais."
Os pais, Bruno Henrique e os dois filhos de Juninho Neymar estão sempre acompanhando a carreira dele na várzea. - A família toda acompanha. O Gabriel (filho mais novo) gosta bastante de futebol, já está no DNA dele. O Enzo não gosta, não leva nem jeito, mas sempre assiste aos jogos. Bruno Henrique gosta de acompanhar. Vai nas finais que consegue, está sempre presente. Futuro Como todo atleta, a carreira de um jogador de futebol amador também tem data de validade. Percorrer todo o estado, jogar em gramados diferentes causam desgaste. Juninho Neymar tem a expectativa de se manter ativo por mais dois anos, mas já estuda para voltar ao futebol profissional, mas fora dos gramados.
"Também estudo. Faço o curso de analista de desempenho da CBF. Tenho vontade de estar em uma comissão, e tendo jogado bola ajuda muito e entender como funciona."
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