O Flamengo encerrou o ano de 2024 como líder isolado em faturamento no futebol brasileiro. Com mais de R$ 1,3 bilhão em receitas, o clube da Gávea manteve a hegemonia nas finanças nacionais. O dado, presente no Relatório Convocados 2025, mostra uma temporada de consolidação — mas também de alerta para os próximos passos. O desempenho esportivo ajudou: a conquista da Copa do Brasil impulsionou premiações e receitas de matchday. O setor comercial arrecadou R$ 323 milhões, mais do que o dobro do Palmeiras e muito à frente dos rivais em patrocínios e fornecimento esportivo. Mesmo com menos vendas de jogadores, o Flamengo superou os R$ 100 milhões em transferências.

O clube manteve seu EBITDA positivo, com R$ 329 milhões, garantindo folga operacional para fazer investimentos e pagar dívidas. As dívidas aumentaram, especialmente por conta das contratações e do investimento inicial no projeto do novo estádio. O caixa foi consumido em ritmo acelerado, reduzindo a liquidez. Em 2025, o Flamengo não terá mais a garantia mínima de receitas com pay-per-view — o novo contrato da Libra vincula parte do pagamento à performance esportiva. A folha salarial segue como a maior do país, impulsionada por altos salários, bônus e encargos pós-Copa do Brasil.
O relatório indica que, apesar do aumento nas dívidas e na folha salarial, o Flamengo ainda tem capacidade de cumprir seus compromissos de curto e longo prazo. A diferença negativa entre entradas e saídas no mercado de transferências (R$ 107 milhões recebidos contra R$ 382 milhões gastos) é sustentada pela geração de caixa e pelo controle operacional. Contudo, com o novo cenário de direitos de transmissão — mais variável e dependente do desempenho em campo —, o clube precisará manter resultados esportivos sólidos para continuar na liderança também fora das quatro linhas.
Além disso, a estratégia de preços no matchday tem gerado críticas da torcida, apesar do bom retorno financeiro. O Flamengo lidera em renda de bilheteria e fatura alto com sócio-torcedor, mesmo sem ter o maior número de associados. Mesmo em um ano eleitoral turbulento e com mudanças internas, o Flamengo mostra que tem base sólida para seguir investindo alto. Mas o clube entra em 2025 com mais dependência de resultados e menos margem de erro. Se o campo ajudar, as contas continuam em ordem. Se não, o alerta passa a valer em dobro.
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