A ausência de Nicolás De La Cruz entre os relacionados do Flamengo para o clássico contra o Fluminense, no último domingo (21), escancarou um atrito interno no Clube que rapidamente repercutiu fora das paredes da Gávea. “Jogador comprado em outra gestão, sem a menor condição, pois apresenta uma lesão crônica e irreparável no joelho direito, e uma lesão também no joelho esquerdo. […] Estamos tentando fazer o possível para que ele possa participar, mas é muito complicado” , escreveu em mensagem vazada nesta terça-feira (22).

A declaração atingiu em cheio Marcos Braz , hoje diretor executivo do Remo, mas que na época da negociação — dezembro de 2023 — era vice-presidente de futebol do Flamengo e participou diretamente da contratação de De La Cruz . O uruguaio custou R$ 102 milhões aos cofres rubro-negros após o pagamento da multa rescisória à vista ao River Plate. Durante uma entrevista em Belém há pouco, Braz foi questionado sobre as falas de Runco . Embora tenha evitado polemizar, não escondeu o incômodo com as insinuações de que teria contratado um jogador sem condições físicas adequadas ao Flamengo. “Eu queria muito te responder… mas, em respeito ao Remo e à torcida do Remo, eu não vou me pronunciar. Mas com certeza, se eu me pronunciasse, nós dois íamos estar estampados em todos os órgãos do país. Eu não vou falar, mas tá aqui (apontando para a garganta)” , disse Braz, com dose de sarcasmo.

A troca de farpas nos bastidores acontece em um momento delicado para o Flamengo. Com seguidas ausências de De La Cruz e um desempenho abaixo do esperado, parte da cúpula do presidente Bap tenta se desvencilhar das decisões da gestão anterior — presidida por Rodolfo Landim e com Braz à frente do futebol.

Desde que assumiu a nova diretoria, em dezembro de 2024, o presidente Luiz Eduardo Baptista (Bap) nomeou Runco para o departamento médico, marcando o retorno do médico ao Clube. O tom da crítica de Runco, no entanto, chamou atenção pela contundência e pela exposição pública de uma leitura médica sensível.