Vestir a camisa de um dos maiores clubes do futebol brasileiro e ouvir uma das torcidas mais apaixonadas do mundo entoar seu nome é o sonho de muitos jogadores de futebol. Foi com essa expectativa que Serginho Barboza , o "Jogador Dublê" , encarou um novo capítulo em sua carreira, após anos de experiências desafiadoras pelo mundo da bola. No entanto, o que o aguardava superaria qualquer previsão; de fato, uma vivência inédita estava a caminho. Em entrevista exclusiva ao Lance!, ele revelou os bastidores dessa história. Assista no vídeo acima. Garoto do Ninho, Serginho integrou uma geração considerada promissora, ao lado de nomes como Samir (zagueiro), Adryan (atacante) e Muralha (meia). Contudo, o caminho até os profissionais foi bloqueado por um conhecido plantel do Flamengo, liderado à época por Ronaldinho Gaúcho. Sem espaço, ele viu-se obrigado a trilhar rotas alternativas. Ponta-direita de origem, Baborza nunca se limitou às extremidades das fronteiras sul-americanas. A partir de então, foram inúmeros clubes: Costa Rica (Limón), Guatemala (Comunicaciones B) e Honduras (Juticalpa), Laos (Master 7), Camboja (Svay Rieng), Nepal (Dhangadhi) e Índia. No sétimo maior país do mundo, inclusive, ele deixou seu legado, atuando por cinco clubes: Punjab, Minerva Academy, Delhi, Rajasthan United e Malappuram. Todo esse percurso culminou em sua primeira experiência no futebol europeu, marcando o terceiro continente explorado pelo atleta em sua trajetória como verdadeiro andarilho. Só que não era bem assim.
Após vivenciar os primeiros impactos da pandemia enquanto atuava na Índia, Serginho enfrentava meses de inatividade e escassez de oportunidades no futebol. — Precisava acertar uma parada para poder voltar a jogar. O empresário daqui me liga: "Europa, bora?" "Claro!". Agora vai dar bom, acho meus números lá ainda estão valendo. Aí ele deu uma sumida e volta: "bora para o Corinthians?" "Bora, tá maluco". Daqui a pouco o contrato no "zap" chega: Corinthians de Malta — explicou Serginho. — Fui para lá, mas era pandemia. País top demais, tudo limpinho. Eu acostumado com América Central e Ásia. Só que tava muito restrito — completou. O time era o Zejtun Corinthians Football Club, mais conhecido como Zejtun, localizado na cidade homônima, em Malta, arquipélago situado na região central do Mediterrâneo. Carinhosamente, para Dublê, o "Corinthians de Malta".
Contudo, a passagem do brasileiro pelo time não teve um desfecho esportivo pacífico. Em meio ao agravamento da crise sanitária, a liga foi suspensa devido à pandemia. Antes da paralisação, a equipe já enfrentava dificuldades: vinha de uma campanha abaixo das expectativas, ocupando as últimas posições da tabela, em parte por enfrentar os adversários mais fortes da competição nas rodadas iniciais. Após o "lockdown", a situação se agravou. Sem conseguir reagir à altura da pressão, o clube acabou sendo rebaixado para a segunda divisão local.
Ao todo, foram dez países, 16 clubes profissionais e uma coleção de histórias tão diversas quanto improváveis. Serginho encontrou, curiosamente, seu verdadeiro lugar não em campo, mas na palma da mão, por meio de um celular.
Sem filtros, sem glamour e com muito carisma, "Dublê" virou sensação. Em um mês no Instagram, os números falam por si: 18 milhões de visualizações, 1,7 milhão de contas alcançadas em vídeos carregados de autenticidade e bom humor. Em um ambiente cada vez mais controlado por assessorias e falas planejadas, seu conteúdo representa um sopro de espontaneidade. Agora, embalado pelo sucesso viral, Serginho tem um novo e ambicioso objetivo: entrar para o Guinness Book. Ele almeja ser o primeiro jogador da história a marcar um gol e distribuir uma assistência em todos os seis continentes do globo. A missão já está parcialmente cumprida — faltam África e Oceania para completar o feito. Para quem já deixou sua marca em quatro blocos geográficos, o desafio parece grande, mas está longe de ser impossível.




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