O Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu recorrer da decisão judicial que absolveu os réus envolvidos no trágico incêndio que ocorreu no Ninho do Urubu, onde dez jovens atletas perderam a vida em 2019. Na avaliação do procurador Mansur, essa absolvição representa "um desserviço à sociedade". O recurso foi protocolado na última sexta-feira (24) e foi imediatamente recebido pela juíza Clara Maria Vassali Costa Pereira da Silva, responsável pela 36ª Vara Criminal. Com isso, o Ministério Público irá apresentar suas justificativas, enquanto os sete réus terão a oportunidade de se manifestar antes que a decisão seja levada à instância superior.
Na terça-feira (21), outro desdobramento judicial indicou que a investigação realizada pela Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público foram consideradas insuficientes para indicar a autoria e os indícios de crime necessários para uma condenação. O incêndio, que vitimou dez jovens atletas, foi causado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado, segundo as investigações. O juiz Tiago Fernandes de Barros, que proferiu a sentença, destacou que a denúncia do MP foi elaborada de forma genérica e contraditória. Ele enfatizou que a prova técnica não alcançou o grau de certeza exigido pelo Direito Penal, e que quando a dúvida emerge do saber especializado, a absolvição torna-se não apenas justa, mas legalmente necessária.
O magistrado ressaltou diversas contradições na acusação. A tese do Ministério Público sugeria que houve falha na manutenção de um aparelho de ar-condicionado, realizado por um técnico dois dias antes da tragédia, no entanto, o juiz verificou que o reparo não foi feito no equipamento que realmente pegou fogo. A sentença ainda apontou insuficientes investigações sobre falhas estruturais graves nas instalações do Ninho, como disjuntores superdimensionados e cabos subdimensionados, além da falta de um sistema de desligamento automático em caso de sobrecarga.
Entre os réus que foram absolvidos estão figuras-chave do Flamengo, como Antônio Marcio Mongelli Garotti, diretor-financeiro do clube, e outros engenheiros responsáveis pela manutenção e instalação dos equipamentos. A Polícia Civil afirmou ter realizado todas as diligências necessárias para responsabilizar os culpados e o Ministério Público busca reverter a absolvição.
Em relação às vítimas do incêndio, uma lista de nomes foi divulgada, incluindo Athila Paixão e Christian Esmério, que tinha apenas 15 anos e era monitorado por seleções de base internacionais. Em fevereiro, o Flamengo anunciou termos um acordo com a família de Christian, sendo esta a última das dez famílias a receber uma indenização, formalizando um total de dez acordos desde a tragédia até o final de 2021.




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