No dia 18 de agosto, o Flamengo, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, realizou o seminário intitulado "Valorização da Cultura Negra nos Esportes: Identidade e Desafio". O evento ocorreu no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado no Centro do Rio de Janeiro, como parte das celebrações do Dia da Consciência Negra.
Dentre os participantes estavam representantes de clubes como Athletico Paranaense, Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo e Vasco, assim como atletas olímpicos vinculados ao Flamengo. O seminário promoveu um debate enriquecedor sobre questões antirracistas e o potencial transformador do esporte na sociedade. A apresentação foi conduzida por Emerson Santos, narrador da FlamengoTV, juntamente com Ricardo Campelo, vice-presidente de Responsabilidade Social do Flamengo, e Lavito Bacarissa, presidente da Comissão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Embora sejam adversários em campo, os clubes presentes uniram forças com Camila Nascimento, gerente de Responsabilidade Social do Flamengo, para discutir o legado que o clube aspira, buscando garantir que pessoas negras possam ocupar qualquer posição no esporte. Nelson Barros Neto, coordenador de Conteúdo do Bahia, mencionou o firme posicionamento do Flamengo no caso Gerson, enquanto o historiador do Vasco, Walmer Peres, discorreu sobre as iniciativas de letramento para jogadores e torcedores.
Durante o debate, Rubens Neves, diretor da Funcap (Fundação Athletico Paranaense), destacou a importância da criação de um canal de denúncias contra discriminação, e Débora Froquet, coordenadora de Gente e Cultura do Botafogo, relatou a expulsão definitiva de um sócio-torcedor envolvido em um ato racista no estádio. Henrique Muzzi, diretor de Comunicação do Instituto Galo, ressaltou a necessidade de mais seminários desse tipo para promover uma evolução no futebol em relação a esses temas.
Histórias de superação, coragem e orgulho foram compartilhadas em um painel que enfatizou o papel essencial dos atletas na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Lorrane Oliveira, medalhista olímpica em ginástica artística, Gui Deodato, ala-armador do Flamengo e da Seleção Brasileira de basquete, e Giovana Santos (Gigi), judoca bicampeã brasileira, participaram deste debate mediado por Ingrid David, especialista em Relações Étnico-Raciais e Acessibilidade.
A ginasta emocionou o público ao expressar seu desejo de ver "os negros continuando no topo da ginástica, conquistando o que merecem". O jogador de basquete destacou a necessidade de um "letramento racial em busca do bem comum", enquanto Gigi revelou sua esperança por um futuro livre da injusta preocupação com a cor da pele.
Profissionais e instituições dedicados à promoção da educação antirracista compartilharam práticas e reflexões sobre a construção de um ambiente esportivo mais justo e consciente. Entre os participantes estavam Mario Love, da Central Única das Favelas (Cufa), Barbara Azeo, gestora cultural da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, Yago Feitosa, mestre em Educação das Relações Étnico-Raciais e Vitor Matos, mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos no Ministério da Igualdade Racial.
No ano de 2025, o Flamengo formalizou seu compromisso antirracista através de uma medida histórica, que incluiu novos parágrafos em seu Estatuto. Essas mudanças tornaram inegociável a luta contra o racismo em todas as esferas do clube — esportivas, sociais, culturais e profissionais. Foram introduzidas penalidades severas para práticas discriminatórias, como a suspensão e expulsão de associados, além da rescisão de contratos de prestadores de serviços.
Além da atualização estatutária, o Flamengo também implementou formações em letramento racial para atletas de várias modalidades, como futebol, judô, basquete, remo e vôlei, além dos educadores do projeto social "Jogaremos Juntos". Essas atividades foram conduzidas por profissionais e instituições reconhecidas, com o intuito de ampliar a compreensão sobre racismo e promover atitudes de respeito e equidade no ambiente esportivo.
A Responsabilidade Social do Flamengo é um movimento contínuo que abrange Educação, Inclusão Social, Sustentabilidade e Saúde e Qualidade de Vida. Cada ação desse projeto reflete um compromisso com a transformação de realidades e o papel ativo do clube na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.




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