O Club Universitario de Deportes se prepara para receber os gigantes Palmeiras e Flamengo na final da CONMEBOL Libertadores, marcada para este sábado (29), às 18h (horário de Brasília). A transmissão ao vivo será feita pelo Disney+. Com um desempenho excepcional, o clube peruano conquistou recentemente seu terceiro título consecutivo no Campeonato Peruano, celebrando o tricampeonato de forma impressionante: garantiu o Torneio Clausura com três rodadas de antecedência e, ao vencer também o Apertura, eliminou a necessidade de finais.

No entanto, o Universitario enfrenta desafios significativos. Desde 2012, o clube está sob intervenção estatal devido a dívidas enormes, uma situação que se tornou comum no futebol peruano. Tal intervenção visa garantir que o time continue competindo, enquanto é responsabilizado pelo pagamento de seus credores. Este ano, para demonstrar seu comprometimento, o Universitario organizou um evento para quitar dívidas com antigos funcionários, incluindo os colaboradores mais humildes da instituição. A gestão do clube é coordenada por um órgão conhecido como SUNAT, e possui um administrador indicado por este órgão responsável por viabilizar as atividades econômicas da equipe.

Além disso, uma 'Junta de Credores' se reúne periodicamente para aprovar o planejamento financeiro do clube, que já esteve à beira da liquidação. A principal dívida do Universitario é com a construtora GREMCO, que foi responsável pela construção do estádio Monumental, onde a final da Libertadores ocorrerá. As estimativas sugerem que a dívida do clube com a empreiteira gira em torno de 60 milhões de dólares, equivalente a aproximadamente R$ 322,8 milhões na cotação atual.

Apesar dos problemas financeiros, o time tem mostrado uma boa performance em campo. Com jogadores talentosos como Flores, Polo, Concha, Valera, além do paraguaio Riveros e do uruguaio Di Benedetto, o Universitario conseguiu avançar para as oitavas de final da Libertadores após 15 anos. No entanto, foi eliminado pelo Palmeiras, que viu o surgimento da dupla Flaco-Roque durante a partida em Lima.

Por outro lado, seu grande rival, o Alianza Lima, mesmo não se destacando a nível local, trouxe alegrias aos torcedores no cenário continental. Sob a liderança de Barcos e Guerrero, a equipe fez uma campanha notável na Libertadores, superando tabus e eliminando o Boca Juniors na fase preliminar e, após avançar para a Sul-Americana, chegou às quartas de final, onde foi eliminada pela Universidad de Chile.

O Alianza Lima também é administrado por um administrador indicado pela ‘Junta de Credores’, no caso, o engenheiro Fernando Cabada. O Cienciano, outro clube que teve um desempenho interessante na Sul-Americana, já não permite que seus sócios elejam o presidente há vários anos.

Enquanto os clubes estão mostrando melhora, a seleção peruana enfrenta sérias dificuldades em replicar o sucesso de 2018, quando participou da Copa do Mundo após um longo jejum de 36 anos. A geração anterior, composta por jogadores como Guerrero, Farfán e Cueva, envelheceu e não foi sustentada por uma renovação de mesmo nível. Atualmente, as listas de convocação não incluem atletas atuando nas principais ligas europeias, com a maioria jogando em clubes locais. O Peru até recorreu ao italiano Gianluca Lapadula, cuja mãe é peruana, mas isso não resolveu os problemas. O time perdeu nos pênaltis para a Austrália na repescagem para a Copa de 2022 e, na jornada para o Mundial da América do Norte no próximo ano, venceu apenas dois jogos, terminando em nono lugar entre dez participantes, sem chances de repescagem.

Jorge Fossati, técnico campeão pelo Universitario em 2023, deixou o clube para comandar a seleção, mas retornou para levar a equipe ao tricampeonato em 2025. O futebol peruano, portanto, continua sua trajetória, equilibrando-se entre intervenções estatais e sérias dificuldades na formação de novos talentos, sustentado mais pela paixão de seus torcedores do que por outra razão.