Rodrigo Souza tentou se passar como atleta de futebol para aplicar golpes em clubes e empresários desavisados. Para dar força ao plano, ele se apoderou de uma imagem de Deivid na internet para se dizer atleta profissional. A ideia era confundir quem olhasse a figura, induzindo a achar que havia de fato uma ligação do "fake" com o time da Gávea.

A redação do UOL Esporte recebeu em dezembro do ano passado um e-mail enviado pela assessoria de Rodrigo Souza, onde era dito que ele defendia o Flamengo. O texto continha uma foto anexada de baixa resolução de um atleta chutando a bola durante treino, em que supostamente era ele. A reportagem conferiu que o jogador da imagem, na verdade, era o atacante Deivid.

O falso jogador aproveitou que a imagem não mostrava Deivid claramente, dando a impressão de que era Rodrigo, e não Deivid. A resolução da foto foi alterada, dificultando a percepção da farsa.

O UOL Esporte encontrou a origem da foto apresentada por Rodrigo Souza. A figura de Deivid usada por Rodrigo para se passar como jogador de futebol foi extraída sem a permissão do site oficial do Flamengo, detentor dos direitos da imagem.

Rodrigo usava materiais feitos pela sua assessoria para dar “veracidade” à mentira, aplicando golpes em empresários. O falso jogador tentou vender “50% de seus direitos econômicos” por R$ 1 milhão, prometendo lucro imediato a quem investisse na compra.

Ele usava a seguinte estratégia para ludibriar empresários: dizia que quatro clubes europeus estavam interessados em contratá-lo, com propostas que bateriam US$ 4,5 milhões (R$ 8,8 milhões). O empresário que pagasse R$ 1 milhão por metade dos direitos poderia ter em curto prazo retorno de US$ 2,25 milhões (R$ 4,4 milhões), que seria os 50% da venda internacional.

Um empresário que não se quis se identificar à reportagem emprestou R$ 4 mil ao falso jogador para ajuda de custo.

Outro enganado por Rodrigo foi Wilson Parreira, encarregado de buscar clubes para o “atleta fake”. Wilson conta que passou a desconfiar do “lateral-direito” após o terceiro contato.

“Ele tem uma lábia impressionante. Eu cheguei a pagar uma refeição para ele achando se tratar de uma pessoa que precisava de ajuda no início de carreira, mas sinto uma profunda decepção por isso”, diz Wilson.