Descontraído, Meyinsse brinca com Marcelinho no treino do Flamengo (Foto: André Durão)

Em poucos minutos, quem conversa com Jerome Meyinsse vê que se trata de um personagem diferenciado no cenário habitual dos "boleiros". Uma mistura de timidez e ousadia dita a personalidade do americano. Falar o que pensa, sem censura, é algo comum, assim como a cabeça baixa e os olhos fechados, características que demonstram sua falta de "habilidade" para ser entrevistado. Porém, quando se solta, esbanja sinceridade e bom humor. Frases feitas não são do seu feitio. Apesar do bom humor, ele também fala série. Neste sábado, contra o Paulistano, ele espera levantar a taça de campeão do NBB 6 para dedicar ao pai, falecido no começo do ano.

Fã de música (gosta de tocar trompete), Meyinsse aprendeu a ouvir o som suingado de Seu Jorge, principalmente depois de saber que o cantor chegou a ser morador de rua por três anos. O funk carioca de Mr. Catra também faz parte do setlist do seu celular. Uma cerveja na praia de Ipanema e uma tigela - às vezes duas - de açaí são os encantos que o "menino" de 25 anos e 2,07m descobriu em seus oito meses de Rio de Janeiro. Quer dizer, quase todos.

- As mulheres também (risos). Se pudesse falar uma coisa de que gosto muito daqui para meus amigos americanos, eu falaria das mulheres - confessou.

Meyinsse não tem vergonha de assumir que as curvas das brasileiras são as melhores de todas que já viu na vida. Quando o compatriota Tony Washam chegou ao Rio, ele prometeu mostrar ao velho amigo as belezas cariocas. O jeito um tanto fanfarrão em determinados momentos não tira a seriedade dentro de quadra. O atleta deixa claro que sabe separar a hora de brincar e a de falar sério.

- Sei que meu trabalho vem em primeiro lugar, não faço nada para atrapalhar meu desempenho, mas, sempre que posso, que tenho uma folga, gosto de sair para me divertir, beber e curtir o Rio - disse o americano, apenas lamentando não ter muitas opções de karaokê, onde era frequência constante nos tempos nos Estados Unidos.

E os números corroboram suas palavras. Vestindo a camisa rubro-negra, em sua primeira temporada no Brasil, o sósia de Dwight Howard foi peça fundamental nas conquistas do Estadual e da inédita Liga das Américas e brilhou na classificação do Flamengo à final do NBB, ao marcar 34 pontos diante do Mogi, na casa do rival, no quarto jogo da série melhor de cinco.


Jerome Meyinsse no seu único dia de folia do Carnaval carioca (Foto: Reprodução / Instagram)

Homenagem ao pai

Porém, em meio a tantos focos, o seu objetivo principal é conquistar seu terceiro título na temporada e manter os 100% de aproveitamento no clube carioca. Neste sábado, ele pode ratificar seu nome como o americano mais importante do Flamengo neste século. O título seria uma grande vitória ao jogador que começou o ano sofrendo a maior derrota de sua vida.

- Perdi meu pai (Joseph Meyinsse) no início do ano. Foi muito duro para mim. Ele era o meu maior torcedor, sempre gostou de falar de mim para os amigos. Não era de aparecer, gritar muito em meus jogos, mas sempre me dava dicas. Nunca jogou basquete, mas sempre teve opinião.

Penso nele sempre antes dos jogos e sei que ele está me assistindo. Uma vitória no sábado será dedicada ao meu pai - falou o emocionado Jerome Meyinsse.

O pivô e o Flamengo recebem o Paulistano neste sábado na Arena da Barra para grande final do NBB 6. Caso conquiste o troféu, o Rubro-Negro se torna tricampeão e empata com o Brasília no número de títulos. A vitória paulista dará ao visitante o primeiro caneco do torneio. O GloboEsporte.com transmite a partida em Tempo Real a partir das 9h. A TV Globo e o SporTV exibem a decisão às 10h10.


Ao lado de Olivinha, Meyinsse é o responsável por fechar o garrafão do Flamengo (Foto: André Durão)