Hotel escolhido pela seleção francesa no interior de São Paulo tem "ar caipira" (Foto: Cleber Akamine)

Quando o técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, escolheu Ribeirão Preto para ser sub-sede durante a Copa do Mundo, ficaram implícitos - ou seriam explícitos? - desejos e intenções do comandante: fugir das badalações, dos grandes centros e das belas paisagens naturais que outras sedes como Rio de Janeiro e Salvador poderiam oferecer. Localizada a 315 km da capital paulista, a cidade interiorana, ou melhor, o hotel escolhido pelos Bleus, ainda preserva algumas de suas raízes caipiras.

Afastado dos bairros residenciais e comerciais e da região Central, o resort cultiva uma vasta área verde. Em cada quarto, os hóspedes têm acesso fácil às áreas de lazer, a partir de um gramado, simulando uma varanda, uma casa de campo.


Hotel oferecerá refeições na parte externa, próximo à piscina, a pedido da Federação Francesa (Foto: Cleber Akamine)

PRÓS E CONTRAS

Às margens da Rodovia Anhanguera, pássaros e galinhas d'angola dominam o som ambiente, praticamente imune à poluição sonora. Outro fato que chamou a atenção dos franceses é o por do sol. As poucas nuvens e o céu avermelhado devem fazer companhia a Ribéry e Benzema, que farão refeições "a céu aberto", ao lado da piscina, a pedido da própria Federação Francesa.

Os pedidos da delegação francesa não ficaram restritos ao local da refeição. Adequações mais simples, como a substituição de sabonetes em barra pelos líquidos, e outras nem tanto, como pintar todos os 23 quartos dos jogadores de uma mesma cor e estilo para que todos fiquem num mesmo lugar, sem privilégios - apenas 60 dos 157 apartamentos serão utilizados pelos franceses -, também entraram na lista de "exigências".


Com manchas e desníveis, gramado do hotel não está em boas condições (Foto: Cleber Akamine)

Dos afazeres, talvez o que mais preocupa - e aparenta estar atrasado - é a reforma do pequeno gramado que poderá ser utilizado. Mesmo tendo o estádio Santa Cruz como centro de treinamento oficial, a Federação Francesa de Futebol pediu reparos no pequeno campo, além da instalação de três traves com medidas oficiais para treinar goleiros e cobranças de pênalti.
A reportagem do GloboEsporte.com esteve presente no último dia 21 e constatou que algumas imperfeições - desníveis e falta de grama em alguns pontos - podem derrubar as intenções de Deschamps. A quadra de tênis, diferente do campinho, está apta a receber partidas.

Outras solicitações com menor grau de exigência também estão sendo providenciados. Serão disponibilizados quatro videogames em uma sala com televisores LED e poltronas para o "salão de jogos". Além deste quarto adaptado, será disponibilizada uma sala para tratamento médico.

No hotel, existe uma academia pequena, com quatro esteiras, uma bicicleta ergométrica, um aparelho de step, além de um equipamento de musculação multifuncional. Segundo um dos funcionários do hotel, um novo espaço "construído" para que o elenco francês consiga cumprir os trabalhos físicos.


Seleção francesa não vai usar academia do hotel; novo espaço terá mais equipamentos (Foto: Cleber Akamine)

IDIOMA E COSTUMES

Assim que o acordo foi firmado com o hotel, os funcionários escalados para trabalhar durante o período da Copa começaram a estudar a língua francesa. Embora a cozinha seja comandada por um chef francês, garçons, por exemplo, atenderão jogadores e comissão técnica diretamente. Palavras e frases que são usadas com mais frequência já fazem parte do vocabulário da equipe de funcionários que atenderão diretamente os Bleus.

Um dos recados a serem passados aos franceses, inclusive, é com relação ao descarte do papel higiênico. Na Europa, é comum as pessoas jogarem o papel no vaso sanitário e acionarem a descarga. Porém, no Brasil, o encanamento não suportaria e, logo na chegada, os franceses serão informados sobre o cesto de lixo disponível em cada banheiro.


Quartos dos 23 jogadores terão a mesma pintura (Foto: Cleber Akamine)