Não chegou a ser um show de bola, mas a goleada que se esperava aconteceu e o Brasil garantiu o primeiro lugar no seu grupo, derrotando Camarões, sem dificuldades, graças a um primeiro tempo de gala de Neymar, autor de dois gols e, agora, líder dos artilheiros da Copa, com quatro.



O moicano do topete descolorido pintou e bordou no Manezão. Usando e abusando dos dribles de efeito — lençol, calcanhar, pedalada etc — chegou a exagerar um pouco, mas como é, disparado, o melhor do time e foi decisivo, só recebeu merecidos aplausos e entusiasmados coros com o seu nome.



Poupado, saiu aos 25 minutos do segundo tempo, após sofrer leve entorse no tornozelo direito. Para alívio da torcida, nada grave. Ainda bem, pois uma vez mais ficou evidente a enorme dependência que a equipe tem de seu talento. Depois que deixou o campo, o jogo, que já não era lá grande coisa, se transformou numa animada pelada e o Brasil fez mais um gol, fechando a conta em 4 a 1. Que venha o Chile!





Um novo Kleberson?



Em apenas um lance, Fernandinho fez mais do que Paulinho em dois jogos e meio. Começou com ele a boa jogada que originou o gol de Fred (enfim!), logo aos quatro minutos do segundo tempo, tranquilizando de vez o Brasil e levando Felipão a fazer uma careta, no banco, colocando a língua pra fora, como a dizer “Ufa! Até que enfim!” Um pouco pelo gol do centroavante, outro pela certeza de que, com 3 a 1, a fatura estava praticamente liquidada.



A entrada de Fernandinho possibilitou também a criação de jogadas pelo meio, algo raro na seleção brasileira nesta Copa. Com o fraco rendimento de Paulinho e o posicionamento de Oscar aberto na ponta, quase todos os lances de ataque do Brasil eram iniciados com chutões pra frente ou lançamentos longos de Thiago Silva e David Luiz.



Ao final, para coroar a sua ascensão ao time titular, Fernandinho ainda marcou um gol, numa linda triangulação com Oscar e Fred. Resumo da ópera: Paulinho já era.





Atuações



Além de Neymar e Fernandinho, estiveram muito bem os dois zagueiros de área, David Luiz e Thiago Silva e o cabeça de área Luiz Gustavo (autor do desarme e do passe para o primeiro gol).



Os demais ou foram discretos ou jogaram mal, como Daniel Alves (envolvido no único gol de Camarões na Copa) e Hulk, que lutou muito mas errou praticamente tudo o que tentou.



Fred foi outro que andou brigando com a bola mas marcou o seu gol e participou bem do feito por Fernandinho. Que possa deslanchar daqui pra frente.





Peladão



Até o gol de Fer, aos 31 minutos do segundo tempo, Holanda e Chile faziam um jogo amarrado, faltoso e sem brilho. Depois dele, os chilenos se lançaram desordenadamente ao ataque e abriram os espaços que os holandeses precisavam para liquidar a fatura. Pra variar, mesmo sem marcar, Robben foi o melhor em campo. É um cracaço!



Nenhuma das duas seleções, porém, chegou a jogar um futebol de meter medo. O problema é que, diante do que nós também estamos jogando, qualquer adversário é duro. Mas, pessoalmente, sempre preferi os chilenos, sobre os quais, no futebol, os brasileiros têm histórica ascendência psicológica.



O Chile pode ser o adversário perfeito para que o Brasil ganhe moral e se acerte de vez. Sonhar não custa nada...







Jogo de compadres?



Situação delicada a do Grupo G, onde Gana e Portugal se enfrentarão na última rodada, ainda sonhando com uma vaga mas dependendo do resultado de Alemanha e EUA, que se classificam com um empate no jogo em que se enfrentarão. Para tornar a coisa ainda mais complicada, o treinador dos alemães é Joachim Low, ex-assistente do atual técnico dos EUA, (e seu compatriota) Jurgen Klinsmann...





Pobre Neymar...



Suas costas devem estar doendo...