Não fosse o belo gol de Oscar, de bico, já ao apagar das luzes do Itaquerão, a importante vitória brasileira, em sua tão esperada estreia na segunda Copa por aqui, teria sido irremediavelmente maculada por um erro grosseiro de arbitragem do japonês Yuichi Nishimura, que marcou um pênalti inexistente em Fred, num lance em que o centroavante do Brasil se jogou escandalosamente ao chão ao ser tocado de leve no ombro pelo zagueiro Lovren.

Até a penalidade, que Neymar converteu sem bater bem (o goleiro Pletikosa chegou a espalmar a bola), a seleção dirigida por Luiz Felipe Scolari penava para dobrar um adversário que jogava todo atrás, é verdade, mas pouco era ameaçado.

A partida, é importante ressaltar, foi difícil o tempo todo. A começar pelo gol contra marcado por Marcelo, bem no início do primeiro tempo, quando os croatas se lançaram surpreendentemente ao ataque e já tinham criado duas outras boas oportunidades até chegar ao 1 a 0, que colocou à prova os nervos de nossos jogadores — havia uma grande interrogação de como um time jovem e inexperiente como o nosso reagiria ao ficar em desvantagem.

Até que se saiu bem. Pelo menos não se apavorou e passou a dominar a partida, embora encontrasse muita dificuldade para ameaçar o gol croata.

Neymar, como de hábito, concentrava praticamente todas as jogadas de ataque e, numa delas, após receber uma bola roubada por Oscar (que jogava bem), empatou com um chute fraco, mas colocado, de fora da área.

Ao levar a igualdade para o vestiário, no intervalo do primeiro para o segundo tempo, o Brasil garantiu também a tranquilidade de voltar a campo sabendo que teria mais 45 minutos para virar um jogo que já lhe era favorável.

A providencial ajuda do juiz facilitou as coisas — mas, também, ameaçou manchar a estreia brasileira e reforçar os tolos boatos de que a Copa “já está comprada” por nós.

Menos mal que Oscar acabou fechando a conta e diminuindo um pouco a polêmica. Não merecíamos começar com uma vitória vergonhosa.

Arrepiante

Assim como aconteceu na Copa das Confederações, foi de arrepiar o hino cantado à capela, depois que o som da Fifa parou! A energia vinda das arquibancadas é, sem dúvida, um reforço de peso nesse Mundial. Mas, além do empolgante incentivo cívico inicial foi decisivo também o apoio do torcedor, mesmo quando o Brasil perdia.

Apagão

E não é que houve apagão de parte dos refletores do Itaquerão? Menos mal que ocorreu enquanto havia claridade para continuar o jogo.

Inversão

Felipão colocou Hulk na esquerda e Oscar na direita. O armador se deu muito bem. Já o atacante mal viu a bola.

Bom presságio?

Não é a primeira vez que Scolari estreia numa Copa com uma vitória ajudada pela arbitragem. Em 2002, contra a Turquia, também foi marcado a favor do Brasil um pênalti inexistente em Luizão — que, assim como Fred, fez um “teatro” que iludiu o juiz. Graças a ele, vencemos a Turquia por 2 a 1.

Coro de reprovação

Não adiantou a presidente Dilma Rousseff abandonar o protocolo e evitar o discurso antes de a bola rolar na Copa do Mundo no Brasil. Tão logo se encerrou a cerimônia de abertura e fez-se um momentâneo silêncio no estádio, surgiu a imagem dela na TV e brotou das arquibancadas do Itaquerão um coro forte, uníssono, hostil e grosseiro. Coincidência ou não, a partir daí, os alto-falantes do estádio não silenciaram mais, tocando músicas de filmes de propaganda em som bem alto. As manifestações, porém, continuaram durante o jogo. A maior delas logo depois que o Brasil fez 2 a 1 e a torcida relaxou, esquecendo-se momentaneamente do que ocorria em campo e voltando a hostilizar a presidente.