Para Zico, vitória da Alemanha sobre o Brasil foi uma "aula" (Foto: Reprodução SporTV)

Zico demonstrou profunda preocupação com a forma que o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo, diante da Alemanha, com uma goleada por 7 a 1. Entretanto, além da partida que apagou o sonho do hexa em casa, o Galinho citou o romance "Jogos Vorazes" para definir o espírito da Seleção nesse Mundial. A obra da escritora Suzanne Collins conta a história de um grupo de adolescentes que, após passarem por um sorteio, participam de uma batalha televisionada em que lutam até a morte, restando apenas um sobrevivente que é declarado como vencedor.

- Dá a impressão que o Brasil veio participar dos "Jogos Vorazes", veio sobreviver. Cada jogo do Brasil parecia uma coisa de vida ou morte. E futebol não é isso. Futebol é espetáculo, é felicidade para poder desempenhar bem a criatividade, o repertório. E eu vi isso somente no Neymar, que estava jogando, estava feliz, estava se divertindo - comentou.

Zico fez parte da Seleção que disputou o Mundial de 1982 que, embora não tenha conquistado o título, foi vista como uma das mais encantadoras da história. Também com a experiência de ter participado das Copas de 1976 e 1986, o Galinho apontou alguns pontos a serem esclarecidos. O ex-camisa 10 classificou a derrota para a Alemanha na semifinal como pane, disse ser inadmissível a troca de passes que aconteceu dentro da grande área brasileira em no terceiro e no quarto gol alemão, feitos por Toni Kroos, e chamou a derrota de "aula".

- A Alemanha jogou um futebol de qualidade, de técnica, usufruiu de um momento ruim do adversário, usou de seriedade, em nenhum momento menosprezou o futebol brasileiro. Isso chama-se aula. Temos que tirar proveito, tirar uma lição disso. Por que teve essa pane? Porque enfrentou um time que aproveitou os seus pontos fracos e te enfiou a faca direto. É inadmissível sofrer um gol, como o terceiro e o quatro, com o pessoal tocando a bola como se estivesse brincando de "bobinho". Jamais tinha visto no futebol uma situação como essa. Ainda mais se tratando de seleção brasileira - disparou.

Com uma grande exibição de Schweinsteiger, Khedira, Kroos, Özil e Müller, além de Klose ultrapassando Ronaldo na artilharia das Copas, agora com 16 gols (o brasileiro tem 15), a Alemanha impôs uma goleada impiedosa à Seleção. Além do placar atípico, a partida ainda teve quatro gols em seis minutos. Para os jogadores que estavam em campo e para o técnico Luiz Felipe Scolari, é uma situação difícil de explicar. Mas para Zico, a situação atual do futebol pentacampeão precisa ser vista com atenção, bem como a importância na formação de novos atletas. O galinho revelou o desejo de ver a volta da criatividade e da iniciativa dos jogadores brasileiros.

- Quando se ganha uma Copa das Confederações, o que perdeu não volta chorando para casa como o derrotado de uma Copa do Mundo. Talvez, o Brasil tenha achado que poderia ser a mesma coisa, o mesmo espírito, e não é. Deixar espaço para Camarões, para Chile, não é a mesma coisa que deixar espaço para um time que tem uma compactação boa, uma qualidade muito superior desses jogadores alemães que o Brasil enfrentou na semifinal. Tem que ver o que está acontecendo hoje e o que pode ser melhorado, voltar às raízes da criatividade, da iniciativa do jogador brasileiro. Os olheiros hoje têm uma responsabilidade grande. Tem que apontar o garoto que joga, que trata bem a bola. Está faltando isso - disse.