jogadores do Atlético de Kolkata comemorando o título da Indian Super League (Foto: Punit Paranjpe/AFP)

Acabou a Liga da Índia 2014. Não é o campeonato indiano.... É a Liga. Qual a diferença? Tudo. Toda. Sem comparação. Viajamos quase um dia inteiro para chegarmos do Brasil até a cidade mais industrializada e moderna da Índia: Mumbai. A Bombaim de antigamente, recebeu neste sábado a finalíssima da Primeira Super Liga Indiana.

Mas até a bola rolar no país do Críquete e do Hockey Sobre Grama (também sintético, agora...), muita gente pensou, outros tantos estudaram meios, e finalmente, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo, encontrou o caminho para dar início a uma revolução n único país de grandes dimensões geográficas e populacional do mundo, que ainda não havia mergulhado de cabeça no futebol.

A Índia foi o objetivo da IMG, que ao lado de uma potente empresa de eventos local, a Reliance, e a maior rede de TV da Ásia, a Star, criaram a Indian Super League. No espaço de repouso do campeonato nacional indiano, denominado I - League, criou-se um torneio de exatas 10 semanas. 60 jogos, com 8 equipes, representando 8 capitais na Índia. Equipes que até então não existiam. Com nomes desconhecidos, e sem torcida.
E as 40.000 pessoas que lutaram por cada ingresso disponível dessa finalíssima, mesmo sem ter um clube da cidade de Mumbai envolvido na partida, foram parte de uma estatística que deixou muita gente no mundo da bola, boquiaberto. Aqui no Estádio D. Y . Patil, moderno, e feito para receber jogos de críquete, percebe-se algo incrível: o presidente da FIFA, estava coberto de razão, quando disse que a Índia era "um gigante adormecido no futebol".

Nem Joseph Blatter, nem ninguém, em sã consciência, poderia imaginar, que uma equipe de Calcutá, localizada há exatos 1998 quilômetros de distância de Mumbai, poderia receber tanto apoio e calor humano de torcedores que nada tem a ver com a equipe. Muito menos os adversários do Kerala Blasters, time que viajou quase 600 quilômetros até aqui, receberia em Mumbai, tantos aplausos e "olas" entre a torcida.

Enfim: um espetáculo.

A barreira de 1.500.000 torcedores durante esses 60 jogos da Indian Super League, foi alcançada. O futebol indiano vive seu maior momento, com a transmissão de TV dessa final, sendo feita para mais de 80 países. Em direto! Mesmo sem que os dois melhores times tenham chegado à final.

Nos pontos corridos,a fase classificatória, trouxe o time do brasileiro Elano (ex-Santos, Grêmio, Flamengo e Seleção Brasileira), ao primeiro lugar: o Chennayin FC. Em segundo lugar, mais brasileiros despontaram: o Goa F.C., treinado por Zico, e com André Santos ( ex-Flamengo, Arsenal e Seleção Brasileira) em campo, com um ponto de diferença do Chennayin FC. Mas foram os dois times , mais defensivos, e mais
interessantes da liga, que disputaram o título.

O Kerala, dirigido pelo ex- goleiro do Liverpool, David James, que atua e treina a equipe simultaneamente, tem em um canadense de nascimento, Ian Hulme, sua maior esperança de gols. Já o Atlético de Kolkotta( ou Calcutá ), fez o maior acordo de intercâmbio da Índia, assinando um contrato de desenvolvimento de seu futebol com o Atlético de Madrid.

Liderado pelo ex- meia colchonero, Luis Garcia, e com mais quatro espanhois (Josemi, Jofre Mateu, Borja Fernandez e Arnal Llibert), o time foi o pior nas semifinais e na final, futebolisticamente falando.

Treinado pelo também espanhol Antonio Habas, o Atlético de Kolkota, sofreu durante os 90 minutos uma pressão, que às vezes parecia inacreditavel o gol do Kerala não acontecer.

Fato é que o MVP do jogo, o melhor da partida, foi exatamente

o goleiro do Atlético: Apoula Edel Bete, nascido em Camarões, mas de nacionalidade Armênia. Pressão, a ponto de uma defesa milagrosa do goleiro camarones-armeniano, ter sido alvo de palmas dos atacantes adversários. A posse de bola do Kerala alcançou , no primeiro tempo, nada menos que 76% porcento do total.

Mas, quando tudo indicava, que o jogo seria uma repetição da semifinal, entre o time de Zico,o Goa F.C. e o Atlético Kolkata, com prorrogação e penaltis, a multidão no estádio de Mumbai foi ao delírio, a poucos segundos do árbitro Ravshan Irmatov, do Uzbequistão apitar o fim da partida. Corriam 94 minutos de jogo. E no último lance, quando o árbitro da FIFA, já olhava seu relógio e dava orientações aos seus bandeirinhas, o escanteio a favor do Kolkata, surpreendeu a todos.

Uma ação, para delírio de todos, exclusivamente indiana: após o cruzamento, por detras de dois zagueiros, o atacante indiano Mohammed Rafique, que havia entrado em campo poucos minutos antes, toco de cabeça , sem chance, para o goleiro-treinador, David James. Gol da vitória, gol do título, sem dúvida: gol para o futebol Indiano e seu futuro. Faltaram brasileiros nessa final. Nenhum brasileiro pelo Atlético, e os dois que atuam pelo Kerala, o atacante Pedro Gusmão e o defensor Erwin Spitzner, não foram utilizados pelo treinador. Ambos pertencem às categorias juvenis do Atlético Paranaense.

O único brasileiro dessa finalíssima estava fora do campo: Elano, que , atuando pelo Chennayin, seria premiado após o jogo. com maior artilheiro da Liga. Com 8 gols, 3 à frente do segundo colocado, Elano, ao receber o troféu, surpreendeu: decidiu dedicar o calor do prêmio, ao fundo de desenvolvimento do futuro do futebol indiano. O meia brasileiro foi aplaudido de pé , por milhares de indianos que assistiam a cerimônia de encerramento.