O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) enviou nesta quarta-feira à Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) uma recomendação para que todos os jogos do Campeonato Carioca sejam realizados com portões fechados, sem torcida, até que os estádios tenham um novo laudo de segurança. A recomendação foi enviada após a Ferj liberar a venda de cervejas nas partidas do campeonato.

De acordo com o MP-RJ, os laudos de segurança dos estádios do Carioca foram emitidos antes do início do campeonato e antes que a venda de bebida alcoólica fosse liberada. Por isso, o MP-RJ quer que uma nova análise da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária seja feita para assegurar que os torcedores estarão seguros durante as partidas, agora, que cervejas passarão a ser comercializadas.

A recomendação foi enviada no início desta tarde à Ferj. Foi dado à entidade um prazo de 24 horas para que ela responda o MP-RJ e informe se vai acatar o pedido dos promotores. Segundo o MP-RJ, caso a recomendação não seja cumprida, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, pode ser destituído.

“A pena prevista para o descumprimento da recomendação é a destituição do presidente da Ferj e do presidente do clube com mando de jogo, por meio de uma Ação Civil Pública que poderá ser proposta pelo MP à Justiça”, informou o MP-RJ, em comunicado.

A liberação da venda de cervejas em estádios do Carioca foi confirmada pela Ferj na segunda-feira. A medida visa a atrair mais pessoas aos estádios e faz parte de uma antiga queda de braço entre clubes, federação e o MP-RJ.

Em 2008, a Ferj assinou um Protocolo de Intenções com o MP, o qual proíbe a venda de bebidas nos estádios. Independentemente disso, a Ferj divulgou regras para a venda das cervejas.

A comercialização de cerveja terá algumas regras especiais em relação aos horários. Os clubes mandantes terão a liberdade de vetar a venda, se assim desejarem. O horário da venda será de até duas horas e quinze minutos antes do jogo e durante o intervalo.

Os ambulantes não poderão circular com o produto nas arquibancadas. Somente bares ou pontos de venda terão autorização para vender a bebida alcoólica. O modelo segue o padrão praticado na Europa. Após o apito final, também fica proibida a comercialização.

O anúncio não agradou o MP-RJ, que abriu um inquérito para investigar o assunto. A promotora Luciana De Jorge Gouvêa, da 4ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Capital, é a responsável pela investigação.

Procurada pelo UOL Esporte nesta tarde, a Ferj ainda não se pronunciou sobre a recomendação do MP-RJ.