Casagrande considera invasão um crime social e pede punição de envolvidos (Reprodução SporTV)

A invasão de um grupo de torcedores do Fla ao vestiário do Macaé, no estádio Moacyrzão, antes do partida entre Flamengo e Macaé pela primeira rodada do Campeonato Carioca, no último sábado, foi debatida no programa "Bem, Amigos!" desta segunda-feira. E o comentarista Casagrande pediu que os atos violentos e crimes que acontecem no cotidiano e nos estádios de futebol sejam encarados e punidos da mesma forma. O ex-jogador ainda indagou por que os torcedores que aparecem nas imagens ainda não estão presos.

- Vai ter um início de mudança só quando a lei encarar os crimes ou atos violentos ou agressões que acontecem em campos de futebol como crime social. Enquanto ficar separado, você mata um cara na rua vai preso, você mata um cara dentro do estádio é briga de torcedor. Enquanto a lei continuar separando os atos que acontecem na rua com os atos que acontecem dentro de um evento esportivo, dentro de um evento musical, de um evento qualquer, não vai resolver nada. A lei tem que ser a mesma para o que acontece na rua, dentro de um cinema, estádio, teatro, um evento musical. É crime social. Aquilo que eles fizeram foi roubo, vandalismo, agressão, bandidagem dentro de um estádio de futebol. Não tem as imagens? Aquelas pessoas tinham que estar pressas agora. Não é esperar para ver o que vai acontecer. Foi em um campo de futebol parece que tudo vale menos. Eu acho isso incrível. Eu não consigo acreditar que ainda em um país como o Brasil aconteça uma coisa dessa - disse.

Após a invasão, o goleiro Ricardo Berna, do Macaé, exibindo um corte no queixo, fez um discurso emocionado e revoltado para as câmeras de TV, quando mandou um recado direcionado para CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O camisa 1 disse que o futebol brasileiro está "uma vergonha" e pediu punições.

O apresentador Galvão Bueno comentou o caso e também pediu uma punição rigorosa ao culpados pelo incidente e lembrou o bate-boca que envolveu dirigentes e o presidente da federação do Rio de Janeiro antes do início do campeonato.
- É um ato de uma selvageria que não há palavra, que posso explicar. A que ponto nós chegamos? O Ricardo Berna está completamente correto (...) É muito mais importante tomar providências quanto a isso do que o bate-boca de baixo nível que existiu no Rio de Janeiro essa semana, envolvendo presidentes, presidente da federação. Isso não pode acontecer. Tem que existir uma punição séria, dura, rigorosa, definitiva. Porque isso é uma atitude selvagem - criticou.

Também presente ao debate, o jornalista Marco Antônio Rodrigues considera que a certeza da impunidade permite que atos como esse se repitam no futebol brasileiro.

- Isso foi um ato de bandidagem. Faz tempo que o futebol faz parte da vida da sociedade, das pessoas, é exemplo para as crianças. Todo mundo está vendo. Futebol hoje é um espetáculo da televisão (...) Está na casa de todo mundo. E esses atos chegam para todo mundo. O exemplo vem de cima. Quando o mau exemplo vem de cima, mau exemplo fica embaixo também (...) A torcida visitante entra no vestiário do mandante para fazer o que fez é porque tem certeza da impunidade, tem certeza de que não vai acontecer nada - disse.

A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) divulgou no início da noite desta segunda-feira a súmula da partida. No documento, o árbitro Rodrigo Carvalhaes relata que foi informado 15 minutos antes do jogo sobre a confusão pelo delegado da partida Marcelo Viana, que também é diretor de competições da federação. A torcida do Flamengo é apontada como culpada pela invasão e furtos de objetos dos jogadores do Macaé e pela agressão a Ricardo Berna.