Argentinos, loiros e cabeludos, Doval (à esq.) e Herrmann se assemelham apenas fisicamente (Foto: Editoria de Arte)
Argentinos técnicos e raçudos, loiros, cabeludos, torcedores do San Lorenzo e campeões pelo Flamengo. As semelhanças entre o atacante Narciso Doval, ídolo dos gramados nos anos 70, e o ala-pivô Walter Herrmann, craque das quadras e recém-chegado à Gávea, não são poucas, mas se restringem apenas à aparência e ao desempenho com as bolas nos pés e nas mãos. Nascidos no mesmo país, mas em cidades e épocas distantes, os hermanos rubro-negros dificilmente seriam parceiros se o bicampeão carioca pelo clube em 1972 e 74 ainda estivesse vivo. Falecido em 1991, vítima de um ataque cardíaco, Doval, também conhecido como Diabo Louro ou El Loco, fazia estragos nas areias de Ipanema e na noite carioca dos bons tempos das discotecas. Já seu compatriota, que nem apelido tem, é tímido e praticamente não é visto fora do clube, prefere a companhia da mulher Elena, com quem é casado desde 2006, às festas embaladas com muito pagode, samba e funk, ritmos preferidos de nove em cada 10 esportistas do Rio de Janeiro.
Nascido 35 anos depois que o atacante que marcou 95 gols pelo Flamengo, Herrmann tinha apenas um ano de vida quando ele pendurou as chuteiras e nunca havia escutado seu nome. A "apresentação" aconteceu na sexta-feira, através de fotos e vídeos mostrados pela reportagem do GloboEsporte.com. Apesar de não se achar tão parecido assim com o famoso camisa 9, o campeão olímpico em Atenas -2004, natural da pequena Venato Tuerto, em Santa Fé, que nem time profissional tem, gostou de saber que Doval deu seus primeiros chutes na carreira com a camisa do San Lorenzo.
- Não parece tanto, mas as pessoas costumam dizer que minha filha é a minha cara e eu também não acho. Portanto, não tem problema. Mas gostei de saber que ele começou a carreira no San Lorenzo, que é o meu time de coração. Mas não sou tão fanático assim por futebol, só assisto aos jogos importantes, como a final da Libertadores do ano passado, quando fomos campeões. Na Argentina, só fui ao estádio ver o San Lorenzo jogar duas vezes. É engraçado que aqui já fui ao Maracanã três vezes ver o Flamengo (risos). - contou o camisa 1 rubro-negro, que sem seguida perguntou:
- Ele era bom mesmo?
Tão bom quanto ao ala-pivô tem sido com a bola laranja. Com elas nas mãos, o argentino de 35 anos costuma fazer os mesmos estragos que Doval, que hoje estaria com 47, fazia dentro e fora dos gramados. Segundo maior pontuador do Flamengo na Liga das Américas, com uma média de 17,2 pontos, atrás apenas de Marquinhos, que marca 17,3 por jogo, Herrmann é umas das armas do técnico José Neto na luta pelo bicampeonato da competição.
Herrmann foi "apresentado" ao craque Doval na sexta-feira através de Fotos e vídeos do famoso camisa 9 (Foto: Marcello Pires)
Neste sábado, quando o atual campeão enfrenta o Pioneros de Quintana Roo, às 20h15, no Maracanãzinho, na segunda semifinal da noite - Bauru e Peñarol jogam, às 18h, na preliminar -, Herrmann sabe que o Flamengo não pode cometer os mesmos erros da derrota para os mexicanos por 86 a 81, na fase de classificação, se quiser avançar à final.
- Temos que estar concentrados 100% os 40 minutos da partida. No México, jogamos três quartos muito bons e no último bobeamos, perdemos o foco e a partida. É claro que o time acabou sentindo o desgaste físico no fim sem o Gegê e o Marquinhos, dois jogadores importantes na nossa rotação, mas a equipe deles é muito forte e vai entrar motivada pela vitória na fase de classificação - alertou.
O ala-pivô argentino tem toda razão. Se depender do entusiasmo que o porto-riquenho Manuel Cintron mostrou durante a coletiva de imprensa que marcou a apresentação do Final Four da competição, na sexta-feira, no Maracanãzinho, o Flamengo tem mesmo que se preocupar. Focado apenas na Liga das Américas, o técnico do Pioneros está otimista em voltar a vencer a equipe carioca e levar o time mexicano a mais uma decisão continental.
- Estou muito contente por estar aqui. São quatro grandes times e qualquer um pode ganhar do outro em qualquer noite. Temos que jogar com uma grande intensidade. Nossa vontade de enfrentar uma equipe como o Flamengo é muito grande. Tivemos cinco dias de preparação, sem jogos no Campeonato Mexicano e isso ajudou. É muito importante para nós brigar no garrafão, minimizar os arremessos de três pontos e segurar o jogo de transição. Se conseguirmos brigar pelos rebotes, vamos obrigar o Flamengo a defender e aí poderemos equilibrar o jogo - analisou.
Com a experiência de duas participações na Liga das Américas pelo Atenas, de Córdoba, e importantes passagens pela Europa e NBA, Herrmann tem o antídoto para neutralizar a tática mexicana. Se o primeiro cabeludo argentino a fazer sucesso com a camisa do Flamengo jogava no ataque, o atual aponta a defesa como caminho mais fácil para conquistar seu terceiro título pelo clube carioca.
- O jogo contra o Pioneros é decisivo, e nossa defesa tem que funcionar. Sempre que começamos uma partida defendendo bem, o ataque funciona naturalmente e nosso jogo flui, pois temos muitos jogadores de qualidades. Mas quando defendemos mal, a situação se inverte e o time não consegue jogar. Geralmente essas partidas que seguem parelhas até o fim e nós acabamos nos complicando - afirmou o ala-pivô, que também elogiou Peñarol e Bauru.
O time do Pioneros fez o primeiro treino no Maracanãzinho, local das finais, na sexta-feira (Foto: Thales Soares)
- Conversei muito com o Leo (Gutierrez) no Maracanãzinho após o treino de quinta-feira e eles estão muito motivados. É um time com jogadores experientes, acostumado com esse tipo de competição e que chega confiante para essas finais. Vai ser um jogo muito difícil para o Bauru, que também tem uma equipe muito forte. Acho que são quatro grandes times e tudo pode acontecer nessas duas partidas. Qualquer time confiante é muito perigoso.
Aos 35 anos e há pouco mais de quatro meses morando no Brasil, Herrmann certamente não jogará tempo suficiente para completar os 10 anos que Doval atuou com as camisas de Flamengo e do rival Fluminense no Rio de Janeiro. Com contrato apenas até o fim da temporada, o argentino não esconde sua admiração pelo povo carioca, mas ainda não sabe qual será seu destino em 2016.
- O Flamengo oferece uma ótima estrutura e tudo que me prometeram está sendo cumprido. Temos um grande time, que disputa todas as competições para vencer e isso faz tudo ficar mais fácil. Principalmente a adaptação. A proximidade da diretoria com o elenco facilita o diálogo e também me agrada. Ainda é muito cedo para falar sobre renovação. Tudo vai depender de como a temporada vai acabar para o Flamengo. Estou feliz, mas sempre que se conquista vitórias e títulos fica mais fácil decidir o futuro (risos) - afirmou o argentino, que se rende à torcida rubro-negra e talvez por isso decida permanecer na Gávea por mais algumas temporadas.
- A torcida do Flamengo realmente é impressionante. Cheguei um pouco antes da disputa do Mundial e fiquei encantado com a festa dos torcedores rubro-negros na Arena da Barra contra o Maccabi Tel Aviv. Acho que os méritos das nossas conquistas são 50% do time e 50% da torcida.
O SporTV transmite as duas semifinais e as finais ao vivo e GloboEsporte.com acompanha tudo em tempo real. Os assinantes do Canal Campeão também podem acompanhar no SporTV Play.
Sábado (semifinais)
18h - Bauru (BRA) x Peñarol (ARG) - SporTV 3
20h15 - Flamengo (BRA) x Pioneros (MEX) - SporTV 3
Domingo (3º lugar e final)
18h - 3º lugar - SporTV 3
20h15 - Final - SporTV 2
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