O técnico Dorival Júnior falou nesta quinta-feira pela primeira vez sobre sua demissão do Flamengo, ocorrida no último sábado. O tom da entrevista coletiva, concedida em um edifício na Barra da Tijuca, foi de poucas críticas à atual gestão rubro-negra. O treinador admitiu que ficou surpreso e chateado com a saída, mas nega que tenha sido 'fritado' pela diretoria e diz o relacionamento com os jogadores era bom.

"Natural que eu esteja chateado. Entrei de corpo e alma nesse projeto. Os resultados que tivemos nos últimos cinco meses, equipe melhorando. Aguardava uma composição, recondicionamento, em função do que vinha sendo feito. Fui pego de surpresa, mas entendo a diretoria. O trabalho estava andando a passos maiores do que no início", declarou o treinador, que completou.

"Nunca tivemos atrito. Vocês acompanhavam o dia a dia do clube. Em termos de rendimento, nos últimos quatro, cinco meses, poucas equipes alcançaram esses resultados. Com o Paulo Pelaipe, a relação sempre foi respeitosa também. Todas as coisas que aconteciam ele me passava, como o dia dia no campo, para que mantivéssemos tudo sob controle", destacou Dorival.

A alegação da diretoria foi de que o salário do treinador não estava dentro dos atuais padrões financeiros do clube. Dorival disse que vinha negociando uma renovação de contrato, com redução nos seus vencimentos, mas as duas partes não encontraram um consenso. O treinador também acredita que deixou uma 'semente' e vê evolução no clube carioca.

"Entendo o discurso da diretoria do Flamengo, iniciaram um trabalho no clube, respeitado, mas nós tínhamos um projeto. Abri toda situação possível, gostaria de ter permanecido. Sempre acreditei e confiei no trabalho. Um trabalho moroso, poucos técnicos gostam deste tipo de trabalho. Abraçamos essa situação, de peito aberto, trabalhando no sentido de melhorarmos a equipe do Flamengo. Nas últimas rodadas do Brasileirão conseguimos encontrar o caminho", disse Dorival.

Na visão de Dorival Júnior, mesmo que o Flamengo tivesse conquistado a Taça Guanabara, ele deixaria o comando técnico do clube. O treinador não acredita que a derrota por 3 a 2 para o Resende, de virada, tenha sido responsável pela queda.

"Mesmo em razão da conquista, acredito que não haveria outra posição. A diretoria está seguindo uma linha. Se tivesse continuado, fatalmente daria certo em algum momento. Antes do início do campeonato todos vocês tinham desconfiança em relação ao time, depois todos levaram o time à condição de favorito".