Zinho elogia Jorginho e revela crise que quase decretou a queda do Fla

22/3/2013 08:32

Zinho elogia Jorginho e revela crise que quase decretou a queda do Fla

De volta ao Brasil após descanso com a família, ex-diretor lembra problemas internos: 'Contribuíram muito para que o Flamengo caísse'

Zinho elogia Jorginho e revela crise que quase decretou a queda do Fla
Foram oito meses de trabalho no Flamengo em 2012. Os cabelos brancos se multiplicaram com a ameaça de queda para a Segunda Divisão durante o Brasileiro, lembrada diversas vezes durante a conversa. Ronaldinho Gaúcho e Adriano também deram suas contribuições para a mudança no tom capilar. Os problemas financeiros e a pouca sintonia entre dirigentes deixaram o clube à deriva. Como diretor de futebol, Zinho não pulou do barco. Ele seguiu no comando do departamento mas, com a chegada da nova gestão, deixou o cargo por não aceitar redução salarial e mudança de função. De férias desde o fim de dezembro, Zinho volta à cena.

Depois de viagens com a família para Mangaratiba, mais 20 dias na Europa, outros dez em Miami, Zinho retornou ao Rio na quarta-feira. O sumiço serviu para arejar a cabeça e fazer um balanço do trabalho no Flamengo.

- Por tudo que foi feito dentro do clube, as pessoas contribuíram muito para que o Flamengo caísse para a Segunda Divisão – atestou o ex-diretor rubro-negro, que acredita que sua união com comissão técnica e jogadores foi a tábua de salvação.

Zinho lembra ainda do afastamento dos ídolos que deveriam servir de exemplo, caso de Zico, que não tinha boa relação com Patricia Amorim; das dificuldades financeiras, e da desunião na diretoria. O ex-diretor diz desconhecer a cláusula no contrato de Liedson que estabelecia uma generosa bonificação se o atacante estivesse entre os relacionados para a concentração no mínimo em 70% das partidas da equipe. Na época, Paulo César Coutinho era o vice de futebol.

O ex-diretor condena a exposição da questão salarial no episódio da saída de Dorival Júnior, no último sábado. E lembra que, antes de contratá-lo, pensou em Ney Franco e Jorginho, seu amigo de longa data. Com contrato com o Kashima Antlers, o atual técnico do Flamengo recuou, mas Zinho garante:

- Mais para frente, eu e Jorginho vamos nos encontrar.

Enquanto não reencontra o velho companheiro, Zinho encontrou a reportagem do GLOBOESPORTE.COM na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Não a rua do famoso bairro da Zona Sul do Rio, mas sim uma homônima, em Queimados, na Baixada Fluminense. Cria de Nova Iguaçu, o ex-diretor do Flamengo estava ali para apoiar um projeto social de corridas de rua. Do alto da laje, projetou seu horizonte profissional como comentarista ou dirigente. E mostrou que, depois de Europa e Miami, voltou para sua origem:
- Na Baixada, estou em casa.

GLOBOESPORTE.COM: Onde estava o Zinho desde que deixou o Flamengo, no fim de dezembro?
ZINHO: Dei uma descansada. Peguei a família, viajei, fui dar uma aliviada de toda a pressão que foi o ano de 2012. Foram oito meses intensos, quando me ausentei um pouco de casa. No fim do ano, tomei a decisão de sair em conjunto com o pessoal da nova gestão. Como todos sabem, não houve acordo do que foi proposto para mim. Gostaria muito de permanecer, era um objetivo dar sequência ao trabalho que iniciei. Acreditava que com a nova gestão teria mais condições, tranquilidade para desenvolver o trabalho, mas pensei muito e o que foi proposto não me deixou confortável. Passei Natal e Ano Novo com a família, depois fui para a Europa, fiquei 20 dias, também estava fora no Carnaval. Como não estava empregado, decidi me ausentar. Não adiantava ficar indo para jogo, aparecendo, não estava nem com mente para isso. Curti bastante, também fiquei 10 dias em Miami, onde morei por muito tempo. Agora, estou de volta. Cheguei na quarta-feira, estou fresquinho de Rio de Janeiro.

Antes mesmo de assumir a função de diretor, você já previa que seria difícil trabalhar no Flamengo. Qual o balanço da primeira experiência como diretor de futebol de um grande clube?
Foi válida, não me arrependo. Primeiro porque é Flamengo. Desde que me sinto seguro para realizar um trabalho no clube onde me criei, de maneira alguma penso que tomei a atitude errada. Mas, realmente, foram muitos problemas. Por diversas vezes fiquei muito sozinho, principalmente na reta final, um período no qual a equipe teve muitas dificuldades técnicas. Por tudo que aconteceu desde o início do ano, quando eu ainda não estava, mas o Campeonato Carioca, a sequência da Libertadores, a troca de treinadores, saída de jogadores importantes. Cheguei no momento da saída do Ronaldinho. Enfim, o grupo muito mal preparado para o Brasileiro, com a condição financeira muito ruim para buscar peças, contratar jogadores de peso. Culminou de ser um ano muito problemático. Mas, para mim, foi um aprendizado incalculável, uma escola. Para a sequência da minha carreira, posso pegar um problema igual, mas pior do que aconteceu, impossível. Você vendo uma diretoria desunida, um clube com problemas financeiros. Os atletas desconfiavam de vir jogar aqui. Os grandes ídolos estavam mal, eram para ser os exemplos, e não estavam sendo. Tudo de ruim aconteceu, mas, para mim, o saldo foi positivo, pois o torcedor e pessoas sérias do clube viram meu trabalho. Até hoje, na rua, a receptividade é muito boa. Por tudo que aconteceu no Flamengo, eu saí pela porta da frente, sem nenhum tipo de arranhão. Posso ter cometidos erros, assim como tive acertos, mas tudo dentro de sinceridade, honestidade e respeito. Tenho a consciência tranquila.

Como ex-jogador do clube, dirigente, e companheiro de Jorginho, o que achou da contratação para ser o treinador?
Muito boa. Jorginho é um amigo, jogamos juntos no Flamengo, fomos campeões da Copa União em 87, campeões do mundo pela Seleção (em 94), temos uma ligação muito forte. Nossa amizade continuou pós-futebol. Acredito que, da nova safra, Jorginho é um dos melhores treinadores que o Brasil tem. A contratação foi muito acertada. Não gostaria de ver a saída do Dorival, que foi uma pessoa muito séria, competente, com quem tive o prazer de trabalhar, e que me ajudou muito. Dorival aceitou o desafio, chegou num clube no qual o elenco já estava formado, com dificuldades para fazer contratações. Tivemos que recorrer a jogadores que estavam na Segunda e foram fundamentais (Cleber Santana e Renato Santos). Por tudo que foi feito dentro do clube, as pessoas contribuíram muito para que o Flamengo caísse para a Segunda Divisão. O torcedor tem que respeitar o Dorival, ele foi peça importantíssima contra o rebaixamento. Infelizmente, com a nova gestão, pelo que tenho visto, dizem que ele saiu por causa do salário.

Você teve alguma participação nessa negociação de salário do Dorival?
Participei das reuniões. O Dorival foi uma indicação minha, eu quis trazer. Naquele momento, era o nome do mercado, além de ser competente. Sobre a parte financeira, eu estava ali, escutei, mas ficava mais por conta do Michel Levy (então vice de finanças), com aval da Patricia Amorim, que era presidente, e dos outros vices também. O Coutinho ainda era o vice de futebol. Então, foi uma participação de todos para fazer o contrato. Às vezes, você cede alguma coisa, mas tinha a necessidade. E o salário não é muito diferente do mercado. Foi acertada a contratação do Dorival, ele montou essa base que está aí. Teve a saída, fico triste, pois é um profissional de altíssima qualidade, merece ser respeitado. É ruim ficar divulgando salário, falando “Ah...”. Não vai ficar mais, não fica, acabou. Não acho legal essa conduta, principalmente pelo homem, a pessoa que ele é. Fica parecendo tudo na conta do treinador. Já que ele não ficou, foi acertadíssima a escolha do Jorginho. Foi um nome que eu quis trazer.

Antes do Dorival, você tentou concretamente o Jorginho?
O Dorival estava empregado no Internacional. Um outro nome em que pensei foi o do Ney Franco, que estava na Seleção sub-20. Os três nomes que eu queria eram Jorginho, Ney Franco e Dorival, com quem não cheguei a fazer contato, pois estava no Inter, ganhava bem e não tinha como sair. O Ney Franco, eu sondei, ele disse que tinha o compromisso na Seleção e não tinha como ser liberado. Para minha surpresa, passou um tempo, e ele foi para o São Paulo. Para o Flamengo, ele não pode, mas, para o São Paulo, ele foi. Respeito a opinião do profissional, ele vai para onde quer ir, mas não era bem porque ele não queria sair da CBF, ou não teria ido para o São Paulo. O Jorginho, eu liguei para ele, sabia qual era o salário dele lá (no Kashima Antlers), mas, infelizmente, ele tinha contrato até o fim do ano. Eu não tinha como esperar, era uma coisa imediata, o Flamengo estava correndo sério risco de cair. A gente estava saindo de Vanderlei, Joel, queria buscar algo mais jovem. Jorginho queria vir, o sonho dele sempre foi ser treinador do Flamengo, mas ele não conseguiu se desvincular. Existia uma multa, mas não era só isso. Ele é muito homem, correto, quando assume um compromisso cumpre até o fim. Fiquei triste no momento, pois seria uma parceria muito boa, eu, ele, o Aílton, que também é meu irmão. Todos têm a cara do Flamengo. Não foi para ser naquele momento. Dorival saiu do Internacional, ficou disponível e foi o momento de trazê-lo. E, mais para frente, eu e Jorginho vamos nos encontrar.

1461 visitas - Fonte: Globo Esporte


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