"Pega, mata e come", verso retirado da música Carcará, composta por João do Vale nos anos 60 (Foto: Globoesporte.com)


Um rival cheio de fome e com um caldeirão que promete ferver para se esbaldar diante do mau momento do Flamengo, após a eliminação no Campeonato Carioca, diante do Vasco. Nas mangas do uniforme do Salgueiro estão os dizeres que mostram a "agressividade" do rival rubro-negro desta quarta-feira, às 22h (de Brasília), em seus domínios, o estádio Cornélio de Barros: o Carcará do Sertão, pega, mata e come. A referência é à ave típica da região, que serve símbolo para o clube que tem somente dez anos de profissionalismo e trata o duelo com os cariocas como maior de sua história.

A seu favor, o Salgueiro terá um cenário bem diferente do qual o Flamengo está acostumado a encarar, mesmo em estádio mais modestos do Rio, como em Macaé e em Volta Redonda. Com capacidade para 12 mil torcedores, a expectativa é de que o Cornélio de Barros tenha lotação máxima e com somente 25% de rubro-negros. Na véspera da partida, o presidente do clube pernambucano, Clebel Cordeiro, até provocou dizendo que só tinham sido vendidos 350 ingressos para o visitante, pelo valor de R$ 200. A recepção da torcida, entretanto, mostrou que a promessa é de apoio.

No último fim de semana, dois observadores técnicos rubro-negros trocaram a semifinal com o Vasco pelo duelo entre Salgueiro e Sport, pelo Pernambucano, para colherem informações do rival. E não foram só relatos técnicos que chegaram aos ouvidos da comissão técnica comandada por Vanderlei Luxemburgo. Além do bom time que abriu vantagem de 2 a 0 na busca por uma vaga na decisão, chamaram a atenção a intensidade da torcida salgueirense, que faz até chuva de papel higiênico, como os argentinos, e a má iluminação do estádio. Com o jogo marcado para noite, esta é uma preocupação.

Confira detalhes do Estádio Cornélio de Barros, a casa do Carcará do Sertão (Foto: Cahê Mota)


O clima abafado tem efeitos também no gramado, que é muito seco e duro, conforme reclamou o técnico do Sport, Eduardo Baptista no último final de semana. Dentro de campo, uma das principais armas é o lateral-esquerdo Lúcio, ex-Grêmio e Palmeiras. Morador de Juazeiro do Norte (CE), cidade próxima a Salgueiro, Ronaldo Angelim alertou para os perigos do rival e prevê dificuldades para o Flamengo.

- É uma atmosfera diferente. O calor aqui não é como o do Rio, é bem mais abafado. O Salgueiro tem um time arrumadinho. Eles passaram fácil na Copa do Brasil, foram eliminados na Copa do Nordeste pelo Ceará, que é finalista, e fizeram um grande jogo com o Sport no Estadual. O Flamengo tem que ficar com o olho aberto. Já está, né? Depois de perder para o Vasco, os jogadores ficam com um pé na frente e outro atrás. É bom chegar preparado, não vai ser fácil. O estádio vai estar lotado, e o Salgueiro imagina que o time vai chegar baleado pela derrota. Mas eu sei que uma eliminação assim dá raiva e faz o jogador se superar.

Reinaugurado em 2012, logo após o Salgueiro cair da Série B para C, o Cornélio de Barros será um adversário a mais para o Flamengo. Ali, o Carcará tem fome, o Sport provou disso no último fim de semana, e a manga da camisa já serve de alerta: se der mole, ele pega, mata e come.