26/3/2013 13:39
Blog do Juca: Flamengo: um conflito de interesses que merece explicação
O Flamengo terá eleição para seu Conselho Fiscal nesta terça-feira e, embora ter oposicionistas como fiscalizadores seja sempre desejável, a nova direção rubro-negra merece mais uma demonstração de apoio, tal é o esforço saneador que se verifica nestes primeiros três meses de gestão, certeiro fora de campo.
Dentro de campo os resultados não têm mesmo como aparecer da noite para o dia.
Mas há pelo menos uma situação que precisa ser melhor explicada pelos novos dirigentes da Gávea, sobre a qual o presidente Eduardo Bandeira de Mello já foi perguntado sem ser convincente na resposta, além da natural declaração de boas intenções.
Na área de direitos de transmissão dos jogos do Flamengo há um claro conflito de interesses no comando do clube.
O mesmo executivo que está encarregado de negociar tais direitos, como vice-presidente de marketing do Fla, Luiz Eduardo Baptista, é, em sua bem-sucedida vida profissional, presidente da Sky, a segunda maior operadora de TV por assinatura no país e que tem no futebol seu principal produto, maior vendedora de pagar-para-ver de futebol que é.
Difícil encontrar um profissional da área, seja do grupo que for, incluindo a própria Sky, que não estranhe a situação.
Porque o conflito pode se manifestar, por exemplo, de varias formas, como diz um desses especialistas ouvido pelo blog:
“Privilegiar a Globosat em troca de concessões negociais a Sky, em detrimento do Flamengo; prejudicar a Globosat em troca de vantagens para a Sky, em detrimento do Flamengo; ou ainda conseguir vantagens para a Sky em relação aos outros operadores de TV por assinatura, em detrimento do Flamengo”.
É fácil ver, sem precisar pagar, que em todos estes cenários é o Flamengo que perde.
Existirá um profissional, por maior que seja seu amor ao clube, capaz de prejudicar a empresa que preside para beneficiá-lo?
Se sim, merecerá demissão sumária da empresa.
Se não, não será melhor que o negociador dos direitos do clube seja alguém de fora da área?
Parece razoável pedir, em nome da transparência, que haja respostas categóricas para tranquilizar a nação rubro- negra.
RESPOSTA DA SKY
A atual lei da TV paga impede que a SKY ou qualquer outra distribuidora de TV por assinatura explore diretamente eventos esportivos brasileiros. Portanto, ela está proibida por lei de negociar a compra de qualquer tipo de direitos de transmissão desta natureza.
Desta forma, não faz sentido afirmar que há conflito de interesses uma vez que a distribuidora não pode nem produzir nem explorar conteúdos brasileiros, que são atividades exclusivas das produtoras e programadoras.
Qualquer distribuidora do mercado brasileiro, como a SKY, tem acesso à distribuição de canais ou conteúdos como jogos desde que chegue a um acordo comercial com a produtora/programadora.”
Tréplica do blog:
A Sky, de fato, não pode comprar diretamente, mas faz parte (importante) da cadeia de valor, já que ela vai negociar os direitos com a Globosat.
Portanto, o fato de a Sky controlar as negociações do lado do Flamengo a coloca em vantagem em uma negociacao com entre Globosat e Sky onde ela poderia, em tese, ajudar (ou não) a Globosat na aquisição dos direitos em troca de obtenção de vantagens negociais para a Sky em relação a Globosat (por exemplo com menores preços de programação e aumento da participação da Sky na receita de PPV; ou vantagens nas condições comerciais da Sky em relação à concorrência.
Além disso, a Sky pode estimular canais do mesmo grupo ou ajudar outras programadoras que lhe interessam mais na aquisição dos direitos.
O fato é que a posição ocupada pelo seu presidente na diretoria do Flamengo dá a Sky poder de barganha, acesso a informação privilegiada e vantagens injustas em relação aos compradores de direitos; com a Globosat; e em relação aos outros concorrentes.
No fundo, a questão permanece de que a Sky é impactada diretamente pelas condições comerciais na venda dos direitos do Flamengo.
Portanto, os executivos da Sky (ou de qualquer outro participante da cadeia de valor da mídia) não deveriam ter poder decisório na venda dos direitos do Flamengo.
É, ao menos, o que o blog ouviu de especialistas de empresas diferentes da área, sem que nenhum deles tenha posto em dúvida as intenções e as atitudes do vice-presidente de marketing do Flamengo e presidente da Sky.
1491 visitas - Fonte: Blog do Juca Kfouri
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