É curioso como todas as demissões de Vanderlei Luxemburgo têm algo em comum: o ego dele como protagonista. Ao chegar, no ano passado, o treinador era tranquilo, não costumava responder agressivamente à imprensa e conversava com todos sempre que dava. Estava por baixo, vinha de uma sequência péssima de trabalhos e o ego estava lá em baixo. O tempo passou e ele começou a fazer um excelente trabalho, tirou o time da confusão e botou na semifinal da Copa do Brasil. Então aí a chave virou e o velho vilão apareceu.
Luxemburgo passou a responder com irritação a todos os questionamentos contrários às suas escolhas. Após o 4 a 1 que eliminou o Rubro-Negro no Mineirão não gostou de ser perguntado sobre ter colocado Mattheus. A partir dali, a frase "ele quer me ensinar a treinar time, estou nessa há anos" começou a se tornar normal quando se referia a um ou outro membro da imprensa. O ego inflou demais e ele caiu por tropeçar nas próprias pernas.
O ego do treinador ficou tão grande que ele se sentiu dono da verdade. Passou a aparecer mais por fazer protestos contra a Ferj do que por montar um time organizado. Perdeu a mão por começar a criticar a equipe abertamente e falar menos do Flamengo do que sobre a própria carreira. Era figura frequente em mesas redondas na televisão, o que acabou irritando alguns jogadores. Luxemburgo voltou a ser o Luxemburgo de antigamente, mas sem os excelente trabalhos que o fizeram ser mais do que um técnico e sim uma estrela.
Passagem de Luxa pela Gávea chega ao fim depois de tropeços (Foto: Paulo Sérgio/Flamengo)
Dos treinadores brasileiros que vi trabalhar, Luxemburgo é, de longe, um dos melhores. Tecnicamente entende mais do jogo do que quase todos. O problema é que não sabe ouvir críticas, mesmo que construtivas, porque se sente dono do mundo. Dentro desse ego, acabou se atrapalhando ao se preocupar mais com responder discordâncias do que fazer treinos táticos.
No fim das contas, Luxemburgo sabe mais de futebol do que muitos que estão no meio (seja imprensa, dirigentes ou técnicos), mas isso não foi suficiente para que ele conseguisse fazer um bom trabalho. De novo. Ouvir nunca é demais.
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