O que aconteceu com o Engenhão é vergonhoso. A prova cabal de como o dinheiro público pode ser jogado pelo ralo (ou desviado para bolsos indevidos) sem que se construa algo minimamente decente. Pior: descoberta a lambança, não se consegue nem determinar de quem é a responsabilidade pela obra mal-ajambrada e quem deveria responder pelos erros e pagar os reparos.

Orçado, no plano de negócios do Pan do Rio, em R$ 60 milhões, o estádio acabou custando R$ 380 milhões! E nem assim foi bem-feito. Responsável inicial pela construção, a famigerada Delta (aquela empreiteira ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira) logo pulou fora. E o consórcio formado pela Odebretch e OAS, que assumiu a obra (o mesmo que está refazendo o Maracanã!!!), alega agora que o equívoco no projeto vem da época de sua antecessora. Como num filme policial B, o culpado é sempre o morto...

Fato é que o prefeito Eduardo Paes já admite que poderá arcar com a reforma, pois seu antecessor assinou um termo no qual a prefeitura se comprometia com eventuais problemas relacionados ao projeto. E o que disse César Maia, o antigo alcaide? Alegou que assim como o presidente dos EUA não podia ser culpado pelo atentado às Torres Gêmeas, ele também não se sentia responsável pelos problemas no estádio — contratado, pago e construído em sua gestão. E eu que não sabia que dois aviões tinham caído sobre os combalidos arcos da arena...

Em tempo: o mais assustador foi ouvir dos engenheiros que até um vento mais forte poderia fazer a estrutura ruir. Seria cômico, não fosse trágico.


Original ou lusitano?

A controvertida cobertura do Engenhão, sustentada por quatro arcos (dois estão comprometidos), é inovadora? O arquiteto Carlos Porto, que assina o projeto, garante ter se inspirado em antiga proposta de Oscar Niemeyer para o Maracanã. Já o ex-prefeito César Maia afirma que o novo Estádio da Luz, do Benfica (reinaugurado em 2003), é igual ao do Botafogo e nunca teve problemas porque sua estrutura é vistoriada e sofre manutenções trimestrais.


Que imagem fica?

Grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, podem ser grandes oportunidades para desenvolver cidades e fazer propaganda positiva dos países que as sediam. Isso, claro, se as obras e tudo que as cerca, em termos de infraestrutura, forem bem feitos. Absurdos como esse do Engenhão arranham a nossa imagem e, em vez de ganharmos, corremos sério risco de acabar perdendo. Muito. Que turista terá vontade de voltar, desembarcando em aeroportos de quinta categoria, como os nossos, e sabendo que alguns estádios daqui correm risco de desabamento ao sabor dos ventos?


Pediu, levou

Se Paulo Autuori queria desafios, encontrou um pra ninguém botar defeito. O elenco do Vasco é de uma pobreza franciscana, à altura da atual situação dos combalidos cofres do clube! Virtualmente eliminado das semifinais da Taça Rio, resta ao Gigante da Colina usar o restante do Estadual para que o novo técnico faça uma criteriosa avaliação do elenco e defina para quais posições devem ser contratados reforços, usando o dinheiro da já antecipada venda de Dedé. Só não vale pedir do goleiro ao ponta-esquerda. Embora, na atual conjuntura, tal desejo esteja longe de ser um exagero...


Dupla do terror

Jorginho conseguiu sua primeira vitória dirigindo o Fla, mas o time rubro-negro não jogou bem. Com três minutos, o Bangu já ganhava por 1 a 0, em mais uma falha conjunta da medonha dupla de zaga formada por Alex Silva e Wallace. Quantas lambanças fazem esses dois! Lentos, quase sempre mal colocados, tropeçam nas próprias pernas. Um desastre! Que o nada saudoso Welinton assinaria, orgulhoso.

Boa nova

Se o jovem Michael confirmar o faro de artilheiro demonstrado contra o Macaé, Fred enfim terá um reserva à altura no Flu. Já o Rhayner deveria desistir de vez desse negócio de gol...


À altura

Com o Engenhão interditado e o estádio do Volta Redonda rachado, periga a final do Estadual ser disputada no Aterro do Flamengo, como preliminar do clássico entre os garçons do Porcão e os do Belmonte. Dá-lhe, Rubinho!