É evidente que o Campeonato Carioca não serve de parâmetro para saber se um time tem nível para disputar na parte de cima da tabela no Brasileirão, mas o abismo entre as duas competições vem se mostrando cada vez maior. Prova disso é que Vasco e Flamengo, que tiveram as duas melhores defesas do estadual, agora têm as duas piores da competição nacional. E esse é um dos pontos baixos do clássico que será disputado pelos dois neste domingo, em Cuiabá.

O Flamengo parou na semifinal do Carioca, eliminado pelo próprio Vasco, mas teve a melhor defesa: 10 gols sofridos em 17 jogos, média de 0,6 por partida. Já o Cruz-Maltino, que terminou como campeão, levou 14 gols em 19 jogos e teve a segunda melhor. O Madureira, que não se classificou para as semifinais, levou menos gols (12), mas disputou menos partidas (15), o que leva o Vasco a ter média melhor do que o Tricolor Suburbano: 0,7 gol por jogo, contra 0,8 do Madureira.

No Brasileirão, no entanto, onde os adversários são mais gabaritados do que os clubes pequenos do Rio de Janeiro, a realidade é completamente diferente. Em apenas oito duelos, o Vasco já levou 14 gols, média de 1,75 por jogo, e é a pior defesa de forma isolada. Em seguida vem o Flamengo, com 12 gols sofridos também em oito partidas, média de 1,5 por jogo - empatado com Coritiba e Joinville, não por acaso os outros dois integrantes da zona de rebaixamento além da dupla carioca.

Os treinadores tanto de Vasco quanto de Flamengo já não são os mesmos do estadual. Doriva deu lugar a Celso Roth, que estreia neste domingo; e Vanderlei Luxemburgo saiu para a entrada de Cristóvão Borges, que vai para seu sexto duelo pelo Rubro-Negro. Este, por sinal, não acredita que a culpa seja só dos jogadores de defesa, mas sim de toda a equipe.

- Quando cheguei aqui vi muitas críticas à defesa. Quando um time sofre muitos gols, normalmente colocam a culpa na defesa ou no goleiro. Eu não penso assim. Quando uma equipe sofre gol é porque todos defendem mal. Passamos a treinar e conversamos muito sobre isso.
Mostrei que o time todo precisava defender bem. Estamos trabalhando para ter esse equilíbrio, pois quando uma equipe sofre mais gols do que faz, está no prejuízo. Mas estamos em evolução e sei que vai haver a melhora. Tomara que ela ocorra já neste domingo, porque vai nos dar mais confiança para seguir bem - disse Cristóvão.

Roth, por sua vez, reconheceu a falta de equilíbrio na defesa vascaína. O treinador, além disso, também terá de lidar com o pior ataque do Brasileirão, que só marcou três gols em oito jogos, média baixíssima de aproximadamente 0,4 por partida.

- Se o jogo for de muitos gols, espero que seja para nós. Não vou falar do Flamengo pois não me cabe, mas do Vasco, você tem razão. Sofremos muitos gols. Só foi campeão pois tinha a defesa mais sólida. Temos de melhorar. É muito bom ver futebol bem jogado, como o do Chile, na Copa América, alucinante, acompanhando a torcida, mas ele escapou de perder o jogo (para o Uruguai). São essas coisas que não podemos ter. É bacana numa Copa, mas em um campeonato longo, como o nosso, tem de ter mais equilíbrio - afirmou Roth.

Precisando muito da vitória, Vasco e Flamengo se enfrentam às 18h30 (de Brasília) deste domingo, na Arena Pantanal, em Cuiabá, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro.