Torcedores 'mistos' dividem coração entre Remo e Flamengo

3/4/2013 12:51

Torcedores 'mistos' dividem coração entre Remo e Flamengo

Segundo antropólogo da UFPA, apoiar dois clubes é um fenômeno comum no norte e nordeste do Brasil, que não prejudica a identidade regional.

Torcedores mistos dividem coração entre Remo e Flamengo
O estudante de medicina Guilherme Dias tem duas paixões no futebol: o manto azulino do Remo e as listras rubro-negras do Flamengo. Assim como muitos torcedores da região norte do país, ele encara com naturalidade a manutenção de dois times do coração, já que geralmente os dois clubes não participam das mesmas competições. Este ano, porém, quis a sorte que os times de Guilherme se enfrentassem na primeira fase da Copa do Brasil. E agora, como fica o coração do torcedor?

- É bem dividido. Torço muito pelos dois, mas quando tem que escolher, é o Remo – disse o estudante.

Guilherme conta ainda que, no geral, prefere acompanhar o Flamengo pela televisão do que ir aos estádios do Pará.

- Depende muito do jogo, mas costumo ver o Flamengo pela televisão porque o time disputa competições mais importantes, campeonatos de fora, onde o futebol praticado é melhor.

No duelo da Copa do Brasil, tanto Remo quanto Flamengo procuram a reabilitação após resultados ruins nos campeonatos estaduais. Para o torcedor, é mais fácil que o Remo fique com o caneco regional do que o time carioca, já que os azulinos estão na semifinal do segundo turno do Parazão 2013. Por isso mesmo, ele considera que um resultado negativo na Copa do Brasil seria pior para os flamenguistas.

- Se o Flamengo perder, entra em crise de vez. Pro Remo, a derrota seria um resultado normal. Estive no Mangueirão em 2009, quando o Flamengo venceu, mas esse ano acho que vai dar empate.

Fenômeno cultural

Sendo o antropólogo Romero Ximenes, é muito comum que torcedores do norte e nordeste do Brasil também tenham clubes fora dos seus estados.

- Normalmente, na história do Brasil, os grandes clubes nascem no eixo Rio-São Paulo, então historicamente você escolhia o time nacional, e secundariamente o time local. O perfil do torcedor brasileiro é torcer por vários clubes – explica.

O remista e flamenguista Guilherme Dias concorda com o pesquisador. Além de considerar normal a torcida por mais de um time, diz que desconhece torcedores que apoiem exclusivamente o futebol regional.

- Eu não tenho nenhum amigo que só torça para os clubes do Pará, todos torcem para mais de um clube. Como os times daqui não disputam a série A atualmente, a gente tem que torcer para clubes de fora, para poder acompanhar várias competições. Agora, quando se tem um confronto dos times daqui e de outros estados, o normal é a gente torcer pelos times daqui.

Além dos times do coração, o antropólogo da UFPA também acredita que é normal que torcedores sejam simpáticos a outros times, mesmo que não os apoiem incondicionalmente.

- Existe uma outra categoria de time, que é o “segundo time de todo mundo”. No Pará, diz-se que é a Tuna Luso, em São Paulo é a Portuguesa e no Rio é o América, que tinha torcedores famosos como o Chico Anysio. Com relação a esses segundos times, você não torce por eles, mas não fica ofendido quando eles ganham, até porque, para o torcedor, pior seria se um time rival fosse campeão.

Segundo Ximenes, a antropologia também explica outro fenômeno das arquibancadas: o secador, aquele que, na impossibilidade de apoiar seu time, torce contra o clube rival.

- O secador, não podendo torcer pelas figuras, torce contra pela afinidade com o “inimigo em comum”. Isso remete a uma coisa maior, que é a lógica universal da política. Inimigo do meu inimigo é meu amigo, e por isso existem alianças aparentemente incompatíveis, e grupos que se digladiam se juntam a um terceiro para ganhar do rival. Isso funciona nas aldeias indígenas, na política nacional e no futebol. Nesse sentido, o esporte é um simulacro da guerra.

Romero acredita, por conta disso, que a torcida do clube carioca deve receber um reforço de todos os paraenses que não simpatizam com o Clube do Remo.

- Aqui, todo mundo que for Paysandu vai torcer pelo Flamengo, independente de ser ou não flamenguista. Isso não faz mal enquanto identidade regional. O torcedor carioca do flamengo está fora do alcance do paraense, mas o remista está imediatamente presente – avalia.

1375 visitas - Fonte: Globo Esporte


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