Nixon tenta superar drama de grave lesão: 'A cena não sai da cabeça'

14/8/2015 07:50

Nixon tenta superar drama de grave lesão: 'A cena não sai da cabeça'

Atacante conta detalhes sobre problemas físicos em série pelos quais vem passando, usa Ronaldo como exemplo e trabalha ansiedade e medo para quando voltar em 2016

Nixon tenta superar drama de grave lesão: A cena não sai da cabeça
Nixon, ainda de muletas, sorri para foto no Ninho do Urubu (Foto: Gilvan de Souza /Flamengo)

Os 23 anos de vida ainda não foram suficientes para transformar Nixon num atleta experiente, mas o drama profissional vivido por ele em 2015 está fazendo-o, na marra, dar um salto de maturidade tanto como jogador quanto como pessoa. Há um mês, quando se recuperava de cirurgia no tendão patelar do joelho esquerdo realizada em março para corrigir um problema congênito, o atacante sofreu ruptura do mesmo tendão, desta vez uma lesão bem mais grave, e teve de passar por nova operação que o fará retornar aos jogos do Flamengo somente no ano que vem. Após meses de academia e fisioterapia e alguns trabalhos leve no campo, era o primeiro treino com bola num nível um pouco maior de intensidade. No primeiro chute a gol, ocorreu a lesão, momento que ele descreveu em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.

- A cena não sai da cabeça. No dia eu tinha feito academia, normal, e fui fazer trabalho no campo. Fiz coisas normais, de coordenação, que todo mundo faz. Já vinha fazendo isso. Nesse dia eu fiz esse trabalho e fui fazer um joguinho com aqueles golzinhos pequenos. Depois fomos para o gol grande com os juniores. Não tem como alguém prever algo, a perna estava forte. Eu estava mais cansado do que os outros, porque era muito tempo sem fazer aquilo, e o passe saía mais fraco, o que é normal. A lesão foi num lance em que dominei a bola e automaticamente pensei em chutar para o gol. Quando chutei, rompeu o tendão. Já caí gritando. Dominei, coloquei de lado e chutei, lance normal. Creio que tenha sido o apoio da perna. Não sei explicar. Nunca imaginava. Coloquei a mão no joelho e todos pediram para eu ter calma. A pressão na hora baixou um pouco e passei mal. O carrinho me pegou e me levou até o Dr. Márcio Tannure, que disse na mesma hora que poderia ter rompido - contou.

O problema de Nixon vem desde criança e é no tendão dos dois joelhos, mas somente um precisou de cirurgia. Desde o ano passado o atacante vinha sentindo queimação no joelho esquerdo, mas tratava e conseguia jogar. Piorou no fim do ano, e a operação ocorreu após a disputa de oito jogos em 2015, quando ele não suportava mais as dores. Primeiro passou por um processo de raspagem e retirou um pedaço de osso que incomodava, para liberar o tendão. Na segunda cirurgia, teve de refazer o tendão rompido. E nesse meio tempo, outra preocupação: um quadro de falta de ar fez com que Nixon fosse submetido a uma bateria de exames, mas felizmente não passou de um susto. Muita coisa junta para um jogador só. Mas, com muita fé, ele está firme na recuperação. Apesar de ficar boa parte do tempo com a perna esquerda imobilizada, já largou as muletas e está em processo de ganhar o arco de movimento do joelho. Nixon trabalha a questão da ansiedade e está confiante de que voltará com tudo. E sem medo.

- Não acredito em azar nem em sorte. Creio que Deus tem um propósito para tudo, que Ele não vai querer nos ver sofrer, nos ver mal. Mas isso ocorre na vida de qualquer um. Assim como aconteceu comigo, aconteceu com outros. Muitas outras pessoas passaram por momentos difíceis. Confesso que nunca imaginei que teria de passar por uma operação complexa como essa e que requer tempo maior de recuperação. Estou aprendendo com esse tempo. A gente fica triste porque quer jogar, mas ao mesmo tempo sabe que tem que tratar, cuidar com calma. Graças a Deus está sendo uma recuperação muito boa. Tenho me sentido forte. Meu joelho está mais forte. Após a segunda cirurgia não cheguei com tanto medo para a fisioterapia, porque já sabia como era. Claro que há dor, não vou negar, mas faz parte. Creio que, com os bons profissionais que temos, vou voltar no tempo certo, com calma, e ajudar o Mengão.

Nixon falou mais sobre o drama. Veja a seguir, por tópicos:

Origem do problema:


Meu problema nos dois joelhos vem da infância. Lembro bem quando morava na minha cidade, Juazeiro-BA, eu sentia dores exatamente no ponto onde passei a sentir depois. Na época jogava em escolinha. Tocava com o dedo nos joelhos e já doíam. Mas sumiu, foi rápido, passou. Aí não me preocupei mais. Achava que era uma dor momentânea por causa da fase de crescimento.

Gota d'água para operar:

Na pré-temporada o problema (no joelho esquerdo) começou a me incomodar muito. A gente tentou fazer de várias formas. Eu não participava de alguns treinos mais fortes e ficava fazendo um trabalho específico de fortalecimento para conseguir jogar. Joguei os primeiros jogos do Carioca e depois não consegui mais por causa da dor, que era muita. Passei a não conseguir mais fazer os trabalhos paralelos de fortalecimento também porque sentia muita dor. Foi quando a gente fez o exame, e deu tendinopatia com micro-roturas no joelho esquerdo, e no direito deu só inflamação, porque compensava o peso de uma perna na outra. Precisei operar só a perna esquerda.

Retorno ao campo foi precipitado?

Pelo que percebi no corpo em relação à musculatura, eu estava melhor. Quando comecei a fazer academia, só conseguia pegar 5kg, o que é muito pouco. Disseram que meu processo estava demorando, mas depende de como a musculatura vai evoluir, e cada um tem um processo. Perdi muita musculatura no quadríceps, lugar que me dá força, e só conseguia pegar 5kg com muita dor. Também sentia dor correndo e em alguns movimentos no campo. Quando sofri a segunda lesão eu já estava pegando 25kg com o mínimo de dor possível. Isso já estava dando forma na musculatura da minha perna esquerda. Não imaginava que machucaria de novo, tanto que, no dia em que me machuquei, foi tão rápido que eu não acreditava na hora. Mas fiquei calmo. Não tinha como mudar mais nada. Percebi que tinha machucado porque ouvi o estalo.


Nixon Flamengo Título Campeonato Carioca (Foto: Ide Gomes / Agência O Globo)

Sentimento ao perceber que havia se lesionado de novo:

Quando estava esperando o doutor, coloquei o dedo no joelho e já senti tudo mole, de forma diferente. Ali já entendi que tinha acontecido alguma coisa um pouco mais grave. Fiquei triste, mas confesso que fiquei mais tranquilo do que da primeira vez em que fui operar.

Apoio da família e dos amigos:

Minha noiva estava comigo no hospital, ficou preocupada e chorou, mas acontece. Fiquei preocupado em falar para os meus pais, porque eu já vinha de uma lesão e sabia que eles ficariam nervosos de ver o filho passando por um momento daquele. Depois contei para eles. Tive muito apoio também do meu empresário, Adolfo Costa, e da família dele, dos meus sogros e dos meus amigos. Todos unidos me deram muita força. As pessoas do clube foram muito carinhosas. E tive apoio até de gente que não conheço, pois recebi muitas mensagens nas redes sociais. Isso foi fundamental, porque só quem vive entende. Não é um processo fácil.

Paciência:

A gente tem que procurar formas para não ficar ansioso, pensando muito nas coisas. Sei que é um processo demorado e que requer uma maior recuperação para voltar. Quando me machuquei, disse a todos que não estava preocupado com o dia da volta, e sim com a recuperação. Estou tranquilo e conseguindo esperar. Claro que dá saudade em alguns momentos, quando vê os treinos, os jogos, só que não vou voltar agora. Fico lá torcendo para meus companheiros e me apegando cada vez mais a Deus, porque Ele me dá forças e sabedoria não só para esperar, mas para saber falar no momento certo, porque é difícil. Você imagina tanta coisa e vê que não está acontecendo. Tem que saber esperar, e isso tem me amadurecido bastante. É uma superação. Não vem um fardo maior do que você possa suportar. Sou muito novo e vou ter uma carreira pela frente para viver muitas coisas.

Exemplo fenomenal:

Quando me machuquei, lembrei bem do Ronaldo, pois ele teve lesão parecida. Creio que a dele foi até um pouco mais complexa do que a minha. Ele acabou voltando e sendo melhor do mundo, melhor da Copa, artilheiro, e mostrou perseverança. Passou por tudo aquilo e conseguiu êxito.

Falta de ar e susto:

Depois da primeira operação, comecei a ter sintomas de falta de ar. Quando se toma anestesia para fazer essa operação, às vezes ela gera alguns sintomas, como enjoo e tontura. Comecei a treinar e às vezes sentia essas coisas. Também senti falta de ar e coração acelerado e fiquei um pouco preocupado, porque nunca tinha sentido antes. Imaginei que pudesse ser por conta da anestesia. De todos os exames que fiz, nenhum apresentou nada. Mas teve um que apontou sinusite, e ela gera tontura e deixa enjoado. Só foi isso mesmo. A medicação simples resolveu.

Medo de voltar:

É uma coisa que estou procurando trabalhar bem. É natural que, em casos de lesão, a pessoa tenha medo de fazer o mesmo movimento que causou essa lesão. Mas no dia em que me machuquei eu não estava com medo nenhum. Fui ganhando mais confiança conforme ganhava força. Só quando não sentia a perna tão forte ainda que sentia um pouco de medo. Vai ser um processo longo e creio que vou ganhar confiança para fazer os movimentos. Acho que não vou ter nenhum receio. Tudo vai dar certo.

1174 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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