PEDRO HENRIQUE TORRE/ESPN.COM.BR

A troca de acusações entre duas chapas candidatas à presidência do Flamengo continuou intensa neste domingo. Se dentro de campo o time vem de maus resultados, fora dele há uma guerra política. Enquanto o presidente Eduardo Bandeira de Mello negou ter feito qualquer acordo anterior para não disputar a reeleição e falou que quem afirmou isso é "mentiroso", a oposição rubro-negra rebateu de forma dura.

Em entrevista à "Rádio Globo", Rodolfo Landim, candidato a vice-presidente na Chapa Verde encabeçada por Wallim de Vasconcellos, garantiu que Bandeira firmou o compromisso com seus antigos aliados, falou em traição e ainda fez algumas ironias.

"Esse compromisso existiu, foi criado entre sete pessoas, e o Eduardo era uma delas. O Eduardo tem continuamente na imprensa negado isso. Apesar de ele ter dito que ninguém nunca falou para ele isso, eu pessoalmente cobrei isso na sala dele, cobrei isso na frente de todos os vice-presidentes do Conselho Diretor, quando foi discutido se a gente ficaria unido ou não para as eleições. E tive a oportunidade de dizer isso mais recentemente em um jantar, relembrei a ele tudo que tinha sido um compromisso no passado", afirmou Landim, que acrescentou.

"Quer dizer, no momento que ele vem a público dizer que tudo isso não aconteceu, essa amnésia seletiva do Eduardo, que aliás é uma pessoa que tem uma memória muito boa, eu só posso entender que na verdade essa mentira que ele está falando é uma forma de ele tentar justificar ter traído, muito mais do que um acordo, um princípio básico do núcleo que o elegeu, que o colocou na presidência do Flamengo".

O racha polítco entre Eduardo Bandeira de Mello e Wallim de Wasconcellos, que formaram a Chapa Azul e derrotaram Patrícia Amorim na eleição do fim de 2012, teria acontecido por desentendimentos e pela quebra deste suposto acordo. Com isso, foi formada a Chapa Verde, de oposição, que conta também com Luiz Eduardo Baptista, o Bap, além de Wallim e Landim, todos que tiveram participação importante na administração do Fla nos últimos anos.

Rodolfo Landim, que foi vice de planejamento da atual gestão, atacou a postura de Bandeira no imbróglio sobre a eleição presidencial.

"Nosso princípio é 'tudo pelo Flamengo e nada do Flamengo'. Esse sempre foi o princípio e é o princípio da Chapa Verde. Então, não existe como a gente tentar associar a imagem de uma pessoa a um trabalho que foi feito por uma grande equipe. Toda vez que a gente tem identificado como um grande salvadro da pátria, alguém que começa a trazer para si todos os louros de uma administração que na verdade não foi feita por uma pessoa só, e é o que ele está fazendo, acaba dando nisso. A gente já viu o que acontece com governos quando são reeleitos e fazem acordos com práticas do apssado e atores distintos e que na verdade não tem dependência para tocar adiante o seu projeto de governo. Isso acontece com governos, com clubes", disparou Landim, que voltou a reafirmar a existência do acordo para Bandeira não disputar a reeleição.

"Esse acordo existia, não foi escrito, é um acordo entre pessoas supostamente de bem, em que ficou claríssimo. É óbvio que hoje tem várias pessoas dentro do Conselho Diretor, que o Eduardo trouxe para o Flamengo, que dizem que nunca souberam desse acordo. Claro, elas não foram parte desse acordo. Grandes acordos não se faz com sargentos ou soldados, se faz entre generais".

Na conturbada eleição rubro-negra marcada para o próximo dia 7 de dezembro, na Gávea, três candidatos estarão na disputa para comandar o clube no próximo triênio 2016-17-18: Eduardo Bandeira de Mello, Wallim de Vascocellos e Cacai Cotta. A chapa vencedora terá 48 cadeiras no Conselho de Administração e 120 cadeiras no Conselho Deliberativo. A segunda colocada consegue 12 vagas no Administração e 30 no Deliberativo. A chapa que ficar na terceira posição não tem direito a nada.