Lógico que nada deve ser descartado. O público de 30 mil pessoas numa abertura de temporada é raro, digno de aplausos, mas cabe lembrar que a Primeira Liga oferece descontos inteligentes, algo que a maioria das federações jamais ousou fazer. Impasse jurídico a parte, estádio cheio é trunfo na avaliação da opinião pública. Como foi esperto abrir o evento com duelo entre dois arquirivais. Haveria divulgação, interesse, discussão e gente no Mineirão. Não era um jogo qualquer, como disse, antenado, Muricy Ramalho. Galo x Fla nunca é um jogo qualquer.

No campo, um tempo para cada um, com a diferença de que o Atlético, melhor no primeiro, não foi tão superior quanto o Flamengo, no segundo. Quanto teve chance de sair à frente, o Galo não aproveitou. A linha de três com Patrick, Dátolo e Geovani Augusto era irregular. E faltava intensidade ofensiva. O time corria, mas não sufocava. O Fla tinha tempo para pensar, dar estocadas tímidas e pensar no que fazer na etapa final.

Muricy mudou a postura do time. Adiantou a marcação. Fez Emerson correr sempre na direção do gol, liberando-o de secretariar lateral. Algo que Guardiola fez com Robben e Ribery no seu primeiro ano no Bayern. Arão se apresentava, os laterais passavam, e o Galo não se encaixava. Diego Aguirre demorou a reagir. Até que Marcelo Cirino entrou e incendiou o jogo. E ajudou Guerrero a acabar com seu purgatório de 157 dias (10 jogos) sem marcar. Dois gols. Como soube sempre fazer.

Um resultado normal. Mas que não permite nenhum diagnóstico definitivo. Para ninguém. Nem para quem ganhou, nem para quem perdeu, assim como para a Primeira Liga. É tempo de observações. Conclusões, sempre há quem queira fazê-las. Difícil resistir ao jogo da adivinhação.

27/01/2016 (Primeira Liga): Atlético Mineiro 0 x 2 Flamengo (Paolo Guerrero-02)

Ledio Carmona