A irritação de Oswaldo de Oliveira com o time do Flamengo (Foto: GETTY IMAGES)

O técnico Oswaldo de Oliveira, sem clube desde que foi demitido do Flamengo em novembro do ano passado, esteve no Seleção SporTV na última sexta-feira e foi perguntado sobre “reciclagem” dos treinadores brasileiros. Indagado pelo comentarista do SporTV Carlos Eduardo Lino se tinha feito algo nesse tempo longe da beira do gramado, o técnico campeão brasileiro (1999) e do Mundial de Clubes (2000) pelo Corinthians disse ver como “modismo” o fato de muitos brasileiros fazerem estágios e cursos no exterior.

- Estava doido para você me perguntar isso (risos). Sabe porquê? Porque nunca parei de estudar. Agora está na moda, você parou de trabalhar um pouquinho aí vai para a Europa. Estudei a minha vida inteira, tenho 40 anos de profissão. Passei 22 anos fora do Brasil, é claro que não trabalhei na Espanha e nem na Inglaterra, fui várias vezes a esses centros, mas sempre tive contato com treinadores e jogadores do mundo inteiro. Trabalhei no Japão, Catar, Emirados Árabes e Jamaica, e esses países levam treinadores e jogadores do mundo inteiro. Treinadores portugueses, espanhóis, alemães, australianos, coreano, da Bósnia... Em todos esses centros nós fomos adversários, fomos amigos, nos encontrávamos, então sempre houve essa relação. Nunca parei de estudar, nunca parei de pesquisar. E hoje é muito mais fácil com a internet. Hoje, ainda a pouco, estava aqui esperando o programa e as pessoas me mandam treinamentos, formas de trabalho, de administração, tudo isso. De repente virou a solução da lavoura ir para a Europa fazer estágios.

Para Oswaldo, a mudança mais significativa no futebol moderno foi a intensidade da partida, o que trouxe novas circunstâncias a treinos e atividades.

- A intensidade do jogo foi muito aumentada. Em 2003, quando o Parreira promoveu o primeiro Footecon no Rio de Janeiro, apresentei um trabalho que envolvia tudo isso que a gente considera hoje como atualíssimo, só que com outra nomenclatura. E que vejo hoje sendo desenvolvidas e postas em prática pela maioria dos clubes brasileiros.

Um dos exemplos citados por Oswaldo quando à mudança tática foi a cobrança de lateral. Ele destacou que, ao ver a atitude dos jogadores em campo, implantou o que já trabalhava antes no Catar, e que agora a maioria dos clubes brasileiros utiliza.

- Uma coisa que sempre abordei muito é a questão do arremesso lateral. Quando retornei a primeira vez do Catar e cheguei ao Brasil, fui trabalhar no Santos como auxiliar do Vanderlei (Luxemburgo). A gente via o arremesso lateral ser batido e as pessoas respeitarem, ninguém atacava o adversário, as pessoas esperavam o cara atacar para depois reiniciar o jogo, como se fosse fair play. E aquilo me espantou muito porque a gente já fazia isso de forma diferente lá no pequenininho Catar, que vai sediar uma Copa do Mundo.

E tentei mudar isso. E à medida que ganhei experiência e me tornei treinador, o arremesso lateral passou a fazer parte integrante do meu trabalho como arma de ataque e também como parte para você inibir o adversário de usar como arma de ataque. E hoje vejo com muita satisfação quase que unanimemente todos os clubes usando isso, que lá em 1997 ninguém prestava atenção - concluiu.